Tendo representações nas principais mídias para as quais a franquia The Witcher foi adaptada, a Caçada Selvagem terá sua primeira aparição na série da Netflix durante a segunda temporada.

Nos livros, o grupo é introduzido em Tempo do Desprezo, quarto título da série. Apesar disso, sua participação é mínima, e eles ganham maior importância apenas no livro 7, A Senhora do Lago.

Já nos jogos, a Caçada Selvagem aparece em visões ao longo do primeiro título da saga, mas só tem sua primeira aparição direta em The Witcher 3: Wild Hunt, onde são os principais antagonistas.

Tal qual grande parte das criaturas do universo de The Witcher, a Caçada Selvagem é inspirada em lendas que tem origem na Europa, sendo encontradas em diversos países do continente e tendo várias formas na mitologia da Idade Média.

O que as diferentes histórias têm em comum é que a Caçada Selvagem é vista como um anúncio de catástrofe. No geral, o grupo é um tido como sobrenatural ou fantasmagórico, e passa pelos lugares caçando algo.

As lendas européias também diziam que o grupo era um presságio da guerra, uma praga, ou no mínimo da morte de quem os viu. Outras histórias contavam que pessoas que encontravam a Caçada poderiam ser raptadas para o submundo ou para um reino de fadas.

Diversos destes elementos foram adaptados por Andrzej Sapkowski na sua obra, e muito das lendas é adotado no universo de The Witcher para descrever a ideia geral que se tem dos cavaleiros espectrais -- embora essa não seja necessariamente a verdade sobre eles.

Antes de começar a falar das origens da Caçada Selvagem, vale explicar os dois grupos de elfos: Aen Seidhe e Aen Elle. Os primeiros são os elfos que habitam o Continente, enquanto os segundos deixaram seu mundo e conquistaram outro, onde vivem em guerra com os unicórnios.

A Caçada Selvagem é formada por elfos Aen Elle, que continuaram a sair por outros mundos em busca de humanóides para escravizar. Embora houvessem humanos no mundo onde eles se estabeleceram, os Aen Elle acabaram com todos, buscando domínio completo sobre o planeta.

Os dois grupos de elfos são bastante diferentes culturalmente, além de viverem em mundos diferentes e não se considerarem parte do mesmo povo. Em termos de inspirações, há indicações que os Aen Seidhe tem base nos elfos luminosos da mitologia nórdica, enquanto os Aen Elle seriam baseados nos elfos sombrios.

Como já explicado, a Caçada Selvagem vem dos Aen Elle, um grupo de elfos que deixou o Continente durante a Conjunção das Esferas, um evento cataclísmico que afetou o multiverso cerca de mil e quinhentos anos antes da história de The Witcher. Devido à Conjunção, portais foram criados e criaturas ficaram presas em dimensões onde não pertenciam, motivo pelo qual o mundo de Geralt é cheio de monstros, além desse ser o motivo para a existência da magia.

Chegando a outro mundo, os Aen Elle decidiram se estabelecer, conquistando o planeta das duas raças inteligentes que encontraram lá: humanos e unicórnios. Enquanto eles ainda enfrentam estes últimos, os humanos foram completamente erradicados.

Se estabelecendo neste novo mundo, eles criaram a capital Tir ná Lia e continuaram a prosperar. Eventualmente, porém, os elfos decidiram que precisavam de escravos e partiram a outros mundos em busca deles, já que não havia mais humanóides em seu planeta.

Assim, o rei Auberon criou uma unidade de cavalaria com este propósito, que foi batizada de Dearg Ruadhri --- Cavaleiros Vermelhos -- por causa de suas vestimentas.

O general Eredin Bréacc Glas foi escolhido para liderar o grupo, e os Cavaleiros Vermelhos começaram a invadir outros mundos.

O visual do grupo, cheio de caveiras e ossos, com todos montados em cavalos de pelagem preta, pode parecer exagerado, mas é proposital: a ideia de aterrorizar outros povos e parecer espectros veio da própria Caçada Selvagem, que utiliza seu visual e magia para criar o efeito desejado.

