Não há dúvidas de que Call of Duty foi uma das grandes motivações para que essa transação ocorresse. A franquia de tiro é lançada anualmente desde 2005, e nunca deixou de ser campeã absoluta de vendas, seja liderando o ranking de jogos mais vendidos do ano ou então em microtransações.

Nas mãos do Xbox, as coisas podem ser um pouco diferentes. A franquia pode deixar de ser anual, algo que já vem sendo apontado por rumores, ou pelo menos passar a ser desenvolvida apenas pelos estúdios principais, liberando outros desenvolvedores para tocar projetos diferentes.

Vale lembrar que a Activision é, na verdade, Activision Blizzard. A Blizzard é um dos maiores estúdios de games para PC, com franquias que moldaram a plataforma, e essas também estão inclusas no acordo.

O RPG sombrio Diablo é um enorme sucesso dos computadores que também se tornou grande nos consoles. Será que vamos ver Diablo IV saindo direto no Xbox Game Pass?

Uma das franquias clássicas da Activision, o game de skate Tony Hawk’s Pro Skater teve uma era de ouro na década de 90, passou pela saturação nos anos 2000, e recentemente voltou com força em um excelente remake dos dois primeiros títulos, lançado em 2020.

A Vicarious Visions, desenvolvedora do elogiado remake, sofreu um pouco nas mãos da Activision ao ter sido adquirida pela publicadora e relegada a auxiliar a Blizzard em seus projetos. Nas mãos do Xbox, é possível que o estúdio volte a tocar seus próprios trabalhos novamente.

Warcraft está em um limbo meio estranho. A franquia de RTS é um dos maiores sucessos do PC, e serviu como base para a criação dos MOBAs como Dota e League of Legends, mas atualmente está abandonada após um remake meia boca. Com o foco da Microsoft no PC, após Age of Empires e Flight Simulator, a saga clássica pode ganhar mais atenção.

Já World of Warcraft continua um fenômeno, mesmo quase duas décadas após seu lançamento. O MMO RPG segue sendo um dos maiores de sua categoria, com fluxo constante de expansões, atualizações e, claro, assinantes obsessivos para curtir Raids com os amigos. Dificilmente a Microsoft mudará algo nesse time que já está vencendo, mas já imaginou se a assinatura do game online se integra ao valor do Xbox Game Pass Ultimate?

Outra franquia clássica da era do PlayStation 1 que voltou com força nos últimos anos graças a ótimos remakes. Crash Bandicoot não só teve seus três primeiros jogos refeitos em uma elogiada coletânea, como também ganhou um quarto game inédito em 2017. Além disso, a franquia ainda tem um derivado de corrida de kart, chamado Crash Team Racing.

Mesmo com o sucesso, a desenvolvedora Toys For Bob foi forçada pela Activision a trabalhar na franquia Call of Duty. Se a administração do Xbox realmente quiser aliviar a importância de CoD, deve liberar o estúdio para voltar para a franquia Crash - ou então encarar outros desafios.

Assim como Crash Bandicoot, Spyro é uma franquia clássica do PS1 que ganhou elogiados remakes em uma coletânea de 2018, também desenvolvida pela Toys For Bob. Apesar disso, o dragãozinho roxo nunca recebeu um game inédito recente que nem o colega marsupial.

Considerando que o estúdio já deu bastante atenção para Crash, quem sabe um título inédito do Spyro não seja a primeira prioridade dos desenvolvedores após a aquisição?

Todo mundo tem uma memória carinhosa de Guitar Hero, uma das mais populares franquias da época do PlayStation 2. A saga, porém, chegou ao ponto da saturação com lançamentos anuais, morreu em 2010, e voltou à vida de cara nova em 2015 com Guitar Hero Live... que foi um enorme fracasso.

De qualquer forma, a compra da Activision Blizzard pela Microsoft já acendeu as esperanças dos fãs de que, um dia, Guitar Hero retorne em toda a sua glória.

Faz tempo que não vemos um novo Starcraft. O último game, Starcraft II: Wings of Liberty, foi lançado em 2010, com uma expansão - Heart of the Swarm - em 2013.

Já é hora de um novo Starcraft? Talvez, e com o foco da Microsoft em criar jogos de PC, é bem possível que isso se torne uma prioridade para os próximos anos.

Vencedor do prêmio de Jogo do Ano de 2016, Overwatch é a franquia mais recente da Blizzard, que já nasceu aclamada. O shooter online é marcado por partidas frenéticas e personagens variados em jogabilidade, mas igualmente carismáticos.

Vale lembrar que uma continuação, Overwatch 2, já foi anunciada e estava prevista para 2022, porém foi adiada para 2023 e passou por uma série de problemas nos bastidores. É esperado que a nova administração ajude a aliviar muitos dos conflitos que aconteciam no estúdio.

Por mais que só se chame Activision Blizzard, há uma terceira empresa nessa parceria: King. Você talvez não conheça de nome, mas apenas saiba que é uma das maiores forças que existe nos jogos mobile. O melhor exemplo disso é o fato de que a King (e, por consequência, a Activision Blizzard - e agora a Microsoft) é a responsável pelo fenômeno viciante que é Candy Crush.

Assim como World of Warcraft, é difícil imaginar que o Xbox mudará alguma coisa nessa fórmula de enorme sucesso.

A Activision não é exatamente uma das publicadoras mais amadas da indústria dos games, e parte disso se dá pelo fato de que uma prática comum da empresa era comprar estúdios promissores, pressioná-los a criar rapidamente e depois dissolvê-los sem maiores explicações. Uma das empresas compradas pela publicadora foi a Sierra Entertainment, uma das maiores criadoras para PC que se viu envolvida em uma série de aquisições, até que acabou nas mãos da Activision em 2008 - literalmente, já que a publicadora encerrou o estúdio.

Isso significa que, além das grandes franquias, a Microsoft agora tem acesso a toda uma biblioteca de títulos esquecidos pela Activision, como Singularity, Return to Castle Wolfenstein e Wolfenstein (2009), Quake: Enemy Territory, só para citar alguns. Mas o mais cobiçado é, sem dúvidas, No One Lives Forever.

Queridinha cult, a franquia de tiro foi desenvolvida pela Monolith (Fear, Sombras de Mordor) e é conhecida pelo seu estilo retrô colorido e pela jogabilidade impecável, considerados dois dos melhores jogos já feitos. Por conta de toda a dor de cabeça na troca de empresas, os títulos não são encontrados oficialmente até hoje, podendo apenas ser jogados através da pirataria. O acordo da Microsoft renovou as esperanças de um relançamento digno, para que mais gente possa conhecer No One Lives Forever.

Na década de 90, Doom se tornou um sucesso imprescindível para os games, e os desenvolvedores da id Software foram rápidos em licenciar o poderoso motor gráfico para outros projetos. Um dos estúdios que se destacou foi a Raven Software, cujos games Heretic e Hexen se tornaram clássicos do FPS por recontextualizar as mecânicas de Doom em uma ambientação de fantasia medieval sombria.

Hoje em dia, nas mãos da Activision, a Raven foi relegada a auxiliar no desenvolvimento de Call of Duty, apesar da reputação de ser um dos estúdios mais brilhantes dos jogos de tiro. Agora, há esperanças de que a Microsoft reunirá os criadores com a franquia clássica - e essas expectativas não são em vão, visto que o próprio Phil Spencer, chefão do Xbox, citou nominalmente Hexen como uma das sagas que a empresa quer resgatar.