Juntando o inútil ao desagradável, o último lugar desta lista vai para as duas versões de um vilão relativamente "menor" do Homem-Aranha: o terrível Shocker (não confundir com o Electro). Em De Volta ao Lar, temos dois criminosos que assumem tal papel, e ambos fazem parte da trupe de vigaristas liderados pelo Abutre.

Mesmo com dois atores talentosos nos papéis (Logan Marshall-Green e Bookem Woodbine), os personagens acabam sendo engolidos pelo vilão principal do filme e não possuem uma cena memorável sequer. Na verdade, eles soam muito mais como "capangas genéricos" do Abutre do que como vilões por si só.

Ainda no tópico "personagens secundários" de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, o penúltimo lugar da lista fica com o Consertador de Michael Chernus, que apesar de não enfrentar diretamente o Amigão da Vizinhança, é o responsável por preparar todas as armas utilizadas pela gangue do crime do Abutre.

Phineas Mason representa pouca ameaça física, mas sua inteligência agiu, de forma indireta, para causar caos e destruição. No entanto, o vilão sofre do mesmo problema que o Shocker, e acaba tendo pouco espaço na trama do filme, já que todas as atenções estão voltadas para Adrian Toomes e o seu plano diabólico.

Homem-Aranha no Aranhaverso conta com diversas versões do Amigão da Vizinhança, bem como vários vilões do herói - por isso, é compreensível e justificável que nem todos tenham tanto destaque quanto merecem. Esse é o caso do Lápide, que está ali como um capanga do Rei do Crime e tem pouquíssimas falas ou momentos marcantes no filme.

Apesar de ser fiel ao visual do vilão nos quadrinhos, ele nunca representa um perigo real para os heróis e, de todos, é derrotado mais facilmente. Por outro lado, ele serve mais para mostrar a influência de Wilson Fisk nesse mundo e como o vilão tem à sua disposição um exército de lacaios prontos para fazer valer suas ordens.

Pior do que um vilão com pouco tempo de tela é um vilão cuja representação é ruim por inteiro, e isso se aplica bem ao Venom de Topher Grace, o vilão "principal" de Homem-Aranha 3. Embora a história do simbionte alienígena seja bem próxima das HQs, com os efeitos violentos sentidos por Peter Parker, o nascimento do vilão em si é aquém do que se esperava.

Parte do problema reside no próprio Sam Raimi, que odiava o vilão e não queria colocá-lo no filme, mas assim o fez por insistência da própria Sony. E a outra parte está em Topher Grace, que não consegue impor um ar perigoso e assustador no personagem. Seu visual nem é tão feio quanto muitos diziam, mas como vilão, ele não é nada imponente.

O Rino de Paul Giamatti é quase um easter-egg de O Espetacular Homem-Aranha 2, tendo em vista que suas participações acontecem bem no começo e no final do filme, e em momento algum ele faz parte da trama "principal" que se desenrola diante de nossos olhos. Porém, é pouco provável que ele fosse melhor caso aparecesse mais.

Giamatti está completamente surtado e ligado no 220 interpretando Aleksei Sytsevich, e quando finalmente veste o traje mecânico de rinoceronte lá no final, sequer temos uma cena de embate entre ele e o Homem-Aranha, já que o filme corta antes da porradaria começar. Ainda assim, não parece que ele seria capaz de sustentar um filme inteiro nas costas.

Existem erros e erros, e existe isso aqui. O Espetacular Homem-Aranha 2 sofre do mesmo problema que diversos outros filmes do Herói Aracnídeo, ou seja: há um excesso de vilões considerável, e muitos deles ficam "sobrando" na narrativa. Esse é o caso do Duende Verde vivido por Dane DeHaan, que além do visual péssimo, tem uma entrada bem questionável na narrativa.

Em vez de acompanharmos a transformação de Norman Osborn no vilão lendário, pulamos e vamos direto para a história de Harry Osborn, que se vê morrendo graças a uma doença hereditária e começa a atentar a vida do Homem-Aranha para conquistar uma cura. O resultado final é grotesco e bem vergonhoso, mesmo saindo vitorioso ao matar o grande amor de Peter.

Se a versão de O Espetacular Homem-Aranha 2 é um desastre, o Duende Verde de Homem-Aranha no Aranhaverso só decepciona por aparecer tão pouco na narrativa, servindo apenas para retardar Peter Parker e fazê-lo cair bem diante do Rei do Crime. Isso é uma pena, mas não tira o teor assustador dessa versão do vilão.

Inspirado fortemente pela versão de Norman Osborn apresentada no selo Marvel Ultimate, ele é mais um monstro sem consciência do que o inimigo frio e calculista que estamos habituados a ver. Ainda assim, ele é marcante e imponente na medida certa, ainda que seja ofuscado por outros antagonistas ao longo da trama.