Essa é uma estratégia de intimidação, que com certeza tornava muito mais fácil para os Cavaleiros serem bem sucedidos em seus objetivos, já que muitos sequer tentariam enfrentá-los.

Além do visual, eles também utilizam projeções para parecerem mais espectrais, dando mais credibilidade à noção de que o grupo é formado por espectros. Em determinados momentos, a Caçada Selvagem chegou até a utilizar um navio conhecido como Naglfar, que supostamente seria capaz de navegar no céu.

Apesar de atacar a diversos mundos, a Caçada Selvagem dava preferência a capturar escravos no mundo dos Aen Seidhe, o mundo que conhecemos em The Witcher. Isso porque, com o tempo, os humanos tomaram conta deste mundo.

Assim, os ataques se tornaram algo relativamente comum para os habitantes do Continente. Embora o fenômeno fosse considerado um presságio de guerra e todos o quisessem evitar, a vinda da Caçada Selvagem passou a ser vista como um tipo de fenômeno natural, como um furacão ou a erupção de um vulcão -- algo que, para os seres de The Witcher, não poderia ser previsto ou controlado, nem evitado.

Ainda assim, nos jogos existiu um grupo decidiu se dedicar a entender os Cavaleiros Vermelhos e desvendar seus mistérios. Esse grupo era a Escola da Víbora, uma escola de bruxos em Nilfgaard.

Com o tempo, eles adquiriram bastante conhecimento sobre a Caçada Selvagem, e chegaram próximos da verdade sobre diversos aspectos do grupo. Apesar dos seus esforços, eles eram desacreditados por muitos, que consideram suas hipóteses absurdas. Eventualmente, a Escola da Víbora foi destruída.

Em The Witcher 2, é revelado que o imperador de Nilfgaard, Emhyr var Emreis, havia prometido reconstruí-la caso os bruxos restantes assassinassem os reis do norte. Ao invés de cumprir sua palavra, Emhyr traiu os bruxos.

Na obra de Sapkowski, a primeira interação de que sabemos entre um dos protagonistas e a Caçada Selvagem se dá através de Ciri, em Tempo do Desprezo. Na história, a garota foge de Yennefer, sua mentora na época, esperando conseguir ver Geralt. O plano, no entanto, não dá muito certo, e Ciri se perde em meio à uma tempestade.

Enquanto ela tentava encontrar seu caminho, foi a Caçada Selvagem que a encontrou, graças ao seu Sangue Antigo e as habilidades que ela tem por causa disso. Os cavaleiros espectrais tentam capturá-la, mas Geralt e Yennefer chegam no momento certo, protegendo Ciri e fazendo a Caçada desistir (temporariamente) de capturar a menina.

Esse primeiro encontro, no entanto, é o que torna Ciri um alvo da Caçada Selvagem, que precisa do Sangue Antigo dela para poder abrir portais para novos mundos -- já que os unicórnios conseguiram acabar com os meios que eles possuíam, e os Aen Elle não possuem mais ninguém que tenha herdado o poder ancestral que Ciri possui.

Algum tempo depois, Ciri desenvolveu seus poderes e consegue viajar a outros mundos. Eventualmente ela conhece o elfo Avallac'h, que logo percebe quem ela é e quais são seus dons, e decide atraí-la para o mundo dos Aen Elle.

O plano de Avallac'h é bem sucedido, e Ciri passa a ser uma espécie de prisioneira dele e de Eredin, que era quem realmente governava os Aen Elle.

É através de Avallac'h que Ciri fica sabendo que é uma descendente de Lara Dorren, uma vez que ele conta a história da poderosa feiticeira que era filha do rei Auberon.

Assim, ele explica que, do mesmo modo que o poder do Sangue Antigo foi herdado por Ciri, ele também seria herdado pelos filhos dela, e o plano dos Aen Elle era obter esse poder através dos descendentes de Ciri e do rei Auberon.

O plano não dá certo. Embora Ciri acabe concordando com os termos, o mesmo não acontece com o próprio rei, que tem nojo da garota por ela ser humana. Com o pretexto de resolver esse problema e permitir que o rei gerasse um filho, Eredin oferece um afrodisíaco ao monarca --- mas exagera na dose da substância, levando o rei a uma overdose.

