12 histórias em quadrinhos que redefiniram a Marvel

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12 histórias em quadrinhos que redefiniram a Marvel

Por Gus Fiaux

Com mais de cinquenta anos no mercado das histórias em quadrinhos, a Marvel Comics construiu para si um grande império, conseguindo romper a bolha da mídia impressa e dominar as salas de cinema, os games e até mesmo a TV e o streaming. Porém, para que tudo isso acontecesse, muitos artistas tiveram que dar sangue, suor e lágrimas para contar as histórias mais aclamadas desse universo.

Ao longo das décadas de publicações, a editora apresentou heróis e equipes formidáveis, como os Vingadores, os X-Men, o Quarteto Fantástico e o Homem-Aranha. E foi com esses personagens que tivemos algumas das histórias mais seminais dos quadrinhos. Aqui, reunimos 12 histórias que ajudaram a redefinir o legado da Marvel!

Como são milhares e milhares de quadrinhos já publicados pela editora, tivemos que fazer uma grande seleção para incorporar apenas doze narrativas e sua importância individual para a indústria dos quadrinhos. Mas não fique triste: se sua história favorita ficou de fora da lista, nada impede que ela apareça em uma segunda parte desta matéria!

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O Retorno do Capitão América

Onde ler: Avengers #4 (1964)

Embora muitos personagens tenham sido criados antes, a Marvel começou como editora apenas em 1961, com a primeira edição da HQ do Quarteto Fantástico. Ainda assim, um ponto decisivo para a editora veio alguns anos depois, com o lançamento de Avengers #4.

Foi nessa edição que o Capitão América, clássico herói da Era de Ouro das HQs, foi apresentado no Universo Marvel. O personagem tinha sido criado na época da Timely Comics, mas a partir de 1964 passou a figurar como um dos personagens centrais da Casa das Ideias.

E a presença do herói em uma revista dos Vingadores apenas foi a ponta do iceberg. Ele não só ganhou seu próprio título solo como também passou a liderar a equipe a partir da 16ª edição, trazendo um novo grupo composto por Mercúrio, Feiticeira Escarlate e Gavião Arqueiro.

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Trilogia de Galactus

Onde ler: Fantastic Four #48-50 (1966)

Falando no Quarteto Fantástico, não podemos nos esquecer de como a equipe se tornou um grande marco para a Marvel Comics - tanto que até hoje é citada como a "Família Fundamental" da editora. Em 1966, eles iriam protagonizar um baita história global.

A Trilogia de Galactus é chamada assim por ser composta por três edições da revista da equipe, formando um pequeno arco de histórias. Embora não tenha sido a primeira vez que a Marvel fez algo do tipo, esse logo se tornou o padrão dominante das revistas, com arcos mais longos.

Além disso, a HQ não só apresentou Galactus como vilão e o Surfista Prateado, como também foi a primeira vez que os heróis da editora tiveram que lidar com uma ameaça tão grandiosa que colocava em risco a vida na Terra. Por isso, é uma história imperdível para os fãs.

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A Noite em que Gwen Stacy Morreu

Onde ler: The Amazing Spider-Man #121-122 (1973)

Tido como um dos heróis mais inspiradores dos quadrinhos, o Homem-Aranha sempre teve histórias muito divertidas e esperançosas. Mesmo em seus momentos mais sombrios - como a morte de Tio Ben -, o Amigão da Vizinhança sempre encontrava motivos para continuar a lutar.

A Noite em que Gwen Stacy Morreu, por outro lado, representou o fundo do poço para o personagem. Era a primeira vez que um personagem tão grande das revistas do herói morria, levando em conta quantas aparições Gwen Stacy tinha feito até então.

Além de representar uma virada dramática para histórias mais densas e trágicas, a HQ também serve para mostrar a flexibilização do Comics Code Authority, órgão que censurava quadrinhos considerados "inadequados" para o público mais jovem. Isso permitia à Marvel contar histórias mais adultas, refletindo o público que cresceu lendo HQs e já estava mais velho.

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A Saga da Fênix Negra

Onde ler: Uncanny X-Men #129-138 (1980)

Os X-Men não eram o grande sucesso de público que conhecemos hoje, ao menos não durante sua primeira formação. A equipe só se tornou um estrondo de vendas a partir da segunda geração de mutantes, com a entrada de membros como Wolverine, Tempestade, Colossus e Noturno.

