7 tropos de filmes de terror que ainda funcionam hoje em dia

Capa da Publicação

7 tropos de filmes de terror que ainda funcionam hoje em dia

Por Junno Sena

Em constante crescimento, o gênero de terror tem apresentado verdadeiros clássicos nos últimos anos. Desde Jordan Peele até Ti West, de Nós até X — A Marca da Morte, o sucesso de algumas produções tem motivo e ele se chama: tropos narrativos.

Nessa lista, separamos o essencial sobre essa palavra estranha e confusa e, junto, apresentamos 7 dos quais funcionam até hoje em dia no gênero de horror. Preparado para se assustar?

Imagem de capa do item

O que é um “tropo”?

Às vezes vistos como clichês, outras como uma oportunidade para fazer diferente. Tropos narrativos são convenções de gêneros, cenas ou imagens obrigatórias que tornam uma narrativa parte de um gênero. Nem sempre utilizados, mas repetidos de maneira excessiva ao longo dos anos.

Alguns diretores fogem dos mesmos, mas a melhor forma de se lidar com um tropo é o subvertendo. Isto é, se a heroína do filme de terror é sempre a garota virgem, que tal mudarmos isso e fizermos toda uma trama que ronda o sexo? Essa mudança pode parecer óbvia, mas foi a partir dela que Ti West fez X — Marca da Morte, um dos principais filmes de terror de 2022.

Muito mais do que um valor literal, tropos trazem alusões e significados que, apenas quem conhece o gênero, os entendem completamente. Tropos não são utilizados apenas no horror. Até mesmo o convencional verde e vermelho em capas de filmes natalinos se enquadra nesse conceito.

Imagem de capa do item

Envelhecer assusta

Boa parte desses tropos são criados de forma acidental, como é o caso do primeiro item dessa lista: o Psycho-biddy. O termo surgiu após Robert Aldrick lançar seu clássico filme chamado O Que Aconteceu com Baby Jane? O longa segue uma ex-estrela de cinema que atormenta sua irmã mais nova.

Por debaixo da primeira camada do filme, o longa é, inteiramente, sobre o medo da velhice, da decadência e morte. Vários filmes de horror já utilizaram esse aspecto como base para dar medo. O mais recente é X — A Marca da Morte, mas também temos A Visita e Tempo de M. Night Shyamalan, A Possessão de Deborah Logan, entre outros.

Imagem de capa do item

Crianças fofas e sinistras

O porquê do item anterior ainda funcionar nos dias de hoje tem ligação com esse: o de crianças fofas, porém sinistras. Assim como idosos são vistos como indivíduos frágeis, crianças são sempre adoráveis. Ou quase isso.

Enquanto o item anterior nos mostra que também pode existir sadismo na terceira idade, crianças podem ser más. E isso, por si só, é aterrorizante. A criança possuída, o fantasma infantil que morreu cedo demais. Todos esses aspectos colocam lado a lado dois opostos: vida e morte, inocência e depravação.

Imagem de capa do item

A boneca possuída

Ainda sobre quebra de expectativa, temos os bonecos possuídos. Annabelle, Chucky, até mesmo a lenda urbana do Fofão e da boneca da Xuxa. Para entender esse tropo é preciso mencionar o Vale da Estranheza.

Do campo da estética, esse “vale” inclui o que é muito similar a figura humana ou a realidade, mas que, por algum motivo, fica evidente que não é “deste mundo”. De certa forma, bonecas são sobre isso. Se aproximar o máximo do humano, mas nunca ser, de fato, humano.

Mas e quando esses pequenos corpos ganham vida? O trailer recente de M3GAN é uma prova de como esse tropo ainda funciona. A personagem robótica do filme é tão humana que dança em determinada cena, mas suas feições e atitudes são tenebrosas.

Imagem de capa do item

“Vamos nos separar e procurar pistas”

Alguns podem dizer que “se separar e procurar pistas” é apenas burrice, mas quando um filme sabe como separar seus personagens, todo o resto da trama funciona. Para isso, é necessário ir além do Fred da turma do Scooby-Doo dizendo o óbvio.

Filmes como A Invocação do Mal fazem bem isso. Outro bom exemplo é X e, até mesmo, Noites Brutais. Nessas produções, a separação é orgânica pois não dá tempo para, tanto público quanto personagem, questionar o porquê de estar seguindo um caminho diferente ao do seu amigo.

Imagem de capa do item

Não entra aí!

Ainda sobre “burrice generalizada”, temos o famoso “Não entra lá!” Todo bom filme de terror possui esse momento desconfortável em que o protagonista se depara diante de uma porta escura. Então, o silêncio recai na sala de cinema e algo assombroso acontece, tirando gritos e suspiros de aflição.

A melhor forma para entender porque esse tropo funciona é o mesmo motivo que leva o público às salas de cinema para consumir filmes de terror. Existe uma curiosidade mórbida até nos casos mais extremos. O boom de conteúdo true crime é uma prova disso. No fim das contas, julgamos quem adentra lugares escuros, mas, será que não faríamos o mesmo?

Imagem de capa do item

“Todos os monstros são humanos”

Por que Michael Myers persegue Laurie Strode? A franquia Halloween fez de tudo para tentar responder essa pergunta, mas a verdade é que não há uma resposta. Michael é apenas um sádico. E a possibilidade de seu amigo ou vizinho ser, na verdade, um assassino, é assustadora.

Talvez sendo o tropo que mais se aproxima da realidade, o “todos os monstros são humanos” é constantemente utilizado pelo cinema. Quando, por exemplo, o verdadeiro vilão de Rua Cloverfield, 10 é o personagem de John Goodman, ou quando descobrimos que não há nada de sobrenatural no assassino de Telefone Preto.

Imagem de capa do item

A Final Girl

Alguns podem dizer que a figura da Final Girl está datada, ultrapassada e, em parte, sim. Os aspectos que moldaram a “heroína final” dos filmes de terror não servem mais aos dias de hoje. Sempre ligada à vulnerabilidade, a Final Girl era moldada através da violência, até precisar ser como seu assassino para sobreviver.

Hoje em dia, essa vulnerabilidade foi ganhando outros significados. Em Nós, filme de Jordan Peele, a personagem de Lupita N’yongo não é vulnerável. Pelo contrário, sempre guardou um pouco do monstruoso dentro de si. Já Sidney Prescott, de Pânico, está longe de ser indefesa. Enquanto a personagem de Sadie Sink em Rua do Medo: 1978 é a heroína improvável, com mais defeitos do que qualidade.

Essas personagens e diversas outras mostraram que apenas querem sobreviver. Muito além do “merecer” sobreviver, a Final Girl, atualmente, mostra que quer e vai ficar viva. Custe o que custar.