Gorr sofreu algumas poucas alterações para se encaixar no Universo Cinematográfico da Marvel. Entre mudanças estéticas e narrativas, a que se destaca é a filha do carniceiro que, nos quadrinhos, é um garoto, Agar.

Mas, as duas crias de Gorr carregam o mesmo destino sombrio. Após a morte da mãe da criança, ocorrida durante a luta entre dois deuses, Agar morre de fome e com o calor do deserto. Enquanto Agar fala de sua mãe e irmãs em seu leito de morte nos quadrinhos, no filme não há nenhuma menção mais profunda ao passado de Gorr.

A promessa feita por Gorr em Thor: Amor e Trovão é uma referência direta aos quadrinhos. Desde as motivações até a icônica frase “All Gods must die”, o Gorr de Christian Bale seguiu a cartilha de sua versão original.

Porém, o primeiro encontro entre o “carniceiro dos deuses” e a divindade que cultua é menos irônica do que apresentada no filme. Ao invés de encontrar a sua tardia salvação em um deus preguiçoso e arrogante, Gorr se depara com dois deuses à beira da morte. Entre eles, está a Necroespada, artefato que se desfaz e se une a Gorr no mesmo instante.

Com a morte de Gamora em Vingadores: Guerra Infinita, os Guardiões da Galáxia sofreram algumas modificações. Além da inserção de uma Nebula com peças atualizadas e um Groot jovem adulto, temos o retorno de Kraglin, interpretado por Sean Gunn, irmão de James Gunn.

Mostrando o melhor de sua estética “estranha”, Kraglin recebeu uma atualização, portando uma peça curiosa: a flecha Yaka, anteriormente usada por Youndu. E, aparentemente, ele não sabe como usá-la ainda.

Uma referência que também pode ser vista no trailer é a logo dos Vingadores em um boné de Thor. O chapéu diz “Strongest Avenger” (“Vingador Mais Forte”, em tradução livre) com a fonte da primeira edição dos Vingadores, publicada em 1963.

É importante apontar como, após Guerra Infinita, o universo de heróis se tornou algo vendável dentro do próprio Universo Cinematográfico da Marvel. Essa expansão, entre figuras heroicas para figuras vendáveis pode ser vista, também, em Ms. Marvel, série da Disney+, e a extensa coleção de Kamala.

Quando Thor "cavalga" a Rompe-Tormentas como se fosse a vassoura de uma bruxa, ele está fazendo referência a um diálogo de Thor: Ragnarok.

Nele, o herói diz sentir falta de seu martelo. Korg fica curioso com o armamento de Thor, fazendo o deus explicar que com a força do martelo, ele conseguia voar. É então que Korg pergunta se Thor "dirigia" o martelo.

Bom, parece que agora, ele consegue...

Outra referência visual está presente no estilo "Rock n' roll" de Odinson. Seu colete vermelho, cabelo grande e barba é uma referência a Thunderstrike, personagem coadjuvante dos quadrinhos do deus asgardiano.

Ganhando um título solo em 1993, Eric Masterson, como também era conhecido, foi apresentado pela primeira vez em Thor #391 e se tornou o alter-ego do deus trovão a partir de Thor #432. Mesmo não sendo referenciado nos filmes, Eric ainda é um personagem importante no passado de Odinson.

Além disso, sua blusa traz o símbolo simplificado de Yggdrasil, a Árvore do Mundo. Ela foi apresentada pela primeira vez em Thor (2011), quando o deus faz um desenho de Yggdrasil para Jane.

Quando Thor salva o grupo de alienígenas no início do filme, eles comentam que nenhum deus responderam as suas preces.

Esse momento é uma referência ao que fez Thor descobrir a existência do carniceiro dos deuses. Nos quadrinhos, Thor responde as preces de um alienígena.

Quando o deus se coloca para investigar o porquê dos deuses daquele mundo não terem ido ajudar, ele encontra os corpos mortos das entidades.

Inclusive, entre os sinais de ajuda emitidos, que faz Thor descobrir que Sif está em perigo, existe uma imagem bem similar a dos quadrinhos.

