Tanto Marvel quanto DC se esforçaram muito para construir cada passo da vidas de seus heróis. É fácil que o fã associe personagens da Marvel à jornadas paralelas ao mundo real. Homem-Aranha, Capitão América e vários dos X-Men, por exemplo, enfrentaram - e ainda enfrentam - dilemas comuns às vidas dos leitores.

Na DC, esses dilemas não são o principal foco. No entanto, mesmo explorando origens muitas vezes mitológicas, as histórias da casa do Superman tendem a trazer aventuras épicas repletas de metáforas, que, uma vez entendidas pelos leitores, tornam-se muito relacionáveis.

O conceito de super-poder é, em tese, fácil de aplicar. Entretanto, o balanceamento sempre foi algo problemático. Jack Kirby, ao começar a trabalhar com os personagens da DC, explorou a imensidão do universo e o quão pequeno o ser-humano é em relação ao cosmos. Naturalmente, a DC tende mostrar seus personagens com poderes mais épicos. Sim, a Marvel possui divindades equivalentes, mas não há uma preocupação com a manutenção de ícones. Deuses entre homens.

Os personagens da Marvel, em contraste, geralmente possuem poderes e habilidades um pouco mais comuns. É tradicional da editora focar mais nos aspectos sociais e paralelos com a realidade nas histórias do que nos super poderes em si.

Não é segredo que a DC, como editora, se consagrou alguns anos antes da Marvel. Seus maiores personagens foram criados no final dos anos 30, com algumas exceções surgindo nos anos 40 e 50.

A Marvel já possui um histórico um tando diferente. Apesar de Capitão América e Namor terem se tornando grandes personagens na década de 1940, a Casa das ideias, como editora, só alcançou o estrelato no início dos anos 60, quando Stan Lee e Jack Kirby viram na era de prata uma forma de humanizar os heróis, ditando um estilo narrativo que é emulado por grandes escritores até hoje.

Uma forma de humanizar as histórias foi trazendo uma relação mais próxima da ficção científica para os quadrinhos da Marvel. Enquanto isso, o material da DC continuou seguindo por um caminho muito mais fantasioso. O Quarteto Fantástico é um dos maiores exemplos de como a Marvel foi versátil com o tema. O Homem-Aranha também possui essa pegada, e no início, os X-Men beiravam esse território.

Com o tempo, a DC deixou a fantasia de lado e consegui conciliar as lições de moral de seus personagens divinos com abordagens bastantes sci-fi. Superman: Grandes Astros é um dos maiores exemplos de como a DC provou seu domínio sobre ambos os estilos literários.

Muitos dos personagens proeminentes da Marvel foram criados para integrar equipes. Os X-Men, Quarteto Fantástico e Vingadores são exemplos de como os escritores da Marvel tendem a criar personagens aptos para mais tarde entrarem em grupos super-heroicos.

No entanto, o conceito de Universo Compartilhado em Histórias em Quadrinhos surgiu nas páginas da DC, com A Sociedade da Justiça da América em 1940. Depois da Era de Prata, a editora passou a focar nas histórias individuais de cada um deles. De maneira singular, a DC costuma estabelecer grandes nomes e mais tarde, quem sabe, integra-los em alguma super equipe.

Na DC é muito comum que o mesmo super-herói já tenha sido várias pessoas, tornando o símbolo que cada um deles carrega no peito um título.

Por exemplo, o Robin já virou Batman, o Flash já passou o manto adiante, já tiveram vários Lanternas Verdes humanos depois de Hal Jordan. São títulos que passam para pessoas dignas de usa-los.

Na Marvel isso só tem se tornado comum nos últimos anos e nem sempre as mudanças soam naturais. Há algumas exceções, como Miles Morales, que se firmou como Homem-Aranha após uma passagem de manto. Isso sem falar de Scott Lang como Homem-Formiga.

A Marvel geralmente usa localidades reais como, por exemplo, Nova Iorque. Enquanto a DC usa principalmente cidades fictícias inspiradas em cidades reais.

Gotham, Metropolis, Central City, Star City, são todas inspiradas em grandes metrópoles norte americanas, mas ainda assim possuem suas singularidades.

Personagens da DC possuem uma pegada mais lendária e mitológica; enquanto os personagens da Marvel tem história mais rigorosas e épicos cronológicos.

Por exemplo, as histórias "Elsworlds" da DC não estão situadas em qualquer lugar da linha do tempo. Qualquer pessoa pode pegar uma história do Batman e ela será única. Isso faz com que o Batman tenha uma cronologia indefinida que pode ser facilmente alterada ou manipulada, o que é muito bom, porque permite que as histórias sejam escritas de maneira mais fluída e mais aberta em alguns níveis. Por esse motivo, a compreensão é mais fácil para os novos leitores.

Por outro lado, qualquer história aleatória do Homem-Aranha vai dar pistas de onde está situada na linha do tempo. Se ele é casado ou não, com quem está namorando, onde vive, qual traje está vestindo, se ele está na faculdade, escola ou trabalho. Sempre será fácil de saber onde Peter está.

Nas histórias da Marvel, o passado não está embaçado porque tudo está definido e estabelecido. Isso faz com que seja mais difícil para os novos leitores conhecerem tudo, mas torna divertida a busca por informação.

Tanto Marvel quanto DC já definiram o tom que abordarão em suas histórias cinematográficas ao longo dos próximos anos.

A Marvel segue o que Jon Favreau definiu com o primeiro Homem de Ferro, enquanto da DC viveu do legado do Cavaleiro das Trevas do Christopher Nolan até Batman vs Superman.

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