Em último lugar da lista, temos a franquia do Motoqueiro Fantasma, que teve início em 2007 com o filme homônimo estrelado por Nicolas Cage e dirigido por Mark Steven Johnson. O longa tem lá seus momentos bons e sabe trazer um clima de horror bem presente nos quadrinhos, mas ainda não é uma boa adaptação das histórias de Johnny Blaze.

O segundo, chamado Motoqueiro Fantasma: O Espírito da Vingança, foi lançado em 2012 e tem direção de Brian Taylor e Mark Neveldine, mas apesar dos efeitos visuais mais sólidos, seu roteiro é uma bagunça e a trama nem mesmo parece ser uma continuação do filme de 2007. No geral, é uma franquia bem trash.

No começo dos anos 2000, a Fox começou a produzir outras adaptações de heróis da Marvel Comics além dos X-Men. Um bom exemplo disso veio com Demolidor, dirigido por Mark Steven Johnson - um filme bem curioso, que sofreu muito com cortes do estúdio, apesar de ter um corte do diretor infinitamente melhor.

Já seu spin-off, Elektra de 2005, dirigido por Rob Bowman e com a volta de Jennifer Garner ao papel da ninja assassina, é um desastre. Ainda que muitos fãs tenham ressignificado o filme graças ao seu potencial camp, ainda não é um longa bom, já que sua narrativa é muito truncada - e a trama não traz nada da Elektra que amamos das HQs.

Outra franquia da Fox, Quarteto Fantástico começou em 2005 com um filme homônimo dirigido por Tim Story. Ainda que mantenha a vibe de ficção científica das histórias da equipe, o longa é um tanto quanto insosso e não traz muitos momentos memoráveis, apesar do elenco central se esforçar ao máximo para fazer aquele roteiro funcionar.

Lançado em 2007, Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado mantém a mesma qualidade (ou falta dela) do primeiro filme. Os efeitos visuais são um tanto quanto questionáveis, e o retorno do Doutor Destino acaba tirando um pouco do foco da trama de Galactus e do Surfista Prateado, mas ainda é uma diversão descompromissada que não ofende.

Ainda que muitos pensem no Universo Cinematográfico da Marvel como o ápice das adaptações de super-heróis para as telonas, nem todas as franquias desse universo são particularmente interessantes. A saga do Deus do Trovão começou com Thor, em 2011; e logo foi seguida por Thor: O Mundo Sombrio, dois filmes medianos e que exploram pouco do mito do herói.

A coisa pareceu mudar de figura com Thor: Ragnarok, que apesar de se guiar mais para a comédia, trouxe mudanças bem-vindas para a narrativa do Filho de Odin, além de colocá-lo lado a lado com o Hulk. No entanto, no ano passado saiu Thor: Amor e Trovão, filme bem do ruinzinho que só prova como um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.

Diferente da saga do Deus do Trovão, a trilogia do Homem-Formiga já começou no mínimo simpática, com um primeiro filme que trocava o surto de poderes e ameaças cósmicas do MCU por uma história mais autoconsciente e contida, ainda que clichê. Isso melhorou muito com Homem-Formiga e a Vespa, que aumenta o escopo, mas não perde o charme do original.

Infelizmente, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, deste ano, não mantém o nível e aposta em uma história muito maior, com mais efeitos e a introdução do ameaçador Kang, o Conquistador. No entanto, o filme fica ofuscado por seu visual feio e roteiro bagunçado, deixando um gostinho ruim para a franquia dos heróis diminutos.

Aqui temos um grande caso de como uma franquia pode começar ótima e se perder de uma forma bizarra no meio do caminho. Em 2011, a Fox reiniciava a saga com X-Men: Primeira Classe, trazendo um novo elenco e dando uma volta até a década de 60. Seguido de Dias de um Futuro Esquecido, a franquia parecia no caminho certo para redimir os erros da trilogia original.

No entanto, X-Men: Apocalipse se afunda numa breguice sem fim, com pouco espaço para desenvolvimento dos (vários) personagens, e a franquia se encerra em ponto morto com X-Men: Fênix Negra. Ao menos, a saga foi responsável por trazer James McAvoy e Michael Fassbender como as versões mais jovens de Professor X e Magneto, e ambos são perfeitos.

A saga de O Espetacular Homem-Aranha protagonizada por Andrew Garfield é um dos maiores exemplos de uma franquia sendo sabotada pelo próprio estúdio. O primeiro filme, de 2012, trouxe uma repaginação curiosa para o Escalador de Paredes, apesar de seguir de perto a história de origem que já conhecíamos do Homem-Aranha de 2002.