Dois personagens que roubam a cena em Thor: Amor e Trovão são os “bodes gigantes” que Thor ganha de presente após ajudar uma raça alienígena a se livrar de alguns seres indesejáveis. Mesmo com as baixas durante o processo, o líder da tribo alienígena "recompensa" o herói com os dois bodes gigantes. O problema é que o presente é mais um incômodo do que algo benéfico para Thor e os Guardiões.

Ao longo da trama, os dois bodes acabam sendo usados para guiar o barco de Valquíria pelo espaço. Usando a energia e conexão da Rompe-Tormentas com a Bifrost, os animais são capazes de correr sob a ponte arco-íris. Nos quadrinhos, Tanngrisnir e Tanngnjóstr são Toothgnasher e Toothgrinder e eles têm sido companheiros constantes de Odinson desde os anos 70.

Um dos enredos explorados no segundo filme do deus asgardiano foi a vida acadêmica de Jane Foster e sua pesquisa envolvendo buracos de minhoca, ou como é chamado aqui, as Pontes de Einstein-Rosen . Agora, descobrimos que, durante o tempo que o casal passou afastado, Jane foi de uma pesquisadora trabalhando para se tornar uma conhecida autoridade no assunto.

Em uma das cenas, vemos um rapaz lendo seu livro. E, para simplificar o conceito de buraco de minhoca, Jane Foster recomenda dois filmes — além de rasgar uma das páginas e fazer um buraco nela —, sendo eles Interestelar e Enigma do Horizonte.

Enquanto em Interestelar, David Gyasi protagoniza a cena furando um pedaço de papel, em Enigma do Horizonte, Sam Neil faz o mesmo para explicar um buraco negro de “maneira leiga”.

Um dos destaques de Thor: Amor e Trovã, ficou para a ambientação de Nova Asgard. Se, anteriormente, era apenas um lugarzinho recheado de refugiados de Asgard, agora, Rei Valquíria comanda uma terra que conseguiu lucrar com a Guerra Infinita.

Desde comerciais para o Old Spice até lojas de sorvete em referência às Joias do Infinito, a Infinite Conez, a Nova Asgard está ganhando sua autonomia no Universo Cinematográfico da Marvel. Muito similar ao que aconteceu nos quadrinhos, quando a cidade foi realocada para Oklahoma.

Darryl podia estar cansado de seu colega de quarto, o Thor, em 2017, porém, a amizade que construiu com o asgardiano lhe garantiu um emprego. O personagem que fez parte de uma série de curtas ocorridos durante a Guerra Civil retorna em Thor: Amor e Trovão como o guia turístico de Nova Asgard.

O personagem pode ser visto direcionando alguns turistas para o local onde se encontra Mjolnir despedaçado.

Durante a apresentação de Nova Asgard, temos uma encenação dos eventos de Thor Ragnarok. No filme anterior, vimos dois dos mesmos atores encontrados aqui encenando os acontecimentos de Thor: Mundo Sombrio.

Porém, desta vez, Melissa McCarthy se une aos demais atores. Enquanto a atriz interpreta uma curiosa e cômica Hela, Matt Damon continua reinterpretando Loki e Luke Hemsworth, o Thor.

Entre as referências que já haviam sido apresentadas nos trailers, temos a morte de Falligar. A cena em que Korg e Thor encontram a carcaça do deus é uma reprodução da cena encontrada em Thor God of Thunder #3, de 2013 e ilustrada por Esad Ribic.

Tanto no filme, quanto nos quadrinhos, Odinson comenta como Falligar era poderoso, mas um dos deuses “mais legais” que já conheceu.

A Marvel Studios tem reunido coragem para recriar uniformes similares às suas versões dos quadrinhos e isso não é diferente em Thor: Amor e Trovão. Nele, temos diversas recriações de uniformes famosos do deus do trovão. Incluindo o seu icônico capacete.

Tanto Jane Foster e Odinson ganharam novos acessórios inspirados nos quadrinhos. Enquanto Thor mostrou um uniforme dourado e azul similar a sua versão dos anos 80, criada por Walt Simonson, Jane se manteve fiel ao design criado por Russel Dauterman. Outra que se destacou pelo seu figurino foi Lady Sif que finalmente deixou o design sombrio de lado e ganhou suas cores prata e vermelho.

