Jason é um personagem introduzido apenas em Os Heróis do Olimpo, e que muita gente não gostou de início pelas inevitáveis comparações com Percy. Apesar disso, ao longo da série fica evidente que o filho de Júpiter tem sua própria personalidade, com semelhanças e diferenças em relação ao outro protagonista.

Inicialmente, Jason é o tipo de personagem que parece perfeitinho demais, sendo poderoso, filho de um dos Três Grandes, descrito como bonito e mostrando possuir as qualidades de um bom líder. Conforme a série revela mais sobre o garoto, porém, as dificuldades que enfrentou desde a infância, bem como seu dilema para encontrar seu lugar entre os acampamentos grego e romano, resultam numa caracterização interessante e um personagem que demonstra ser um herói em todos os sentidos.

Grover é um dos personagens que conhecemos primeiro em O Ladrão de Raios, sendo amigo de Percy antes de o garoto descobrir ser um semideus. Isso parece a receita perfeita para um personagem que apenas serve de apoio para o herói principal, mas não é o que acontece aqui: o sátiro cresce ao longo dos livros de Riordan, ganhando espaço e enfrentando seus próprios conflitos, o que permite que ele se desenvolva para muito além de sua amizade com Percy.

Começando a história como um personagem que parece “desastrado” e não tão eficiente em sua tarefa de levar semideuses em segurança para o acampamento, Grover se torna mais confiante, determinado, corajoso e se torna até o escolhido do deus Pã.

Reyna Avila Ramírez-Arellano aparenta ser uma personagem fechada, fria e desconfiada inicialmente. Mas, ao longo do primeiro livro em que aparece - O Filho de Netuno - a garota já começa a mostrar que há muito mais nela que isso, e conforme a série de Riordan avança, ela se torna uma das personagens mais interessantes escritas pelo autor.

Além de ser muito forte e se esforçar para ser a melhor líder possível, Reyna se mostra destemida, determinada e pronta para arriscar tudo por aqueles que ama. Ela tem uma história bastante trágica, principalmente no que diz respeito a seu pai, mas é seu desenvolvimento que realmente se destaca ao permitir que a filha de Belona encontre seu próprio caminho. Enquanto poderia ter sido utilizada apenas para o drama de um triângulo amoroso, devido a seus sentimentos por Jason Grace, sua história se desenvolve de modo diferente e muito melhor trabalhado, já que o interesse romântico é parte de sua caracterização, bem como de sua jornada para aceitar que não precisa da validação do amor romântico.

Leo Valdez é um personagem extremamente carismático, e logo conquista com seu humor e personalidade. Por trás disso, é perceptível desde o início que o filho de Hefesto carrega inúmeras inseguranças, bem como um passado um tanto trágico. Mas o que mais faz com que ele se destaque é maneira “realista” como Leo é escrito.

Ainda que seja um herói cheio de qualidades, o personagem é escrito de forma muito humana, e carrega inúmeras falhas que, em geral, não são apresentadas em personagens vistos positivamente. Leo é impulsivo, se arrisca demais e, mais que isso, é notável em seus capítulos que ele carrega sentimentos negativos, tendo inveja de personagens como Jason, um humor um tanto instável que por vezes pende para o lado ruim, bem como um quê de amargor escondido lá no fundo - coisas camufladas por seu humor. Tudo isso contribui para criar um personagem bem mais complexo que o alívio cômico que ele parece ser, tornando Leo um dos melhores personagens da série.

Thalia Grace é introduzida na história de Percy Jackson e os Olimpianos de forma extremamente impactante - quem não se lembra da última linha de O Mar de Monstros, quando a garota retorna? Sua presença ao longo dos livros mantém a filha de Zeus como uma presença tempestuosa, capaz de mudar o rumo da trama e sendo um contraponto interessante para o protagonista.

Apesar de não ter tanto destaque quanto outros personagens da lista, Thalia passa por um grande desenvolvimento, se tornando capaz de reconhecer sua falha mortal e evitar as consequências catastróficas que poderiam vir disso. Após se tornar uma das Caçadoras de Ártemis, a garota tem um papel menor na saga, mas é notável o quão mais sábia e paciente ela se tornou, sem perder as características que a tornam uma boa líder.

Em uma série tão marcada por personagens heróicos, Hazel Levesque se destaca de um jeitinho muito particular. É claro que não há falta de semideuses corajosos ou bondosos, mas poucos são tão genuinamente bons quanto a filha de Plutão.

Hazel tem um dos passados mais pesados da série, com uma mãe abusiva e sendo explorada pela própria Gaia, a garota se sacrificou sem pensar duas vezes para impedir os planos da Titã, apesar de ter apenas 13 anos. Esse é um traço notável da semideusa ao longo de toda a série: Hazel sempre faz o que acredita ser certo, ainda que precise se arriscar ou se prejudicar de alguma forma, enfrentando tudo com coragem e resiliência. Leal, teimosa e com todas as qualidades de uma boa líder, Hazel pode não ter a personalidade expansiva que faz certos personagens se destacarem, mas brilha com sua determinação em seguir seu próprio caminho mesmo quando precisa desafiar os próprios deuses.