O segundo, O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro foi a maior vítima da ganância da Sony, já que o diretor Marc Webb não teve a chance de seguir sua visão da história, obrigado a inserir um zilhão de dicas e easter-eggs para as possíveis sequências. Contudo, o baixo desempenho nas bilheterias fez com que os planos para a sequência fossem abortados.

Em 2018, a Sony decidiu que iria construir seu próprio universo de vilões do Homem-Aranha, usando a raspa do tacho dos direitos autorais da Marvel que eles ainda detém. Assim, surgiu a franquia do Venom que, por mais incrível que pareça, traz um entretenimento descompromissado de primeira - e não tem medo de soar ridículo.

O maior mérito dos dois filmes lançados até o momento é a interpretação de Tom Hardy no papel principal e seu "bromance" com o simbionte. Além disso, a franquia ganha novos ares com Venom: Tempo de Carnificina, a continuação que abraça um tom ainda mais ridículo e ainda soa como um filme de super-heróis dos anos 2000, antes do início do MCU.

Uma franquia pode começar meio capenga, mas se ela terminar bem, (quase) todos os pecados serão perdoados. Esse é o caso da saga do Wolverine, que após sua imensa popularidade na trilogia original dos X-Men acabou se tornando protagonista de X-Men Origens: Wolverine - um filme ruim e com um roteiro medíocre.

Eventualmente, James Mangold assumiu a saga e nos deu o subestimado Wolverine: Imortal, que traz cenas de ação bem alucinantes e mergulha nas histórias japonesas do herói. No entanto, o melhor ainda é Logan, o terceiro filme da série que oferece uma despedida emocional para o herói de Hugh Jackman e ainda apresenta a excelente X-23 de Dafne Keen.

A saga do Homem-Aranha no Universo Cinematográfico da Marvel se parece muito com a do mutante canadense. Os dois primeiros filmes não são lá muito memoráveis, mas o terceiro vem para fechar tudo com uma chave de ouro. Homem-Aranha: De Volta ao Lar diminui a escala do MCU e nos mostra um drama juvenil. Longe de Casa coloca o herói na Europa.

Ambos os filmes foram bem criticados por deturparem a essência do Amigão da Vizinhança das HQs, tornando-o bem dependente do Homem de Ferro e dos Vingadores. Felizmente, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa muda isso com uma reunião espetacular - embora muitos argumentem que o filme só funciona por se escorar no apego às versões anteriores do herói.

Diferente de boa parte das franquias do MCU mencionadas aqui, que foram concluídas em uma trilogia ou mais, a saga do Doutor Estranho não foi finalizada, já que apenas dois filmes foram lançados até o momento. Em 2016, o herói ganhou seu primeiro longa pelas mãos de Scott Derrickson, com um visual fantástico e um mergulho no núcleo místico da Marvel Studios.

Já Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, de 2022, pode não ter um roteiro tão afiado quanto o primeiro, mas compensa bastante pela inspirada direção de Sam Raimi, que leva a saga em uma direção mais próxima do horror. Quem também merece destaque é Benedict Cumberbatch, que dá uma humanidade tocante a um dos heróis mais poderosos da Marvel.

Agora, passando do playboy místico para o playboy tecnológico, temos que falar da trilogia do Homem de Ferro - a franquia que serviu como a espinha dorsal do Universo Cinematográfico da Marvel. O primeiro filme, de 2008, surpreendeu por estabelecer as frases dessa macrofranquia sem perder o foco de sua própria narrativa.

Homem de Ferro 2 e Homem de Ferro 3, por outro lado, possuem sua boa dose de detratores, que não os julgam tão bons quanto o original. E embora essa seja uma crítica justa, a franquia ainda vale muito a pena graças à intepretação mirabolante de Robert Downey Jr., que parece ter nascido para dar vida aos tiques e trejeitos do genial Tony Stark.

Por outro lado, a trilogia do Capitão América passou por um efeito um tanto quanto oposto ao do Vingador Dourado. Lançado em 2011, Capitão América: O Primeiro Vingador ofereceu um início sólido, mas não trouxe a inovação que muitos esperavam. A melhoria definitiva veio com O Soldado Invernal, que elevou a ação e colocou a saga no rumo do thriller político.

Em 2016, Capitão América: Guerra Civil manteve o nível de O Soldado Invernal, mas aumentou a escala da ação por funcionar quase como o filme "2.5" dos Vingadores. Para muitos, a trilogia é a melhor de todas as sagas solo do MCU, justamente por cada filme oferecer alguma melhoria sobre o anterior.

Em sétimo lugar, está uma das trilogias mais subestimadas pelos fãs de super heróis e filmes da Marvel - o que é um absurdo, levando em conta que foi a primeira adaptação que mostrou ao mundo como adaptações de quadrinhos poderiam ser sim boas. Blade trouxe o icônico andarilho do dia vivido por Wesley Snipes, com uma produção estilosa e cheia de ação.