Outra referência ao curta de Thor durante a Guerra Civil é a forma como o deus asgardiano salvou o número de Nick Fury.

Ao mostrar sua pesquisa ao redor das Jóias do Infinito, Thor questiona o que Fury sabe e diz: "Fury é o nome real dele? Na verdade se pronuncia 'Furry'".

Pode parecer aleatório, mas não é. Quando Thor responde a pergunta de Jane sobre qual foi a última vez que se viram, a contagem de anos, meses e dias coincide com o lançamento de Thor: Mundo Sombrio, ocorrido no dia 8 de novembro de 2013.

Além disso, Jane diz anteriormente que fazem apenas "três ou quatro anos" desde que se separaram. Isso pode ser uma referência a eles terem se separado antes dos eventos do terceiro filme dos Vingadores, ou pode significar que a ex-namorada do deus asgardiano foi uma das baixas da Guerra Infinita. Isso adicionaria maior profundidade ao arco de Thor em Ultimato, mostrando que o herói, de fato, havia perdido tudo.

Com a destruição do Mjolnir, a criação da Rompe-Tormentas, o retorno de Odinson e o uso do martelo em Ultimato, uma questão ficou em aberto: Seria Thor ainda digno em Amor e Trovão?

Nos cinemas, a resposta é mais simples do que nos quadrinhos. Enquanto em Thor: Amor e Trovão, Odinson é capaz de levantar o martelo sem problemas, nos quadrinhos, o personagem sofreu por um tempo com isso. Ao fim de Mighty Thor, Jane diz ter encontrado um pedaço do Mjolnir após a destruição do martelo. Thor consegue erguê-lo, mas diz que ainda o faz com dificuldade.

Jane, então, o lembra que Odinson conquistou seu lugar como Thor e que ele será, novamente, capaz de ser o deus do trovão.

Além dos Celestiais dando as caras ao fim do encontro de Thor com os deuses, todo o cenário do conselho dos deuses é composto pelos mesmos padrões presentes em Eternos.

A estética se tornou essencial no Universo Cinematográfico da Marvel para conectar divindades, magia e alienígenas.

Quando percebem que a única alternativa para vencerem Gorr é se reunir com outros grandes deuses, Thor, Jane, Valquíria e Korg vão até um conselho de deuses localizado na Cidade da Onipotência. Além de Zeus, interpretado por Russell Crowe, diversos deuses dão as caras durante a cena.

Entre elas, tivemos o deus dos Kronan, raça de Korg; um deus asteca; Bao, o deus dos bolinhos; Dionísio, interpretado por Simon Russell Beale e outros deuses.

A maior questão sobre essa cena é: Onde está Khonshu? Os deuses de Cavaleiro da Lua? Talvez eles só não tenham interesse em participar das orgias anuais.

Você pode ter sido uma das pessoas mesmerizadas com o nude de Chris Hemsworth, mas havia algo a mais para notar na cena em que Zeus deixa Thor pelado.

Nas costas do deus asgardiano, temos uma grande tatuagem com o elmo de Loki. Ainda pode ser lido "Rest in Mischief" (Descanse em Travessura, fazendo referência ao Descanse em Paz). Thor, provavelmente fez a homenagem após Guerra Infinita.

Não é uma referência óbvia, mas a estética dos guerreiros de Zeus é precisa historicamente. Além da vestimenta dos personagens, o escudo é inspirado nos artefatos reais dos guerreiros espartanos, como no filme 300 (2006), de Zack Snyder.

No barco de Valquíria, tem uma placa em neon, na qual é possível ler "Cocktails & Dreams" (Coquetéis e Sonhos, em tradução livre). O nome é uma alusão ao bar onde Tom Cruise trabalhou no romance dramático de 1988, Cocktail. Talvez Valquíria sonhe em ser servida pelo galã Cruise?

