The Legend of Zelda: Tudo o que você precisa saber sobre a franquia antes de jogar Tears of the Kingdom
The Legend of Zelda: Tudo o que você precisa saber sobre a franquia antes de jogar Tears of the Kingdom
Novo exclusivo do Nintendo Switch traz referências a diferentes títulos da história de Zelda
Depois de quatro anos de espera, The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom enfim chegou ao Nintendo Switch. Além de contar com mecânicas inovadoras, que abrem margem para um potencial criativo praticamente ilimitado, a sequência de Breath of the Wild também vem surpreendendo por sua ousada história, que traz referências a diversos momentos importantes dos mais de 30 anos da franquia.
Para acompanhar todas as reviravoltas da trama sem ficar perdido, preparamos um compilado com as informações mais importantes dos livros oficiais The Legend of Zelda: Hyrule Historia, Encyclopedia e Breath of the Wild: Creating a Champion. Assim você consegue acompanhar cada detalhe da mitologia e preparar as suas próprias teorias. Que a Deusa sorria para você!
O mito da criação da Triforce
Tears of the Kingdom mostra como aconteceu a fundação do Reino de Hyrule, algo que foi apenas sugerido em outros títulos da franquia. E para entender melhor os impactos dessa nova história de origem é importante conhecer o conflito entre deuses e demônios que antecedeu tudo isso.
O mito da criação de Hyrule foi contado pela primeira vez em The Legend of Zelda: Ocarina of Time. Quando tudo era caos, três Deusas Douradas construíram o universo. Din, a Deusa do Poder, criou as terras. Nayru, a Deusa da Sabedoria, garantiu a ordem sob todas as coisas. E por fim, Farore, a Deusa da Coragem, deu origem a toda a vida. Elas então combinaram o seu poder em um artefato místico, a Triforce, formado por três triângulos dourados capazes de conceder o desejo de quem o tocar.
Esta foi a sua última graça. As Deusas Douradas partiram para outro plano, deixando a Triforce e aquele mundo recém-criado sob os cuidados de uma outra deusa: Hylia. Governando de forma justa, instaurou uma era de paz, em que diferentes raças conviviam em harmonia. Entretanto, cobiçando o poder da Triforce, um exército de demônios começou a emergir do subterrâneo, liderados pelo Rei Demônio Demise.
Deusa Hylia contra o Rei Demônio
Lendas dizem que a forma de Demise muda ao longo das eras e dependendo daqueles que testemunham a sua aterrorizante presença. Mas uma coisa nunca muda: esta entidade é a origem de todo o mal e seu objetivo é conquistar o poder ilimitado da Triforce para mergulhar o mundo em trevas. Para isso, ele inicia uma sangrenta batalha contra as forças de Hylia. E disposto a tudo para vencer, o exército de Demise tinha a vantagem.
Para que o legado das deusas não caísse nas mãos erradas, Hylia usa as suas forças para selar Demise até conseguir encontrar uma maneira de derrotá-lo. Com o restante de seu poder, ergue seu reino aos céus para protegê-lo da corrupção, dando origem à terra de Skyloft. Porém, esta era apenas uma solução temporária. Para pôr um fim ao vilão, ela precisaria do poder da Triforce, inalcançável aos deuses.
Hylia decide abrir mão de sua divindade para poder reencarnar como uma mortal quando o selo que prendia a origem do mal enfraquecesse. Assim, centenas de anos depois, sua essência renasce como Zelda, dando início aos eventos de The Legend of Zelda: Skyward Sword. Ao lado da sacerdotisa Impa e do guerreiro Link, Zelda consegue vencer Demise, selando a sua alma na Master Sword. Porém, em seu leito de morte, o Rei Demônio lançou uma maldição.
Com o poder do seu ódio e a sua malícia, Demise prendeu a descendente da Deusa Hylia e seu campeão, Link, a reencarnarem junto dele ao longo das eras. O trio foi preso em um eterno ciclo de ódio, ressurgindo de tempos em tempos para lutar pelo destino do mundo. As forças do mal encontraram um novo campeão em cada era, o mais conhecido sendo o Rei dos Gerudos, Ganondorf.
Ganon e Ganondorf: Tem diferença?
Ganondorf traumatizou uma geração com a sua estreia em Ocarina of Time, de 1998, como o Rei do Mal. Entretanto, sua forma original como um gigantesco javali — Ganon, a Besta Demoníaca — vem atormentando os fãs desde os primórdios da franquia. Ele buscava a Triforce no primeiro The Legend of Zelda de 1986, para Nintendinho.
