Wakanda apareceu pela primeira vez em 1966, no quadrinho #52 do Quarteto Fantástico. Criado por Stan Lee e Jack Kirby, nenhuma explicação oficial da origem do nome foi dada, porém Peter Manseau escreveu um artigo para o Washington Post em 2018 apontando a provável origem do nome.

De acordo com sua teoria, Wakanda tem base com Wah’Kon’Tah, uma entidade mítica de uma deusa cultuada por diferentes tribos das Grandes Planícies. Outras teorias já apontam que Wakanda tenha vindo de “Wakandas”, uma tribo africana fictícia do romance The Man-Eater, escrito em 1915, por Edgar Rice Burroughs, criador do Tarzan.

Já algumas referências etimológicas levantam a língua nativa da tribo queniana Cambas que também é chamada de Akamba ou Wakamba. Além dessas possíveis inspirações, “kanda” significa família em quicongo, idioma falado na Angola, República do Congo e Gabão. Nos quadrinhos, o nome da nação foi dado pelo Orixá Mujaji, conhecido como “aquele que nos nomeou” pelos wakandianos.

O país fictício de Wakanda está localizado na África, porém, o local exato variou ao longo dos anos. Algumas fontes o colocam próximo ao Oceano Atlântico, enquanto outros mapas mostram a fronteira de Wakanda perto do Sudão do Sul, Uganda, Quênia, Somália e Etiópia.

Essa última localização é a mais próxima ao que é visto no Universo Cinematográfico da Marvel. Nele, o país está localizado ao norte do Lago Turkana. Uma característica importante da adaptação para os cinemas de Wakanda é sua fauna e flora. Sem saída para o litoral, cercado de montanhas e selva, essas peculiaridades foram cruciais para manter o país escondido.

Já outro mapa o coloca perto de Nyanza, cercado pelas nações de Mohannda ao norte, Niganda ao sudeste, Azania ao sudoeste e Canaan ao oeste.

A língua de Wakanda é uma das características mais ricas da idealização do país. Nos quadrinhos, são três os idiomas oficiais: wakandiano, iorubá e hauçá. Os dois últimos dialetos são reais, sendo que 50 milhões de indivíduos ao redor do mundo têm o iorubá como língua materna — enquanto no Brasil esse idioma é utilizado em ritos religiosos afro-americanos —, enquanto hauçá é falada por cerca de 83 milhões de pessoas.

No MCU, a maioria dos wakandianos são retratados falando a língua xhosa do sudeste africano. Porém, foi criado um alfabeto oficial de Wakanda para a construção visual do filme. Em Wakanda Para Sempre, diversos escritos homenageando o Rei T’Challa podem ser vistos nos muros do país.

Antes do surgimento da nação de Wakanda, seres anciões conhecidos como Precursores viviam no local. Com ajuda dos Orixás, os humanos foram capazes de expulsá-los para outra dimensão. Desse momento em diante, Wakanda foi construída.

Sua linhagem começa com Bashenga e um meteorito de vibranium. Explorando a região, Bashenga e seu povo encontraram o curioso minério com habilidades peculiares. Não apenas seu material foi útil para construir armas e armaduras como a radiação emitida por ele modificou a fauna e a flora local.

Alguns dos efeitos da radiação, por exemplo, deram aos wakandianos a erva utilizada pelo Culto da Pantera e a carne do Gorila Branco do Culto do Gorila, ambas importantes tribos para a formação da nação de Wakanda. Mas nem tudo foi positivo, alguns membros da tribo foram modificados, se tornando “espíritos demoníacos”.

Bashenga, em busca de uma forma de derrotar esses espíritos, rezou para o Deus Pantera, se tornando o primeiro Pantera Negra e dando início a linhagem de heróis de Wakanda. Ao longo das décadas, dezoito outras tribos foram criadas no país. Escondida do resto do mundo, Wakanda, geralmente, se manteve afastada da política externa. Porém, isso não impediu que tivessem atritos com outras nações, como Atlântida, Genosha, Lemuria dos Deviantes e outros locais.