Ainda assim, a história que viria para redefinir o grupo seria A Saga da Fênix Negra, lançada em 1980. Apesar disso, as sementes para a história já estavam sendo plantadas há anos, a partir do momento em que Jean Grey se tornou o receptáculo para a temível Força Fênix.

Porém, no arco de Chris Claremont e John Byrne, vemos a ascensão e queda da mutante telepata, ganhando um aumento considerável de poderes e uma personalidade vil e cruel. A história termina de uma forma ainda mais trágica, com Jean, em um último momento de clareza, se suicidando para salvar seus amigos.

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Guerras Secretas

Onde ler: Secret Wars #1-12 (1984-1985)

Um dos grandes diferenciais da Marvel Comics sempre foi os crossovers. Mesmo nas revistas solo, era comum vermos participações especiais de outros heróis da editora, como um convite para que os leitores pudessem desbravar mais desse universo e conhecer os personagens que o habitam.

Porém, as Guerras Secretas vieram para mudar tudo. Em 1984, a Casa das Ideias pretendia fazer uma grande saga para vender uma linha licenciada de brinquedos da Mattel. Para isso, eles reuniram diversos heróis e vilões em um Mundo Bélico criado pelo Beyonder.

Mesmo sendo apenas uma publi para uma coleção de bonecos, a saga foi um sucesso retumbante, disparando o número de vendas da editora. Dessa forma, a Marvel passou a produzir ainda mais encontros grandiosos entre seus maiores heróis, tradição que se mantém até hoje.

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Desafio Infinito

Onde ler: The Infinity Gauntlet #1-6 (1991)

Por falar nos crossovers gigantescos da editora, não podemos esquecer de falar de Desafio Infinito, a primeira parte de uma trilogia de sagas que conectou o núcleo cósmico aos heróis "principais". E você certamente deve entender toda a importância dessa narrativa...

Em Desafio Infinito, nós conhecemos mais de Thanos, que já havia sido apresentado como um vilão secundário - e sua busca pelas Joias do Infinito, como parte de um grande plano para aniquilar metade da vida no universo e agradar sua amada Morte.

A história serviu como a principal base para as três primeiras fases do MCU, culminando em Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato. Além disso, foi um sucesso gigantesco de vendas na época, assim como as sagas que completam a Trilogia do Infinito: Guerra Infinita e Cruzada Infinita,

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Homem-Aranha Ultimate

Onde ler: Ultimate Spider-Man #1 (2000)

Com o advento dos anos 2000, a Marvel percebeu que precisava de uma mudança de ares para conquistar novos leitores, principalmente o público que surgiria após o lançamento de algumas adaptações, como a trilogia do Homem-Aranha de Sam Raimi ou a saga dos X-Men da Fox.

Foi assim que nasceu o conceito do Universo Ultimate - uma realidade à parte da cronologia principal da editora, com histórias atualizadas e mais próximas do "mundo real". E tudo isso começou através de Homem-Aranha Ultimate, título criado por Brian Michael Bendis.

A revista não só dava um upgrade no Amigão da Vizinhança como também em vários dos personagens de sua mitologia, além de fortalecer o conceito do Universo Ultimate que logo seria empregado em outras histórias. Vale lembrar que, anos depois, o título ainda serviu para apresentar um herói muito querido dos fãs: Miles Morales.

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Vingadores: A Queda

Onde ler: The Avengers #500-503 (2004)

Os anos 2000 também foram importantes para a desconstrução de vários personagens e equipes dentro do universo central da casa das ideias. E foi assim que o mesmo Brian Michael Bendis que criou o Homem-Aranha Ultimate ajudou a destruir os Vingadores.

Em A Queda, tínhamos a última história perfeita da equipe - destruída pela Feiticeira Escarlate, enlouquecida pela perda de seus filhos. Em uma história trágica, cheia de mortes chocantes e reviravoltas, o mais assombroso era ver uma integrante da equipe sendo responsável por todo o caos.