Desde então, considerando tanto a forma feral quanto humanoide, Ganon aparece em nove jogos, conquistando o posto de vilão mais frequente da franquia. Entretanto Ganondorf, que ressurge em Tears of the Kingdom, não dá as caras há quase 17 anos: desde que foi efetivamente morto, em Twilight Princess, com uma espada fincada em sua testa.
A origem de Ganondorf, o Rei do Mal
A história do vilão começa na era de Ocarina of Time. O primeiro homem nascido depois de mil anos entre as Gerudos, uma raça só de mulheres, Ganondorf foi criado para se tornar o próximo líder de seu povo. Ascendeu ao trono das Gerudos na época em que Hyrule enfrentava uma Guerra Civil, que terminou com a união das raças sob um único rei, o pai de Zelda, milênios depois dos eventos de Skyward Sword.
O Rei dos Gerudo foi convidado ao castelo para jurar lealdade ao Reino de Hyrule, o que o homem viu como uma oportunidade para conseguir melhorar a vida de seu povo. Os Gerudos viviam no deserto, que sofria um calor escaldante de dia e um frio mortal à noite. Seja sob a luz do sol ou a penumbra da lua, os ventos do deserto traziam sempre morte. E ao descobrir outros ventos nas terras de Hyrule, que não traziam sofrimento ou ruína, Ganondorf decidiu dominar aquele lugar para trazer um fim ao sofrimento de seu povo.
Quando teve a oportunidade, após manipular para Link abrir sem querer o selo que escondia a Triforce, Ganondorf se apoderou de seu poder e desejou se tornar o novo soberano de Hyrule. As terras verdejantes foram mergulhadas em sete anos de terror, enquanto seu defensor dormia por um feitiço, para apenas despertar no futuro. Esta viagem temporal divide a linha do tempo em três ramificações, que serão aprofundadas mais para a frente.
Ao tocar o artefato místico, Ganondorf lhe partiu em três, cada um preservando a essência de uma das Deusas Douradas. A Triforce do Poder ficou com Ganondorf, que amplificou sua força despertando uma nova forma demoníaca conhecida como Ganon. Link conquistou a Triforce da Coragem e Zelda conquistou a Triforce da Sabedoria. Junto ao poder dos seis sábios, eles selaram Ganondorf e reverteram seu estrago.
De tempos em tempos, o Rei do Mal consegue escapar da prisão com a força do puro ódio, para então ser derrotado pelos descendentes de Link e Zelda uma vez mais. Ganondorf é morto definitivamente nas duas ramificações temporais correspondentes a vitória de Link em Ocarina of Time — tanto em Twilight Princess quanto em The Wind Waker.
Os Sete Sábios
Para ajudar Link em sua missão de selar o mal, a Deusa confiou a localização do Reino Sagrado, onde a Triforce estava escondida, a mais seis discípulos. Junto de Zelda, eles ficaram conhecidos como os sete sábios. Existem registros de sua existência nos antigos tempos cultuando Hylia em Skyward Sword, mas seu surgimento pleno acontece em Ocarina of Time.
Lendas dos Sheikah, que na época era uma tribo que havia jurado defender a família real, afirmavam que os sábios ouviam um chamado diretamente do Reino Sagrado quando o mal dominasse tudo. E o seu destino era selar Ganon quando chegasse a hora. E assim fizeram, sempre que foi necessário.
Com a exceção de Zelda, a Sábia do Tempo, os primeiros sábios possuíam medalhões especiais representando o seu elemento. Rauru era o Sábio da Luz; Impa, das Sombras, Nabooru, do Espírito; Ruto, da Água; Darunia; do Fogo; e Saria, da Floresta. Seus nomes viraram lendas e foram usados para batizar vilas, florestas e montes em sua homenagem.
Em outras eras, Sábios de outros elementos surgiram. Em The Wind Waker, por exemplo, Link conhece um Sábio do Vento, da tribo Rito, e um Sábio da Terra, dos Koroks.
A Guerra do Aprisionamento
A história de Tears of the Kingdom é consequência de um evento chamado de Guerra do Aprisionamento (Imprisioning War). Contudo, esta não é a primeira vez que este nome é mencionado na franquia Zelda. Originalmente, a Guerra do Aprisionamento foi um evento sangrento que deu origem a trama de A Link to the Past.
