A premissa do terceiro episódio é, claro, moldada pelos filmes do Universo Cinematográfico da Marvel, mas sua base é, na verdade, uma HQ. Em 2012, para promover Os Vingadores, a Marvel lançou a minissérie O Triunfo de Fury (ou Fury’s Big Week no original). Com quatro capítulos, o quadrinho acompanha Nick Fury, o agente Coulson e a Viúva Negra preparando o terreno para a grande reunião dos heróis, sendo forçados a proteger Tony Stark, monitorar o Hulk, ou então localizar o Thor. O capítulo da série não só coloca o trio de personagens como protagonistas, como também segue a mesma estrutura narrativa.

O episódio é guiado pelo mistério da identidade do assassino, e os primeiros minutos da trama tentam despistar o público.

Quando a Viúva Negra é presa pela morte do Homem de Ferro, quem se encarrega da prisão é ninguém menos que Brock Rumlow (Frank Grillo) - soldado que eventualmente se torna o vilão Ossos Cruzados.

A aparição dele é feita para levantar suspeitas de o assassino possa ser alguém da SHIELD, resgatando o clima de conspiração de Capitão América 2: Soldado Invernal (2014).

Quando Loki invade a Terra com seu exército, ele pede apenas uma coisa: que os humanos se ajoelhem para ele. Nick Fury, ao melhor estilo de T’Challa em Vingadores: Guerra Infinita (2018), responde de forma bem clara: “Nós não fazemos isso por aqui”.

Já o agente Coulson mira em outra referência, e brinca que o exército invasor não é da Terra, mas talvez da Terra-Média, de O Senhor dos Anéis.

O capítulo é conduzido como um suspense de detetive - ou então um “Whodunit”, como são chamadas tramas de assassinato com vários suspeitos plausíveis.

Com Nick Fury assumindo o papel do detetive, há várias pistas falsas e palpites de quem possa ser o criminoso. Aliás, o episódio chega até a fazer uma referência direta à um clássico do suspense policial: quando Loki invade a Terra com seu exército, o Deus da Trapaça aparece no deserto do Novo México munido com a Caixa do Inverno Eterno

Fury então pergunta “O que tem na caixa?”, uma alusão direta ao memorável final de Seven - Os Sete Crimes Capitais (1995), filme de David Fincher.

Quando enfim é revelado quem é o assassino, trata-se de ninguém menos que Hank Pym, o Homem-Formiga original. Aqui, porém, ele assume o manto do vilão Jaqueta Amarela, para se vingar da SHIELD pela morte de sua filha, Hope Van Dyne.

Em certo ponto do episódio, é possível entender que Pym perdeu a sanidade ao se aventurar pelo Reino Quântico em busca de sua esposa, Janet Van Dyne, que é dada como morta nos sistemas da SHIELD. A troca de manto, inclusive, já aconteceu nas HQs, com Hank Pym assumindo o manto após Ultron, sua criação, se tornar um vilão.

What If…? resgatou alguns rostos do início do MCU, como Betty Ross. Enquanto seu pai, o general Thaddeus Ross, tem presença recorrente desde Capitão América: Guerra Civil (2016), a personagem não é vista desde O Incrível Hulk, de 2008. A animação, porém, não conseguiu trazer sua intérprete de volta: Betty Ross foi vivida por Liv Tyler no longa original, mas quem faz sua voz em What If…? é Stephanie Panisello, atriz conhecida por interpretar Claire Redfield no remake de Resident Evil 2 (2019).

Aliás, esse talvez seja o episódio com mais mudanças no elenco de voz original. A Viúva Negra não é interpretada por Scarlett Johansson, mas sim por Lake Bell (Arlequina); a Capitã Marvel não tem a voz de Brie Larson, mas sim de Alexandra Daniels (Salem); Robert Downey Jr. também não voltou para o papel do Homem de Ferro, com o dublador Mick Wingert assumindo o posto.