A Queda ainda foi o estopim para a explosão de diferentes equipes dos Vingadores. Foi assim que surgiram os Novos Vingadores e os Jovens Vingadores, fruto do vácuo de poder deixado pela equipe central após sua dissolução. Porém, engana-se quem acha que Wanda Maximoff parou por aí...

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Dinastia M

Onde ler: House of M #1-8 (2005)

Apesar de serem heróis extremamente rentáveis para a editora, os X-Men estavam começando a dar uma dor de cabeça logística. Com milhares de mutantes soltos no mundo, todas as histórias pareciam perder peso, já que sempre havia alguém com superpoderes para salvar ou dominar o mundo.

Para contornar isso, a Casa das Ideias colocou Wanda Maximoff mais uma vez como vilã em Dinastia M. Na saga, a heroína insana cria uma nova realidade onde todos podem ser felizes. Ao descobrir que fora manipulada por seu próprio irmão, ela surta mais uma vez.

Ao dizer as três palavras amaldiçoadas ("Sem mais mutantes"), ela criou um efeito cascata que dizimou o Gene X no Universo Marvel. Depois disso, apenas 198 mutantes puderam manter seus poderes, e os demais perderam seus dons e transformaram-se em seres humanos normais... por um tempo.

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Guerra Civil

Onde ler: Civil War #1-7 (2006-2007)

Se as brigas entre heróis e vilões já estavam ficando batidas, Guerra Civil veio para mostrar a complexidade ideológica dos vários heróis que habitam o Universo Marvel, conforme a comunidade desses seres se dividiu em uma luta contra ou a favor da Lei do Registro dos Super-Humanos.

Escrita por Mark Millar e com artes de Steven McNiven, a HQ toma uma abordagem muito mais política ao mostrar a cisão entre o Homem de Ferro e o Capitão América e o efeito cascata que isso provocou ao redor do mundo, enquanto amigos se tornavam inimigos.

Mais do que isso, a HQ veio no período em que o Ato Patriótico estava fervilhando nos Estados Unidos, levantando debates acerca dos direitos individuais de cada cidadão e sua busca por privacidade - algo que casou bem com a ideia dos super-heróis e suas identidades secretas.

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Vingadores vs. X-Men

Onde ler: Avengers vs. X-Men #0-12 (2012)

Porém, se a Guerra Civil ajudou a remodelar a comunidade heroica, a saga Vingadores vs. X-Men serviu para expor ainda mais a intolerância e o preconceito contra os mutantes, mesmo entre "aliados da causa". E tudo isso por conta de uma nova chegada da Força Fênix à Terra.

Na trama, os mutantes veem a Fênix como um sinal de esperança e salvação para sua espécie, mas os Vingadores acreditam que isso só trará destruição e caos. Nessa briga ideológica, cinco mutantes são escolhidos para se tornarem avatares da entidade cósmica: Ciclope, Emma Frost, Magia, Colossus e Namor.

A saga pode ter dividido opiniões, mas veio para abalar o status quo das duas equipes, como Ciclope se transformando em um terrorista procurado e os Vingadores lavando as mãos de toda a dizimação mutante. Além disso, o final do evento mostrou as consequências da Dinastia M sendo desfeitas, com a ajuda de uma Feiticeira Escarlate arrependida.

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Dinastia X/Potências de X

Onde ler: House of X #1-6 e Powers of X #1-6 (2019)

Infelizmente, depois de Vingadores vs. X-Men, os Filhos do Átomo se tornaram persona non grata na Marvel, em grande parte por conta das disputas de direitos de adaptação da equipe, que na época pertenciam à Fox. Isso fez com que o grupo fosse deixado cada vez mais de lado.

Porém, Dinastia X e Potências de X veio para mudar isso e colocar o nome dos X-Men novamente no estrelato. Dando início a uma elogiada fase das HQs mutantes, as duas sagas entrelaçadas são a origem da Aurora de X e serviram para elevar os personagens a um posto nunca antes visto.

Após anos de perseguição e preconceito, os discípulos de Charles Xavier finalmente encontram paz e fundam sua própria nação na ilha de Krakoa. Além disso, eles encontram uma forma de não morrer, o que suscitou vários debates éticos e questionamentos a respeito da moralidade e independência dos mutantes.