Enquanto a Marvel Studios prometeu e não cumpriu com seu Escorpião no MCU, a Sony foi lá e nos trouxe uma versão bem interessante do vilão, que aqui é um ciborgue mexicano, com direito a patas e um ferrão mecânicos - o que acaba oferecendo um contraponto à sua versão clássica das HQs, que conta com um exoesqueleto orgânico.

O personagem tem pouca coisa para fazer na narrativa, mas acaba sendo um inimigo chatinho de se enfrentar, atacando a Gwen-Aranha, o Homem-Aranha Noir e várias outras versões do herói. Ao fim, ele é derrotado de um jeito bem simples, mas assim como outros personagens no filme, nos deixou com um gostinho de quero mais.

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso mal chegou aos cinemas e já está nos encantando com sua inventividade. Um belo exemplo disso está no Abutre, que surge de outra realidade e vai parar no universo da Gwen-Aranha, onde acaba sendo combatido por ela, pela Mulher-Aranha e pelo Homem-Aranha 2099.

O personagem parece ter saído de um mundo renascentista, e por isso usa vários equipamentos bem curiosos, além de ter um estilo de animação bem distinto e único. Ele tem apenas uma breve participação no filme, mas é dono de uma das melhores sequências de ação e consegue ser igualmente cruel e bobalhão, assim como sua contraparte clássica das HQs.

Lançado em 2012, O Espetacular Homem-Aranha recebeu sua boa dose de elogios por parte dos fãs, mas também foi criticado por "requentar" coisas da trilogia original sem grandes inovações. Nesse sentido, o Lagarto até é uma das coisas "novas", embora sua história não se afaste muito de outros vilões apresentados na trilogia, como o Duende Verde e o Doutor Octopus.

Vivido por Rhys Ifans, o Dr. Curt Connors é um cientista brilhante que busca uma cura para sua própria deficiência, e no processo acaba fazendo um teste questionável e se transforma em um monstro sem consciência. O visual não é lá dos melhores, mas ele consegue ser apavorante - exceto em Sem Volta para Casa, onde não tem nada para fazer durante todo o filme.

Por outro lado, O Espetacular Homem-Aranha 2 decidiu seguir uma rota mais diferenciada, incorporando elementos mais cartunescos à franquia, com uma dose de camp. Assim, nasceu o Electro de Jamie Foxx, um vilão que, apesar de sua caracterização caricata, ainda consegue ser uma ameaça e um perigo para o Escalador de Paredes.

Embora o Homem-Aranha sempre tenha tido inimigos mais "intimistas" nos cinemas, o Electro é um dos poucos que consegue não apenas atacá-lo, mas também representar uma ameaça para toda a cidade de Nova York. E além de tudo isso, ele também é o único dos vilões clássicos que ficou ainda melhor ao retornar em Sem Volta para Casa, com um novo visual e atitude.

Uma das graças de Homem-Aranha no Aranhaverso é como o filme se compromete a trazer versões bem diferentes de tudo que estamos cansados de ver no cânone do Herói Aracnídeo. Um bom exemplo disso é a Doutora Octopus, cujo nome verdadeiro é Olivia Octavius - e que é dublada por ninguém menos que Kathryn Hahn, a nossa eterna Agatha Harkness.

A personagem é uma cientista brilhante que tem feito estudos na área dos multiversos e realidades alternativas. Ela é a responsável pela criação de todo o aparelho que traz Aranhas de diferentes universos para a Terra-1610, e sua participação aqui é bem intrigante, não só pela sua inteligência, mas pelo seu visual, que é bem distinto, com tentáculos ultratecnológicos.

Em 9º lugar (e podendo subir de lugar no ano que vem), temos Mancha, o novo vilão de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. Sem entrar em spoilers, o personagem tem uma conexão com Miles Morales e quando o vemos pela primeira vez, ele parece pouco ameaçador e bem bobo, mas as coisas logo mudam quando ele jura vingança.

Há um componente de horror cósmico e corporal no visual do personagem, e sabemos que ele será uma ameaça ainda mais presente no terceiro filme da franquia, Além do Aranhaverso. Sua participação no segundo longa é até pequena, mas ele já nos mostra como poder ser um dos maiores perigos enfrentados por qualquer Amigão da Vizinhança.

A franquia de Sam Raimi trouxe não somente uma, mas duas versões do Duende Verde para jogo. O segundo a vestir o manto é o próprio Harry Osborn, que decide se vingar de Peter Parker pela morte de seu pai, que aconteceu no primeiro filme. Seu visual é bem decepcionante, mas ao menos ele funciona como uma boa ameaça física e psicológica.

O que torna o Duende Verde II tão intrigante e perigoso é a forma como ele sabe atacar todos os pontos fracos de seu ex-melhor amigo, o que resulta em momentos inacreditáveis de vingança e traição. No fim do dia, ele acaba se redimindo por seus crimes e até se sacrifica para garantir a sobrevivência do Homem-Aranha, o que torna seu arco ainda mais complexo.