A batalha é brevemente mencionada na introdução do game e ganha mais detalhe apenas nos livros oficiais que expandem a cronologia. Esta guerra aconteceu em consequência à possível morte de Link em Ocarina of Time, o que gera uma bifurcação na linha do tempo. Sem Link para deter Ganondorf, o vilão se apodera completamente do Reino Sagrado da Triforce e a dimensão se transforma no Mundo Sombrio.
Para evitar que Hyrule, o Mundo da Luz, fosse também contaminado pela escuridão que emanava do mundo sombrio, os seis sábios se reuniram para aprisionar de vez o Mundo Sombrio, cortando o acesso que antes existia pelo Templo do Tempo. Demônios a mando de Ganondorf fizeram de tudo para impedi-los, mas os sábios foram protegidos pelos Cavaleiros da Guarda Real.
Praticamente todo o clã de cavaleiros foi extinto nesta guerra, mas a missão de proteger os sábios foi cumprida. Ganondorf e seus demônios foram exilados no Mundo Sombrio, dando um fim à Guerra do Aprisionamento, e Hyrule vivenciou tempos de paz novamente, mesmo que por pouco tempo. Anos depois, o feiticeiro Agahnim sequestrou as Sete Donzelas, descendentes dos Sábios, para tentar romper o selo e libertar o Ganon novamente. E como esperado, Link, descendente do clã dos cavaleiros, se levantou para detê-lo.
Tudo indica que, apesar dos eventos compartilharem o mesmo nome, não estão envolvidos diretamente.
A criação da Master Sword
A Master Sword (ou Espada do Mestre, em tradução livre) é uma peça chave para a trama de Tears of the Kingdom. Conhecida como “A Lâmina que Bane o Mal”, a espada acompanha Link em quase todas as suas aventuras. A própria Deusa Hylia abençoou sua criação, imbuindo a espada com Força de Luz, a fonte de toda a vida no mundo. Assim, consegue combater Demise e suas reencarnações de igual para igual.
Hylia criou a espada, em tempos antigos, para o herói escolhido. Originalmente chamada de Espada da Deusa, um espírito com um vasto conhecimento do mundo reside em seu cabo para guiar cada novo herói que desperta em uma nova era.
Em Skyward Sword, Fi guiou seu mestre, Link, na criação da Master Sword. O hyliano forjou a espada divina com o poder de chamas sagradas contendo a essência das três Deusas Douradas. E a bênção final de Hylia despertou todo o seu poder para a batalha contra Demise. Ao derrotar o Rei Demônio, Link aprisionou a sua alma na espada para impedir que retornasse com todo o seu poder. Enquanto a espada estiver inteira, nenhum descendente de Demise conseguirá acesso a toda força do Deus Demônio ancestral.
O que acontece em Breath of the Wild?
A trama de The Legend of Zelda: Breath of the Wild começa com Link despertando sem nenhuma lembrança do seu passado em uma Hyrule completamente em ruínas. Cem anos atrás, uma Calamidade atingiu o reino, destruindo tudo em seu caminho.
Na época, Link era um cavaleiro da Guarda Real que servia como guarda-costas pessoal da Princesa Zelda. A herdeira do trono de Hyrule tinha um grande interesse em estudar a tecnologia dos Sheikah, especialmente nos robôs autômatos que ajudavam a proteger Hyrule, os Guardiões. Porém, o rei a proibia de buscar esse conhecimento. Para seu pai, a jovem precisava focar em despertar os poderes da sua linhagem divina, como descendente da Deusa Hylia.
O poder seria importante para selar o mal, que havia sido profetizado para retornar em algum momento. E assim, ela partiu em uma jornada, ao lado de Link, para tentar despertar sua ancestralidade. Quatro Campeões, guerreiros das principais tribos de Hyrule, se juntaram à Princesa em sua busca. Mas mesmo depois de visitar todas as Fontes das Deusas Douradas, Zelda não tinha ideia de como cumprir seu destino. E antes de estarem prontos, a Calamidade Ganon despertou.
Uma essência de pura maldade corrompeu os Guardiões que defendiam Hyrule e fez com que destruíssem tudo em seu caminho. Seu poder era tanto que resistir era inútil. Os Quatro Campeões acabaram morrendo em uma armadilha, tentando enfraquecer a Calamidade. E Link foi gravemente ferido ao ser encurralado por Guardiões corrompidos. No momento de maior necessidade, os poderes de Zelda despertaram e ela conseguiu proteger o seu guarda-costas. A Princesa mandou Link para uma Câmara de Ressurreição e usou sua magia para conter os poderes de Calamidade Ganon até que o herói estivesse pronto para combatê-lo.