Uma das cenas de destaque do filme é a batalha entre Valquíria, Thor, Jane e Gorr. A mesma ocorre em uma dimensão que as cores parecem não alcançar, um local tão escuro que toda a sequência é feita em preto e branco.

Nos quadrinhos, o Shadow Realm foi apresentado pela primeira vez em Strange Tales #79, porém, a estética desse lugar lembra outra coisa: o Necroverse

Esse nome é dado ao estado mais evoluído da Necroespada, espada usada por Gorr. Nos quadrinhos, a arma também é utilizada pelo deus dos simbiontes, Knull.

Após descobrir o plano de Gorr de encontrar a Eternidade, Thor cria um exército de “mini Thors” e enfrenta o vilão. Na extensa sala onde ocorre o combate, temos algumas estátuas, como a da Morte, personagem que teve uma relação romântica com Thanos nos quadrinhos; uma estátua do Vigia, que ganhou destaque em What If…?; além do Tribunal Vivo, que deu as caras em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura; uma estátua de um Celestial, Éon; e de Infinidade, irmã da Eternidade.

A entidade denominada Eternidade se tornou um ponto chave da trama do filme. E o que se destaca sobre o personagem é a estética, idêntica ao dos quadrinhos.

Com seu interior composto por galáxias, assim como em seu design original, apenas podemos compreender sua silhueta. Sendo uma das entidades mais poderosas da Marvel, a Eternidade já se encontrou com diversos heróis, como Doutor Estranho e Capitã Marvel.

A filha de Gorr pode não ter relevância nos quadrinhos, mas, no filme, ela é uma das razões dessa história ser concluída com um sorriso no rosto. Sem referências sobre quem ela representa no mundo dos quadrinhos, sua inspiração pode vir de uma personagem com o mesmo nome que Korg utiliza para a garota: Love.

Nos quadrinhos, Mistress Love é uma entidade cósmica que representa o amor. Não se sabe nada sobre sua origem, porém, sua primeira aparição foi dada junto da asgardiana Encantor, que na época procurava pelo seu amor verdadeiro.

A escala de poder de Madame Amor é descrita como acima de Galactus, Aquele Acima de Todos, Kronos, Odin e Zeus, mas abaixo da própria Eternidade e Infinidade.

A pequena Love também representa outra grande referência: os filhos de Hemsworth e Waititi. Enquanto Tristan Hemsworth fez o Thor criança na cena de flashback narrada por Korg, Sasha Hemsworth fez uma das crianças asgardianas sequestradas e India Rose Hemsworth recebeu o papel de Love.

Já Te Kainga O’Te Hinekahu Waititi e Matewa Kiritapu Waititi fizeram duas das crianças asgardianas do filme.

Uma não tão grande surpresa foi a inserção de Hércules na cena pós-créditos de Thor: Amor e Trovão. Nas HQs, Hércules foi apresentado pela primeira vez como um servo de Immortus — variante de Kang — e oponente de Thor. Aos poucos, o personagem de visual fanfarrão acabou ganhando espaço como herói da Marvel.

Na curta cena, Hércules é interpretado por Brett Goldstein, ator de Ted Lasso, série da Apple TV+. Usando a icônica saia verde, há quem diga que Brett foi a escolha perfeita devido ao seu peitoral cabeludo que consegue ser ainda mais preenchido que a versão dos quadrinhos.

Alguns podem ter ficado surpresos com a partida de Jane Foster para o Valhalla, mas não é uma novidade para os leitores dos quadrinhos. Em Mighty Thor #706, Jane Foster morre.

Em meio a névoa, com uma túnica branca e seu cabelo castanho, Jane se vê em frente aos portões de Valhalla. Não demora para Odin aparecer, falando com a mulher. Após uma breve conversa e Thor tentando ressuscitá-la no plano físico, Jane percebe que ainda tem muito o que fazer, desistindo de seu lugar no Valhalla.

Sem o Mjolnir, Jane venceu o seu câncer e, posteriormente, se tornou uma Valquíria. No Universo Cinematográfico da Marvel, não há indícios que se retorne do Valhalla, mas é possível que, caso Natalie Portman queira, ela dê as caras como uma Valquíria.