Um dos grandes atrativos do segundo episódio de What If…? é poder escutar mais uma vez a voz de Chadwick Boseman como T’Challa. O ator, que definiu a imagem do Pantera Negra no MCU, faleceu aos 43 anos de idade, em decorrência de um câncer de cólon. Antes da fatalidade ocorrer em agosto de 2020, ele já havia gravado sua participação na série, então o capítulo ganha um ar igualmente trágico e emocionante. No fim, ainda há uma tocante homenagem, que diz: “Dedicado ao nosso amigo, inspiração e herói, Chadwick Boseman”.

Reencenando a introdução do Senhor das Estrelas de Guardiões da Galáxia (2016), dá para sentir como T’Challa é diferente de Peter Quill. Ao invés de chegar dançando e curtindo sua mixtape de clássicos oitentistas, essa versão do mercenário é mais séria e focada em seus objetivos. Por conta disso, ele construiu a reputação que Quill sempre sonhou. Quando Korath (Djimon Hounsou) tenta o interceptar, seguindo as ordens de Ronan, o Acusador, o personagem fica honrado de estar enfrentando o lendário Senhor das Estrelas.

Algumas coisas continuam iguais. Nem mesmo a versão especial de T’Challa, longe das cortes de Wakanda, gosta de ser reverenciado. Quando Korath tenta se ajoelhar para o Senhor das Estrelas, o herói se mostra bastante incomodado, o que lembra bastante quando Bruce Banner (Mark Ruffalo) tenta se ajoelhar para T’Challa ao chegar em Wakanda, apenas para ouvir um: “Nós não fazemos isso por aqui”.

Muita coisa aconteceu no MCU durante a última década, né? O que What If…? sugere é que tudo seria muito diferente se o lado cósmico tivesse se resolvido melhor. No caso, T’Challa consegue convencer Thanos (Josh Brolin) a largar seu plano de aniquilação universal apenas com uma conversa honesta e bons argumentos. Claro, o Titã Louco ainda continua achando que estava certo, e passa o episódio todo discutindo que sua ideia genocida não envolvia necessariamente genocídio. No fim das contas, T’Challa consegue fazer com que Thanos vire o que sempre sonhou: um fazendeiro. Dessa forma, esse universo não sofrerá nenhum dos eventos de Guerra Infinita ou de Ultimato, já que o grande antagonista simplesmente desistiu para curtir a vida.

What If....? sempre tenta trazer o máximo de atores de volta, mas alguns ficaram de fora. É o caso de Dave Bautista, que já reclamou publicamente de não ter sido nem chamado para interpretar Drax no segundo episódio da série. Bautista anda lavando roupa suja com a Marvel em seu Twitter, mas a dúvida que fica é: quem, então, acabou dublando o Drax? Na versão original, quem assumiu a função é Fred Tatasciore, um dos mais famosos atores de voz dos Estados Unidos, com mais de 800 papéis entre filmes, animações e videogames.

Yondu (Michael Rooker) pode ter escolhido outra criança terráquea para criar, mas isso não significa que o mercenário azul entende mais sobre a Terra. Ao questionar a prática humanitária de T’Challa, Yondu confunde Robin Hood - o lendário ladrão arqueiro, que roubava dos ricos para entregar aos pobres - com Robin Williams, o grande comediante de obras como Sociedade dos Poetas Mortos, Mork & Mindy, e a voz original do Gênio, de Aladdin.

Na tentativa de invadir o palácio do Colecionador (Benicio del Toro) para roubar os Fragmentos de Gênesis - sementes capazes de nutrir planetas inteiros -, T’Challa dá de cara com sua extensa coleção de artigos exóticos. Muitas já haviam sido apresentadas nas cenas pós-créditos de Guardiões da Galáxia, mas aqui ganham mais destaque, como vários Skrulls, o cachorro espacial Cosmo e, claro, Howard, o Pato, que aqui até ajuda T’Challa em sua missão (brevemente, antes de parar no bar para tomar um drink).

Claro que o sumiço de T’Challa não passaria batido. Anos após o garoto ter sido levado pela nave de Yondu, Wakanda investiu pesado em exploração espacial para reencontrá-lo pelo universo. A busca não teve muito sucesso, mas T’Challa encontra uma das naves com uma mensagem deixada por seu pai.

Aliás, falando no pai de T’Challa, vale pontuar como a situação mudou de vez. Sem a crise nos Vingadores, e sem o trágico ataque terrorista que tirou sua vida, T’Chaka (John Kani) continua como rei de Wakanda (e Pantera Negra, provavelmente) até a sua velhice.

Na hora de sair na mão com T’Challa, o Colecionador exalta seu vasto arsenal, em especial uma poderosa manopla, feita a partir da “carcaça de Kroniano terrivelmente tagarela”. Se trata de ninguém menos que Korg, a criatura vivida por Taika Waititi em Thor: Ragnarok. Nesse universo, porém, ele teve um destino um pouco triste, coitado.

Parece que o Colecionador realmente fez a festa com os vilões do Thor. Ao mostrar seu arsenal para combater T’Challa, além do braço de Korg, ele também demonstrar ter a lâmina de Malekith, antagonista de Thor: O Mundo Sombrio (2013), e o capacete de Hella, a vilã de Thor: Ragnarok. É possível ver também o martelo Mjolnir, do Thor, e o escudo do Capitão América. Sabe se lá como o Colecionador conseguiu juntar tudo isso, né?