Luke Castellan é um nome marcante para todo fã da trilogia original. Se destacando inicialmente como uma presença amigável na vida de Percy quando o garoto chega ao Acampamento Meio-Sangue, a traição do filho de Hermes certamente machuca os leitores - e suas ações como antagonista da saga permeiam não só suas aparições, como as histórias de diversos outros heróis da saga.

O impacto do personagem é inegável, mas há mais que isso para considerá-lo um dos melhores personagens da série. Luke é o resultado não só da ausência de seu pai e instabilidade de sua mãe, como do ressentimento de perceber que os deuses não são apenas distantes - muitas vezes são cruéis, mesmo com seus próprios filhos. Não é difícil entender o porquê do garoto ter seguido o caminho de Cronos, com um motivo muito justo para isso, ainda que não tenha tomado as atitudes certas.

No fim, Luke percebe o erro do que havia feito, e é o responsável por dar um fim ao conflito com os Titãs. Seu arco o constrói como um herói trágico, extremamente falho, mas não cruel por prazer ou se deleitando no sofrimento causado. Não dá para falar dos grandes personagens da obra de Riordan sem citar o antagonista.

Poucos personagens ao longo da saga de Riordan passaram por tanto desenvolvimento quanto Nico di Angelo. Apresentado inicialmente como um garotinho animado que só queria proteger sua irmã, ele segue um caminho bem mais obscuro e solitário após ser abandonado por ela e perdê-la, amadurecendo e se tornando um importante aliado na batalha pelos Olimpianos na série principal, ainda que não queira se juntar aos semideuses do Acampamento Meio-Sangue. Mas seu desenvolvimento não para por aí, e ao longo de Os Heróis do Olimpo e As Provações de Apolo ele continua crescendo, aprendendo a se abrir para as pessoas e buscando seu lugar no mundo.

Não é à toa que Nico é uma das presenças mais recorrentes ao longo de toda a série. Ele não é extrovertido ou um grande líder como outros dos heróis da saga, além de ser capaz de guardar grande ressentimento e raiva, mas também é extremamente corajoso e protetor em relação àqueles que ama. O filho de Hades enfrenta seus problemas, lidando também com seus traumas e perdas, o que resulta em um arco de personagem muito bem construído e um dos heróis mais interessantes de toda a saga.

Os primeiros lugares quando se trata dos melhores personagens da saga são ocupados por seus protagonistas, e é compreensível que eles sejam tão populares, afinal foram os primeiros heróis que o público conheceu e acompanhou ao longo de anos. Annabeth Chase se destaca não só por seu desenvolvimento ao longo da série, mas por seu papel na narrativa, principalmente se comparada ao que é esperado de protagonistas femininas.

Desde o início fica claro que a filha de Atena é o interesse romântico de Percy, mas seu desenvolvimento não depende disso. Mesmo na série original, Annabeth precisa lidar com suas próprias falhas, como seu orgulho, além de se mostrar determinada a se provar após uma vida de ser deixada de lado ou protegida pelos outros. Até sua relação com o antagonista da série, Luke, não tem nada a ver com Percy, e sim com a história entre ela e o filho de Hermes. Ela tem seu próprio espaço, sendo uma personagem completa sem depender do protagonista.

Annabeth tem diversas falhas, como o já citado orgulho, sua teimosia, e até o ciúmes. Mas ela também é extremamente inteligente e capaz, além de se importar muito com seus amigos. A garota se mantém firme em suas convicções mesmo quando tentada por um amigo (e antigo interesse romântico) a mudar de lado; sua resiliência e força também são notáveis, afinal aguentar o fardo de Atlas e segurar o céu por horas não é para qualquer um, e sua determinação é reconhecida até pelos próprios deuses.

Chegando ao fim, é claro que o grande herói que dá nome à série original não poderia faltar. A saga como um todo conta com diversos personagens incríveis, que infelizmente não foram mencionados - ainda assim, o protagonista Percy Jackson é certamente um dos grandes destaques.

Ainda que os personagens de Os Heróis do Olimpo tenham conquistado seu lugar, muita gente não gostou da ausência de Percy no primeiro livro da série. O filho de Poseidon se consolidou como uma presença constante e bem-vinda, que muitos acompanharam se desenvolvendo enquanto eles próprios cresciam. Mas desde sua base o garoto se destaca, tendo um humor perspicaz em sua narração, coragem de sobra e um defeito mortal com o qual é difícil não simpatizar: sua lealdade àqueles que ama, mesmo que o resto do mundo esteja em perigo.

Percy é imprevisível, rebelde e segue suas próprias regras, frequentemente indo contra até os deuses por causa disso. Ao longo da saga, ele se torna bem menos impulsivo conforme cresce e amadurece, principalmente nos livros mais recentes. Ele próprio reconhece que por vezes se mostrou indiferente ao sofrimento de alguns dos personagens que encontra pelo caminho, como Calypso; ainda assim, o garoto se mostra gentil e altruísta em diversas ocasiões, fazendo o certo simplesmente porque é o certo a se fazer.

Poucos protagonistas na literatura infanto-juvenil conseguem equilibrar tão bem seus defeitos e qualidades, crescendo e mudando ao longo da série sem se tornarem absurdamente perfeitos e irrealistas. Assim, é impossível falar dos melhores personagens de Rick Riordan sem citar aquele que deu início a tudo.