O primeiro filme é muito interessante por ressignificar vários elementos das histórias clássicas do Caçador de Vampiros. Já Blade II, de 2002, conta com a magnânima direção de Guillermo del Toro e é um filme de horror de primeira. Blade Trinity, de 2004, é bem aquém da qualidade de seus antecessores, mas ainda tem uma série de qualidades camp.

Com o primeiro filme lançado em 2018, a franquia do Pantera Negra é uma das mais importantes na história dos quadrinhos, justamente por ter um foco bem mais político e representativo que as demais. O longa original é um marco na história da representação negra no cinema americano, trazendo um elenco, bem como a equipe de produção majoritariamente negra.

Pantera Negra: Wakanda para Sempre teve que lidar com o falecimento trágico de Chadwick Boseman, e é surpreendente como o longa consegue se manter bem e ainda expandir sua história, mostrando mais da cultura e do povo de Wakanda. Agora, nos resta esperar pelo terceiro filme, para saber se vai manter a qualidade de seus dois anteriores.

Em quinto lugar, temos a franquia do Deadpool, que veio para mostrar como era possível fazer um filme lucrativo e imensamente divertido de super-heróis com temática mais adulta. Lançado em 2016, o primeiro é um festival de referências à cultura pop e cativa mais ainda por seu humor referencial e seu protagonista brilhantemente encarnado por Ryan Reynolds.

O segundo filme, de 2018, acaba repetindo alguns vícios e problemas de seu antecessor, mas nada que o torne execrável nem nada do tipo. Pelo contrário, o filme ainda oferece um mergulho maior nas loucuras da mitologia mutante, apresentando Cable, Dominó e a X-Force. Curiosamente, essa é a primeira (e única) franquia que começou na Fox mas vai "viajar" para o MCU.

Em quarto lugar, não podemos nos esquecer da saga original dos filmes dos X-Men, que despontou como um verdadeiro sucesso da cultura pop e, ao lado de Blade e da Trilogia Homem-Aranha, pavimentaram o caminho para os filmes de super-heróis atuais. Aqui, vimos os Filhos do Átomo com os seus dramas, dilemas e a eterna luta contra o preconceito e a intolerância.

Misturando ação com os elementos mais novelescos das HQs, a trilogia dos X-Men pode soar como datada para muitos, mas na verdade traz uma adaptação bem interessante das histórias da equipe, levando em conta todo o contexto da época. Os dois primeiros filmes continuam sendo obras primas, e apesar do terceiro não ser tão bom, ainda traz ideias bem intrigantes.

Vingadores é, possivelmente, a história mais importante da Marvel em suas adaptações cinematográficas, justamente por ser a concretização de um vasto universo compartilhado, provando que era possível adotar um formato parecido com o das HQs. O primeiro filme foi um deleite para os fãs, dando à Marvel Studios o status de um dos maiores estúdios de Hollywood.

E por mais que Era de Ultron tenha dado uma deslizada, a saga retoma toda sua potência com Guerra Infinita e Ultimato. Contudo, a saga só não está mais alta nessa lista porque depende necessariamente de todas as outras franquias e filmes solo para poder funcionar, já que nenhum filme se sustenta sozinho.

Em segundo lugar, não podemos nos esquecer da trilogia original do Amigão da Vizinhança, conduzida por ninguém menos que Sam Raimi. O primeiro Homem-Aranha foi um dos marcos para a inclusão dos super-heróis nas telonas, trazendo consigo uma série de inovações visuais e atuações ótimas, por parte de Tobey Maguire e Willem Dafoe, entre outros.

Homem-Aranha 2 é até hoje um concorrente firme ao posto de melhor filme de super-heróis de todos os tempos, e por mais que Homem-Aranha 3 tenha sido muito criticado na época de seu lançamento, o filme tem sido redescoberto pelos fãs com o passar dos anos, por encerrar de forma realista e agridoce a jornada de Peter Parker.

Em primeiro lugar, temos que mencionar a recém-finalizada trilogia inusitada da Marvel Studios. Os Guardiões da Galáxia vieram do absoluto nada, já que pouquíssimas pessoas conheciam suas histórias nas HQs. Ainda assim, um maluco chamado James Gunn conseguiu fazer uma das histórias mais originais, emocionantes e assombrosas do MCU.

O primeiro filme fez todo mundo amar a equipe. O Vol. 2, de 2017, nos deu uma subversão no papel de vários personagens e ainda trouxe a divisão de núcleos entre esses heróis. O Vol. 3, mesmo sofrendo com impactos negativos da narrativa de Guerra Infinita e Ultimato, fecha a trilogia com chave de ouro, mostrando como é possível adaptar os elementos bizarros e "insanos" das HQs com muita emoção e maestria artística.