Vermelho, Branco e Sangue Azul: Todas as diferenças do livro e do filme
Vermelho, Branco e Sangue Azul: Todas as diferenças do livro e do filme
Romance da Prime Video alterou drasticamente o livro
Baseado no livro de Casey McQuiston, Vermelho, Branco e Sangue Azul é o romance LGBTQ+ do momento. A história de amor de Alex e Henry encanta nas telas, mas deixou alguns fãs com uma pulga atrás da orelha por trazer muitas mudanças em relação à obra original. E, diferente de Heartstopper, nem sempre para melhor.
Confira uma lista de todas as principais diferenças entre o livro e o filme da Prime Video.
Menos política
Por ser uma história entre o filho da mais influente líder democrática do mundo com um herdeiro da monarquia, Vermelho, Branco e Sangue Azul é uma história intrinsecamente política e o livro não foge disso. Pelo contrário, a trama original aproveita a natureza provocante da trama para enriquecer seu drama com necessários comentários políticos.
Infelizmente, com medo de perder uma parcela do público, o longa se afasta ao máximo deste caminho. O envolvimento de Alex na campanha de sua mãe é completamente reduzido a uma montagem e alguns poucos diálogos. Henry não sofre com a pressão militar da realeza e ignora o passado problemático da Coroa na maior parte do tempo, salvo uns breves comentários no final da trama. E assim, o roteiro sufoca o peso de suas cenas mais emblemáticas: a noite de eleição e o conflito contra a Coroa.
Mudanças na família real
Este núcleo ainda sofre com drásticas mudanças no elenco. A mais inofensiva, pensada para adaptar o cenário da história para algo mais atual, é a substituição da Rainha por um Rei (Stephen Fry), para representar a recente mudança na família real britânica.
Outros personagens, como a princesa Bea, tiveram sua participação completamente minimizada, com a remoção da subtrama envolvendo abuso de drogas e boa parte das interações com Henry. No livro, este enredo era um exemplo do controle, dos danos e do peso de ser parte da realeza. Deixa bem claro os riscos que Henry corre ao sair da linha — riscos estes que não existem no filme.
Para piorar, sua mãe, a Princesa Catherine, sequer aparece, esvaziando todo o impacto do embate final, uma vez que a resistência da família real ao romance com Alex passa a ser mínima.
Sem o Trio da Casa Branca
A trama de Alex envolvendo a corrida presidencial passa por baixas ainda piores, mas talvez a mais notável seja a exclusão de June, sua irmã. Além de ser uma das personagens mais carismáticas no livro, protagoniza as cenas mais sensíveis ao lado de Alex, ajudando o jovem em cada passo de sua jornada amorosa e política.
Parte de seus momentos importantes foram transferidos diretamente para Nora, inclusive o romance com Percy, porém a falta de um contraponto emocional para Alex é definitivamente sentida.
Rival gay menos importante
Há um ditado no Twitter que alega que "onde tem gay, não tem paz" - uma alegoria para a desnecessária rivalidade LGBTQ+ dentro da própria comunidade. E no filme, isto se materializa na forma do jornalista Miguel Ramos, que inferniza a vida política de Alex, possivelmente motivado por uma dor de cotovelo.
Contudo, no livro, o lance de Alex é com outro personagem: o senador Miguel Luna, que tem um papel muito mais ativo na trama. Como parte do corpo político, ele tem interesses diretos na campanha da Presidenta Claremont-Diaz e trabalha como uma figura um tanto ambígua. Sua lealdade não é muito clara até o final, o que alimenta a tensão pro clímax da corrida eleitoral.
Encontros diferentes
Os encontros românticos do casal tomam conta da maior parte do filme, mas a maior parte das cenas acontece de forma diferente. No livro, a noite de karaokê acontece em West Hollywood — não no Texas — e tem a presença de June e Bea. Não existe um encontro no torneio de tênis em Wimbledon no filme — a pegação acontece após a partida de polo. E por fim, toda a relação de Henry com Elton John é cortada do filme. O príncipe canta “Can’t Help Falling in Love”, do Elvis Presley, ao invés de “Your Song”, do também britânico e também homossexual Sir Elton John.
Campanha Senador Richards
Enquanto Alex e Henry estão vivendo seu amor com uma série de encontros escondidos, a disputa entre a Presidenta Claremont-Diaz e seu rival, o Senador Jeffery Richards, se intensifica. No filme, tudo o que sabemos sobre o poderoso adversário político da família é seu nome, porém no livro sua importância é muito mais significativa.
A trama da campanha eleitoral é parte integral do desenvolvimento de personagem de Alex desde o início e os esquemas do senador culminam na exposição definitiva do romance com Henry, algo que tem consequências muito mais palpáveis na obra original.
Escândalo dos e-mails e namoros falsos
O grande momento de crise do relacionamento perfeito entre Henry e Alex acontece quando seus e-mails picantes são vazados para todo o mundo. A sequência acontece em ambas as mídias, porém no livro há uma construção de paranoia muito mais consistente. Antes dos e-mails chegarem a público com provas contundentes, vídeos do casal junto viralizam, mudando a sua dinâmica para algo muito mais prudente.
Após serem vistos com uma proximidade suspeita subindo um elevador, Henry finge um romance com June, a irmã de Alex, para despistar a imprensa. O solteiro mais cobiçado dos Estados Unidos, por sua vez, sugere um relacionamento com a Nora, o que satisfaz a sede por fofoca da imprensa, até o fatídico vazamento de e-mails.
Família unida
Uma mudança mais inofensiva foi no núcleo familiar de Alex. No livro, os pais de Alex são divorciados e sua mãe encontrou um novo amor no doce Leo Castalazzi. Seu pai, Senador Oscar Diaz, ainda existe, só tem um papel um pouco mais afastado, que rende momentos esporádicos de interação.
Sem Star Wars
A galáxia tão distante de Star Wars tem um papel central na conexão do casal. Afinal, é uma dos primeiros gostos em comum que ambos compartilham. Eles conversam sobre seus filmes favoritos, personagens favoritos e até mesmo se comparam com Leia Organa e Han Solo, um dos casais principais da saga intergaláctica. Infelizmente, qualquer referência nerd é cortada para evitar divulgação de streamings rivais.
História? Podemos fazer história
“História? Podemos fazer história” é provavelmente a frase mais emblemática do livro, que aparece na maior parte das fan arts. No original, aparece em um dos e-mails enviados por Alex a Henry que vazam causando uma grande comoção. A partir disso, vira um mantra em defesa ao casal, que é utilizado tanto por seus aliados mais próximos quanto simpatizantes anônimos em manifestações pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos. No filme, a frase é dita apenas em um encontro à noite no museu.
O passado de Alex e Brasil
Detalhes do passado de Alex são alterados, o que não reflete em um grande impacto na trama. O filme ignora completamente o seu melhor amigo, Liam, com quem tem sua primeira experiência queer. E, no livro, Alex conhece Henry durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, não durante uma conferência climática em Melbourne.
Final Feliz
No livro, não há uma troca de lembrancinhas, com o anel de Henry sendo trocado pela chave de Alex. Mas ambas histórias terminam com uma visita à casa antiga da família Claremont-Diaz. Em edições especiais do livro há um epílogo mostrando o que acontece com o casal. Henry compra uma casa no Brooklyn, onde vive com Alex feliz para sempre, administrando casas de acolhimento para pessoas LGBTQ+.