Com planos de expandir a nação de Wakanda, T’Challa enviou um grupo de exploradores ao espaço, sua missão era encontrar a origem do Mena Ngai, meteorito responsável por levar vibranium ao país da África.

Mas, uma anomalia temporal levou os exploradores ao passado, onde deram início a um império sob o nome de Wakanda no Sistema Vega. Construído por mais de dois mil anos, o império se expandiu por cinco galáxias.

A principal divindade religiosa de Wakanda é Bast, a deusa pantera, que por sua vez é baseada em Bastet, a deusa egípcia representada como uma gata preta. Mas, o país fictício possui uma série de cultos religiosos originários de vários lugares da África. O equivalente ao “panteão” de Wakanda são os Orixás, palavra iorubá para espírito ou divindade.

Algumas dessas entidades são (1) Tot, deus da lua e da sabedoria, (2) Ptá, deus dos artesãos, (3) Kokou, um orixá guerreiro, (4) Mujaji, deusa da chuva do povo Lovedu, além de (5) Sacmis e Sobeque e (6) deuses gorilas adorados pela tribo Jabari.

Ainda vale mencionar Ororo Munroe, a Tempestade dos X-Men, é referida como Hadari-Yao pelos wakandianos, que significa a “deusa que preserva o equilíbrio de todas as coisas da natureza”.

Devido ao isolamento de Wakanda, o país conseguiu se desenvolver sem interferência externa. Narrativamente, os roteiristas utilizam o conceito de afrofuturismo para dar molde a estética e cultura da nação. Através dela, unem tecnologia e cultura africana em um conceito que vai da alta tecnologia até o visual tribal.

Mas, o que permitiu esse grau de evolução foi o vibranium, metal fictício que aparece pela primeira vez no país após a queda do meteorito conhecido como Mena Ngai. Wakanda também possui reservas de carvão, diamante e urânio. Tudo isso colabora para uma autossuficiência capaz de constituir uma importante indústria aeroespacial e tecnologia avançada.

Wakanda sempre foi de grande importância para os quadrinhos da Marvel, mas apenas conseguiu furar a bolha da realidade após o primeiro filme do Pantera Negra, lançado em 2018. Desde então, o universo de Wakanda serviu como uma espécie de “comunidade imaginada” que unem negros diaspóricos — frutos da diáspora africana — sob um mesmo propósito, ideal e estética.

Mas, muito além de “imaginada”, Wakanda até mesmo foi listada como parceiro de livre-comércio em 2019 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Posteriormente, foi dito ter sido um “acidente durante um teste de equipe”, mas apenas prova que Wakanda é mais real do que parece.

A construção visual de Wakanda no cinema é completamente inspirada na realidade. As Dora Milaje, guarda-costas reais, por exemplo, são inspiradas em Ahosi, guerreiras do Reino de Daomé.

Em termos de figurino, Ruth E. Carter se inspirou em vestimentas das tribos Maasai, Himba, Dogon, Basoto, Tuaregue, Turkana, Xhosa Zulu, Suri e Dinca.

Já todo o reino de Wakanda, de acordo com o diretor Ryan Coogler, foi baseado no reino de Lesoto, localizado na África Austral.

A principal adaptação de Wakanda ainda é a do Universo Cinematográfico da Marvel, porém, o país já foi visto em outras obras. No mundo das animações, o reino já apareceu em Quarteto Fantástico dos anos 90, além de Os Vingadores: Os Super-Heróis mais Poderosos da Terra, Vingadores Unidos, dentre outras.

Na série Os Fugitivos, Wakanda é mencionada, assim como em alguns jogos, como Lego Marvel Super Heroes e Marvel vs. Capcom 3. O local também ganhou espaço no jogo Vingadores e em Marvel vs. Capcom Infinite.