Ainda que Homem-Aranha 3 seja considerado um dos piores filmes do herói nos cinemas ainda temos coisas muito boas em tela, e um dos melhores exemplos disso é o Homem-Areia vivido por Thomas Haden Church, que dá ao clássico inimigo do Amigão da Vizinhança uma veia mais dramática e cheia de nuances.

No filme, descobrimos que ele é um dos culpados pela morte do Tio Ben, ao mesmo tempo em que entendemos suas motivações e como ele chegou até ali, e acompanhamos sua jornada de redenção, enquanto Peter Parker precisa aprender a perdoá-lo. É apenas uma pena que o vilão não seja mais que um acessório em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa.

Poucas vezes um vilão do Homem-Aranha conseguiu ser tão assustador e aterrorizante quanto o Gatuno de Homem-Aranha no Aranhaverso. O personagem aqui é um mercenário contratado pelo Rei do Crime para caçar e aniquilar Miles Morales, e sua participação é ameaçadora e trágica em todos os sentidos.

Primeiro, temos a trilha sonora que deixa suas cenas totalmente horripilantes. Segundo, tem o fato de que ele é Aaron Davis, o tio de Miles - o que dá à trama uma guinada melodramática quando o herói descobre a verdade sobre o Gatuno. Para coroar, ainda temos a cena de sua morte, que serve como um ponto motivador na vida do novo Homem-Aranha.

Desde a primeira vez que um Amigão da Vizinhança lançou sua teia nas salas de cinema, muitos fãs desejavam ver uma adaptação do Mystério, por ser um dos inimigos mais criativos do herói. Felizmente, vimos a estreia gloriosa do personagem em Homem-Aranha: Longe de Casa, onde foi vivido por Jake Gyllenhaal, nosso eterno Donnie Darko.

Embora o personagem seja mais um ressentido pelo Homem de Ferro do que um inimigo do Homem-Aranha propriamente dito, ele ainda é capaz de ludibriar o Amigão da Vizinhança e fazê-lo jogar seu jogo sujo. E como se isso não fosse o bastante, ele consegue pôr em prática um plano diabólico, e é o único vilão até agora que expôs a identidade do herói para todo mundo.

Até agora, a saga de Tom Holland já apresentou vários vilões saídos das HQs, mas nenhum deles chega aos pés do Abutre de Michael Keaton, uma releitura tão impressionante do clássico antagonista, mostrando como é possível pegar os elementos mais "bobos" dos quadrinhos e transformá-los em algo genuinamente assustador nas telonas.

Adrian Toomes é um homem que viu seus negócios afundarem com toda a entrada dos super-heróis neste universo. Ele então se torna um ladrão, mas há algo ainda mais interessante na forma como ele paira sobre a vida pessoal do Homem-Aranha, por ser pai de sua primeira namorada. Além disso, o seu visual é impecável e igualmente aterrorizante.

Embora sempre tenha sido um grande vilão do Homem-Aranha nas HQs, o Rei do Crime nunca encontrou o herói em live-action. Em boa parte, isso se deve ao fato de que seria muito difícil transformá-lo em uma ameaça considerável para um herói capaz de soltar teias, escalar paredes e dotado de uma superforça incomum.

A versão de Homem-Aranha no Aranhaverso, por sua vez, usa e abusa de todas as vantagens da mídia animada para se provar como uma força da natureza. Sua história e suas motivações são bem compreensíveis, mas nós já ficamos à mercê de sua grandeza no momento em que ele mata o Peter Parker da Terra-1610, um momento genuinamente perturbador.

Em 2004, Alfred Molina dava ao público uma versão perfeita do Doutor Octopus, garantindo um desafio à altura para o Escalador de Paredes em Homem-Aranha 2, de Sam Raimi. O personagem representa toda a dicotomia entre a ética da ciência e seus desdobramentos mais sinistros, e passa a ser controlado por suas próprias criações: os tentáculos mecânicos.

Nos quadrinhos, Otto Octavius foi o primeiro inimigo a conseguir derrotar o Homem-Aranha, e em sua adaptação cinematográfica ele chega perto de repetir este feito. Em seu retorno em Sem Volta para Casa, Octopus já tem uma moralidade menos ambígua, e acaba sendo um "infiltrado" para Peter Parker no time dos vilões.

Em primeiríssimo lugar, está a melhor representação do Duende Verde no cinema até agora. Interpretado por Willem Dafoe já no primeiro filme da trilogia de Sam Raimi, o vilão representa um grande desafio para Peter Parker, justamente por ser pai do melhor amigo do herói e por testar todos os limites do Amigão da Vizinhança.

O personagem tem um fim muito violento no longa de 2002, mas voltou com grande estilo em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, onde passa por uma grande humanização ao mesmo tempo em que comete um crime quase imperdoável, ao matar May Parker, tornando-se assim rival não apenas de um, mas sim de dois Homens-Aranha.