Justificando o ocorrido como um acidente, Eredin foi alvo apenas de especulação sobre suas reais intenções, sendo mais tarde revelado que o assassinato do rei foi proposital. Com isso, o Rei da Caçada Selvagem deixou de ser apenas o líder dos cavaleiros espectrais, e se tornou o rei de todos os Aen Elle.

Eredin planejava utilizar o poder de Ciri para abrir o Portão dos Mundos novamente, mas com ajuda de um unicórnio com quem havia feito amizade, a garota conseguiu escapar do mundo dos Aen Elle. Nos livros, a Caçada Selvagem não apareceu mais depois deste confronto.

Sendo uma continuação dos livros, os jogos de The Witcher levam em consideração o que aconteceu na obra de Sapkowski, mas adicionam outros fatores próprios. Assim, a Caçada Selvagem também deseja reabrir o Portão dos Mundos, mas não apenas para atacar outros planetas, e sim para garantir sua própria sobrevivência.

No universo de The Witcher, existe um fenômeno conhecido como Geada Branca, que ocorre por todo o universo, e congela mundos inteiros, acabando com toda a vida dos planetas que atinge. O porquê disso não é explicado, mas a história estabelece que não há magia ou poder capaz de parar esse cataclisma, sendo a fuga para outro mundo a única maneira de sobreviver.

Esse fenômeno chega ao mundo dos Aen Elle, o que torna a busca da Caçada Selvagem por Ciri ainda mais desesperada, já que a abertura do Portão dos Mundos se torna uma questão de sobrevivência.

Os cavaleiros espectrais aguardaram até que Ciri utilizasse seus poderes para poder segui-la, o que aconteceu após um massacre em Rivia, onde Geralt e Yennefer haviam morrido. Incapaz de aceitar a perda, Ciri os trouxe de volta com a ajuda de seu amigo unicórnio, Ihuarraquax, o que permitiu que a Caçada Selvagem a encontrasse.

Eles continuaram a caçá-la, mas Ciri se manteve na frente. Em determinado ponto durante essa fuga, Avallac'h entrou em contato com ela e se tornou seu mentor, a ensinando a utilizar seus poderes vindos do Sangue Antigo.

Percebendo que não seriam capazes de capturar Ciri, Eredin resolveu mudar seus planos, e ir atrás de Geralt e Yennefer, visando utilizá-los como isca para que a jovem viesse até a Caçada Selvagem de bom grado.

Yennefer é capturada, mas Geralt consegue escapar. No entanto, percebendo que a feiticeira foi levada, ele começa a ir atrás dos cavaleiros para salvá-la. Com isso, três bruxos da Escola da Víbora acabam se juntando a ele.

Eventualmente, Geralt consegue fazer um acordo com Eredin, ficando com a Caçada em troca da liberdade de Yennefer, algo que o Rei da Caçada Selvagem concorda, já que qualquer um dos dois serviria para seu propósito de atrair Ciri.

Ciri fica sabendo que eles capturaram Geralt e o salva, levando o bruxo de volta às proximidades de Kaer Morhen, antes de partir, fugindo dos cavaleiros espectrais novamente.

Em uma forma espectral, Eredin continuou a atormentar Geralt e tentar atrapalhar suas missões, mas eventualmente foi derrotado pelo bruxo.

Em The Witcher 3, a Caçada Selvagem tem uma papel importante, sendo os principais antagonistas da história. Na trama, Ciri retorna ao Continente, e os cavaleiros espectrais continuam a persegui-la.

Com a ajuda de aliados, Geralt e Ciri se preparam para enfrentar os Cavaleiros Vermelhos em Kaer Morhen, mas não conseguem derrotá-los. Ainda assim, a Caçada Selvagem sofre grandes perdas, e precisa de algum tempo para se reagrupar.

Nesse tempo, Geralt e Ciri descobrem onde encontrar os principais generais de Eredin, Imlerith e Caranthir. Assim, eles planejam como atacá-los separadamente, o que acaba tendo resultados melhores.

Por fim, Geralt enfrentou o próprio Rei da Caçada Selvagem.