E assim ele despertou, um século depois, para partir em uma nova aventura. Enquanto recuperava a sua memória, Link reconquistou a sua força e reuniu novos Campeões para enfraquecer a Calamidade Ganon. Com a Master Sword em mãos, o herói enfrentou a Calamidade, libertando a Princesa Zelda de seu martírio — e também a verdadeira forma de Ganon no processo. Lutando ao lado da magia da princesa, Link selou Ganon de uma vez por todas e partiu junto de Zelda para investigar o que levou a Calamidade a despertar.
Entendendo a linha do tempo de Zelda
A cronologia da série Zelda é bastante confusa devido às viagens no tempo que acontecem em Ocarina of Time. De qualquer forma, os desenvolvedores sempre encararam as histórias dos jogos como algo relativamente independente, que acontecem em sucessão com algumas centenas de anos separando cada nova aventura.
Antes da divisão da linha do tempo, a história flui de maneira linear. Primeiro, temos Skyward Sword, seguido de The Minish Cap, Four Sword e enfim Ocarina of Time. Neste jogo, Link fica preso em coma por sete anos. Ao despertar no futuro, ele desperta a habilidade de viajar ao passado, o que causa uma divisão na linha do tempo.
Caso Link seja derrotado em algum momento em sua luta contra Ganondorf, a história segue por um caminho sombrio, em que o Reino Sagrado em que a Triforce estava escondido é completamente corrompido pelas sombras. Conhecida como a Linha do Tempo do Herói Caído, nesta versão temos os eventos de A Link to the Past, Link’s Awakening, Oracle of Seasons/Ages, A Link Between Worlds, Triforce Heroes, The Legend of Zelda e The Adventure of Link.
Mas na eventual vitória de Link no final de Ocarina of Time, os eventos seguem por um novo rumo. A história termina com a Zelda do futuro enviando Link para viver no passado, para que ele não sofresse os sete anos em coma. Com este período alterado, uma nova linha do tempo surge, a Linha do Tempo Criança, em que Link tem a oportunidade de viver como uma criança normal. Porém, o futuro alternativo em que Zelda se encontra acaba ficando sem o seu herói, dando origem a Linha do Tempo Adulta, em que a ausência do Link adulto deixa Hyrule desprotegida.
Durante a Linha do Tempo Criança acontecem os eventos de Majora’s Mask, Twilight Princess e Four Swords Adventures. Na Linha do Tempo Adulta, temos os jogos The Wind Waker, Phantom Hourglass e Spirit Tracks.
Onde Tears of the Kingdom se encaixa na linha do tempo?
A história de Tears of the Kingdom começa imediatamente após os eventos de Breath of the Wild. No subterrâneo de Hyrule, Link e Zelda encontram uma ameaça antiga, que coloca o reino em perigo mais uma vez. Depois disso, há um salto temporal de alguns anos, o que nos leva a questionar como o game se encaixa na linha do tempo da franquia.
Breath of the Wild apresentava elementos presentes nas três linhas do tempo da franquia, o que deixou os fãs bem confusos em um primeiro momento. As evidências mais fortes apontavam para o pertencimento à Linha do Tempo do Herói Caído, a única em que Ganondorf não havia sido definitivamente morto, inclusive. Porém, de acordo com o site oficial da Nintendo, a história do jogo acontece em um futuro tão distante que a linha do tempo acabou se unificando novamente.
Assim, Tears of the Kingdom aconteceria neste futuro remoto em que a linha do tempo foi unificada por algum evento misterioso. Entretanto, ao prestar mais atenção à história do jogo, outra possibilidade mais provável se apresenta.
A trama mostra eventos que aconteceram de maneira diferente em outros jogos, como a fundação de Hyrule (Skyward Sword), o nascimento de Ganondorf e a sua falsa aliança ao reino de Hyrule (Ocarina of Time) e a Guerra do Aprisionamento (A Link to the Past). Sendo assim, não faz sentido considerar este jogo como parte da mesma linha do tempo que os títulos antigos. Tears of the Kingdom, assim como Breath of the Wild, deve pertencer a uma nova linha do tempo.
Neste universo, os eventos dos jogos anteriores são apenas lendas, como o próprio nome da franquia sugere: The Legend of Zelda, ou seja, A Lenda de Zelda. E ao longo da trama, descobrimos que a história real não aconteceu exatamente como as lendas diziam. Sendo assim, Tears of the Kingdom pode mudar completamente tudo o que sabemos sobre a franquia, tornando este um jogo indispensável para novos e velhos fãs.