Uma das grandes reviravoltas do final da 2ª temporada foi ver Magne (David Stakston) se pegando com Saxa (Theresa Frostad Eggesbø). Os dois representam lados opostos do conflito entre deuses e gigantes, e sempre trocaram algumas farpas. Ao longo dos últimos episódios, porém, ficou claro o quanto ambos são parecidos e enfrentam problemas pessoais muito similares.

Esse inusitado romance deve ganhar um pouco mais de espaço na 3ª temporada, mas com certeza não será um casal fácil. As coisas devem ficar feias em Edda, então as diferenças entre os dois devem passar a pesar cada vez mais nessa relação.

A segunda temporada inteira foi marcada por problemas familiares. Laurits (Jonas Strand Gravli), por exemplo, descobriu ser a reencarnação do deus Loki, e também que é um filho bastardo do gigante Vidar Jutul (Gísli Örn Garðarsson). Isso criou uma ruptura entre Magne e o jovem, que cada vez mais abraça o seu lado traiçoeiro e manipulador.

Algo parecido ocorreu entre os Jutul. Após a morte de Vidar, Saxa e Fjor (Herman Tømmeraas) passaram a disputar a sucessão da empresa da família. O arco deu espaço para Saxa brilhar, mas o irmão rapidamente cortou o barato da jovem, assumiu o posto (ainda que relutante) e minou todo o progresso que a irmã havia feito na tentativa de modernizar a imagem da companhia aos habitantes de Edda.

Os conflitos entre irmãos só devem se agravar na próxima temporada. Laurits é imprevisível ao dividir sua lealdade entre Magne e os Jutul, e Saxa pode muito bem abrir mão de sua família para colaborar com os deuses, visto que a jovem passou a temporada inteira lutando contra conceitos antiquados. Uma coisa é certa: haverá muita intriga e traição no terceiro ano.

Os paralelos com a mitologia nórdica são a base de Ragnarok, que funciona como uma espécie de modernização e recontextualização de contos e lendas. Isso só cresceu no ano dois, com a presença de mais deuses e viradas clássicas. A terceira temporada tem tudo para continuar neste caminho, e um dos seus maiores atrativos já deu as caras no programa: Jörmungandr, ou a Serpente do Mundo.

A serpente é descrita como uma criatura mitológica que se enrola ao redor da Terra, mordendo o próprio rabo. Assim como no texto original, o monstro da série é parido por Loki (ou, no caso, por Laurits), que então o joga ainda filhote no oceano. A cena final da temporada já mostra o jovem traiçoeiro deixando a pequena serpente no lago de Edda. Considerando os vários poluentes deixados pela indústria dos Jutul, o bicho pode sofrer mutações grotescas, algo que seria bem consistente com a temática ambientalista do programa.

Na mitologia nórdica, Ragnarok é a grande batalha apocalíptica entre deuses e gigantes que marca o fim da vida em Midgard, ou seja, na Terra. O início desse evento catastrófico está diretamente relacionado com Jörmungandr, já que o texto original afirma que é o ato da serpente deixar de morder a própria cauda que desencadeará o fim.

É possível que essa grande batalha final não aconteça logo na terceira temporada, mas tudo caminha para isso - como indica o próprio nome da série. De qualquer forma, o próximo ano será vital para estabelecer para estabelecer o grande confronto.

Há assuntos mais imediatos antes da série preparar sua batalha épica: a disputa entre Magne e Fjor. O jovem deus pegou certo ranço quando o gigante passou a se envolver com Gry (Emma Bones), sua ex-namorada, mas eles só se tornaram rivais após Magne matar Vidar.

Mesmo relutante e tentando seguir em frente com uma vida normal ao lado da namorada, Fjor entendeu a necessidade de seguir as tradições do velho mundo, terminou seu relacionamento, e desafiou o assassino de seu pai para um confronto até a morte.

A segunda temporada deu só um gostinho dos dois saindo no soco. Com Fjor despertando a ira de Magne nos momentos finais ao ameaçar Laurits, é certo que essa será a trama central de uma eventual terceira temporada.

A briga pode ser o arco principal, mas a preparação para o Ragnarok não pode ficar para trás. O ano dois introduziu a reencarnação de Odin na forma de Wotan Wagner (Bjørn Sundquist), que serviu como mentor para Magne encontrar outros deuses e forjar o poderoso Mjolnir.

Outras adições foram Freya (Danu Sunth), a deusa do amor, fertilidade e devoção, e também Týr (Benjamin Helstad), o deus da guerra, mas a série deixou claro: há muitos outros deuses reencarnados em Edda. Sair na mão com Fjor é uma prioridade para Magne, mas o jovem Thor deve passar os episódios inéditos reunindo uma equipe de peso para Odin. Assim, caso o apocalipse fique só para uma quarta temporada, todas as peças já estarão estabelecidas no tabuleiro.

É bom ressaltar que a Netflix ainda não renovou Ragnarok para a terceira temporada, mas isso ainda não é motivo de desespero. A leva mais recente de episódios saiu há pouco tempo, e o streaming deve anunciar novidades mais para frente. Para referência, a segunda temporada só foi oficializada mais de um mês após a estreia da primeira, em março de 2020.

A pandemia da Covid-19 também pesa bastante no desenvolvimento de séries de TV em geral. Ragnarok sentiu isso na pele em seu segundo ano, que só passou a ser filmado em setembro de 2020. Por conta disso, a estreia só foi acontecer em maio de 2021, alguns meses após o planejado.

Assim, resta ter um pouco de paciência. Como o seriado é um dos hits da plataforma, que ocupou o Top 10 por dias após sua chegada no catálogo, a encomenda de novos episódios é bastante possível.