O primeiro tipo que um jogador costuma encontrar é o amigão da vizinhança. Ele é tipo aquele avô que vê o neto muito de vez em quando e quer mimar ele para ser adorado. Para cair na graça dos jogadores, ele vai usar todas as armas a sua disposição: todo loot vai ser mágico, ela vai abusar no xp adquirido e nenhuma situação será tão mortal que não dê para dar um jeitinho.

Essa mania de ir na onda do jogador acaba gerando momentos muito divertidos de espontaneidade. Eles acabam se sentindo mais importantes e com um controle maior de seu próprio destino, o que é muito encorajado. O problema de se deixar levar é que vão haver momentos em que a história vai encontrar um beco sem saída. Nessas horas o mestre vai precisar tomar as rédeas e lembrar quem é que manda no final.

O tipo mais infame, o objetivo de um mestre caçador não é contar uma boa história, presenciar lutas épicas ou explorar lugares fantásticos. Sua missão é bem mais direta: fazer a party sofrer. Toda boa história precisa de drama e, se tudo ocorrer de acordo com o plano, ele vai conseguir matar um por um da forma mais descritiva possível.

Pense bastante nos seus planos. Cada brecha é uma chance para destruir você. É como uma grande caçada. Enquanto alguns jogadores sucumbem ao desespero, outros abraçam o desafio de se manter vivos contra todas as probabilidades. Por via das dúvidas, é bom já preparar a ficha dos próximos personagens porque, cedo ou tarde, você vai precisar.

Preparação não é o forte do costurador de universos, mas também nem é preciso. Tudo que acontece na sessão ele inventa na hora e, mesmo assim, de algum jeito tudo faz sentido. Ele está sempre pronto para jogar RPG, então não tem problema convidá-lo de última hora.

Talvez esse mestre esteja se inspirando em um filme antigo que ele viu quando era criança ou algo do gênero, mas ele se apropria tão bem da história que tudo parece original. Pode parece que a história não está indo para lugar nenhum, mas tenha certeza que enquanto você enfrenta um grupo ordinário de hobgoblins, ele está só procurando algum jeito de costurar esse evento aleatório com a missão principal da campanha.

Você e seus amigos aventureiros acabaram de descobrir informações valiosas sobre um NPC e começam a levantar várias teorias. Minutos depois, seus piores temores se confirmam, um por um. Isso acontece de novo… E de novo… E de novo… É quase como se tivesse algum espião contando tudo que vocês dizem para as forças inimigas, mas todos os jogadores são confiáveis. O que pode estar acontecendo?

Tome cuidado, de fato há espião infiltrado nessa mesa. Não é um aliado infectado por um Mind Flayer, mas um poder muito além — o próprio mestre. Caso seu mestre seja um espião infiltrado, saiba que é um dos tipos mais ardilosos. Ele fica quietinho ouvindo vocês especularem tudo de ruim que pode acontecer. Parece inofensivo, mas está só anotando as melhores ideias para usar contra sua party. Melhor tomar cuidado com tudo que você diz, antes que sejam suas últimas palavras.

Tem mestre que espera pacientemente o momento que seus jogadores vão interagir com os NPCs para atacar. Atacar de ator, no caso. Essa é a hora dele de brilhar! Sua postura muda, a voz engrossa, surge um sotaque e o que mais precisar. Você não está mais de frente para o mestre. Ele incorporou completamente o personagem.

Esses costumam ser os mestres mais divertidos. Não importa se o personagem é humano ou não. Pode ser até mesmo um cachorro, um goblin ou um lobo. O comprometimento com a atuação é sempre louvável. Ele sabe o que o personagem comeu no almoço, detalhes de sua infância sofrida e o nome de seu primeiro amor. Cada personagem parece tão real que é impossível não se perder nesse mundo apenas povoado na cabeça de seu mestre.

Os mestres casados com a história passam semanas planejando um enredo cuidadosamente arquitetado para roteirista nenhum de Hollywood botar defeito. Preparem-se para imergir em uma rede de mistérios e reviravoltas enquanto exploram um arco meticulosamente pensado para desenvolver cada personagem. Quando o jogo começa, o seu maior prazer é ver a cara de surpresa quando os jogadores desatam nó por nó de sua trama articulada.

Gostam de segurar a história a rédeas curtas e maior pesadelo deles são os jogadores mais caóticos. Sempre imprevisíveis, eles vão pensar nas ideias mais loucas que podem destruir completamente seu plano imaculado. Se eles se deixarem levar, a jornada pode acabar se tornando um eterno cabo de guerra entre mestre e jogador. Quando esses mestres encontram grupos com histórias de origem complexas, é casamento na certa e você pode estar diante de uma das narrativas mais incríveis de sua vida.

A vida de mestre pode ser bastante solitária. Você está ali, vendo todos seus amigos interagindo, entrosados, enquanto você está sempre de fora da conversa. O jeito é aproveitar dos NPCs para discretamente fazer parte do time dos jogadores. Afinal, quem iria perceber que esse personagem é estranhamente mais desenvolvido que os demais e sempre segue os jogadores em sua jornada, não é mesmo?

Esse tipo de mestre sempre vai garantir que algum NPC acompanhe a equipe para poder interagir com a galera, dar pitaco nos planos, participar das piadas e enfrentar os monstros. Quando a party se livra do personagem, ele prontamente cria outro. O importante é estar sempre com a galera e não ser deixado para trás.

Melhor manter a ficha sempre a postos — toda ação é uma oportunidade de uma nova rolagem para o refém dos dados. O prazer desse mestre é ouvir o som que os dados fazem ao rolar contra a mesa. Ele vive pelos segundos de suspense que surgem da incerteza do que os dados irão decidir.

Com ele no comando, toda decisão, por menor que seja, fica a cargo do destino.Tentou arrumar a fivela do seu cinto, por exemplo? Rola prestidigitação para checar se a sua coordenação motora tá em dia. O legal é que isso dá margem para acontecer as situações mais absurdas. Um bardo pode até convencer o mais cruel dos dragões a dançar uma valsa, basta que o jogador consiga um acerto crítico. Afinal, nunca se sabe o que pode acontecer.

O mestre ansioso é um tipo bastante particular. Pode parecer que ele está entediado com a sua aventura atual, tentando apressar o andamento ou até sugerindo que tentassem outro sistema. A verdade é que esse mestre é tão apaixonado por RPG num geral que ele está sempre pensando na próxima aventura.

Ele dificilmente narra uma campanha até um final, pois sempre tem um sistema novo que ele acabou de conhecer e gostaria muito de testar. Pode ser frustrante, mas ele acaba se aproximando de uns amigos que sempre topam ser cobaias de um sistema novo. A sua filosofia é curtir tudo ao máximo o quanto duram, até porque suas aventuras sempre duram muito pouco.

Um espécime singular, os mestres colecionadores só mestram em teoria. Eles consomem tudo que é possível dos sistemas, colecionam diversos livros que leem vorazmente, pensa num elenco completo para povoar diversas cidades, se arrisca até criar uma magia, mas nunca anima mestrar de fato uma mesa.

Para eles, a graça em D&D são os sistemas em si. Entender como eles funcionam, como as raças se conectam com as classes e as possíveis sinergias de um grupo de aventureiros. Os colecionadores basicamente desmontam o sistema parte por parte e depois vão para o próximo repetir todo processo. É o tipo de pessoa perfeita para tirar qualquer dúvida sobre um certo sistema.