Dizer que Peaky Blinders é baseada em uma história real depende do ponto de vista. Se, por um lado, a gangue realmente existiu na cidade de Birmingham, os eventos da série da BBC não são necessariamente uma cópia fiel da realidade. O criador da produção usou a gangue como inspiração para a trama protagonizada por Cillian Murphy, optando por uma maior liberdade criativa na dramatização.

Durante uma entrevista ao History Extra, Steven Knight revelou que a ideia para a série foi baseada em histórias que seu pai lhe contava sobre homens que eram “bem-vestidos, usavam boinas e carregavam armas em seus bolsos”. Familiar, né? Porém, apesar das semelhanças na descrição, os Peaky Blinders verdadeiros eram bem diferentes.

Enquanto na série a trama se passa em meados dos anos 1920, os Peaky Blinders originais surgiram bem antes, em 1890. Na época, movimentos de subcultura começaram a emergir na cidade de Birmingham, como consequência de uma recessão econômica. A crise era tanta que muitas pessoas, especialmente homens jovens, começaram a participar de atividades ilegais para sobreviver, como apostas e roubos.

Foi assim que organizações criminosas, como a que inspirou Peaky Blinders, deram as caras durante o período. Utilizando ataques violentos como demonstração de poder, eles foram ganhando “fama” nos arredores, marcados por uma desigualdade social intensa.

Em contrapartida, a série de Steven Knight é ambientada após o final da Primeira Guerra Mundial, que aconteceu entre os anos 1914 e 1918. O protagonista Thomas Shelby é constantemente atormentado pelas memórias da guerra, já que ele era um soldado, fazendo com que o cenário tenha grande importância para o seu desenvolvimento ao longo da série.

Existem algumas teorias que tentam explicar de onde veio o nome Peaky Blinders. Uma delas até foi utilizada na criação da série: a de que os gângsteres escondiam navalhas em suas boinas para cegar os inimigos com facilidade. No entanto essa especulação já foi contestada pelo historiador Carl Chinn. Segundo ele, o título diz respeito ao fato de que a gangue original usava boinas pontudas (conhecidas também pela expressão “peaky”) que cobriam seus rostos (“blinders”, indicando a falta de contato visual).

Uma curiosidade: na vida real, uma das primeiras aparições do nome Peaky Blinders foi em uma carta publicada no jornal Birmingham Daily Mail, em 1898. A carta dizia: “Certamente, todos os cidadãos respeitáveis estão cansados da brutalidade em Birmingham e dos assaltos à polícia. Não importa qual parte da cidade você esteja, gangues de ‘peaky blinders' estão por lá insultando homens, mulheres e crianças [...]”.

Diferentemente da gangue da série, os Blinders originais não eram uma organização de família. Os integrantes eram, em sua maioria, homens jovens de classe baixa que viviam em bairros violentos. Suas idades variavam entre 12 e 30 anos, e eles não tinham uma união de sangue como os Shelbys: os integrantes eram apenas associados.

Ao contrário dos eventos narrados na série, os verdadeiros Peaky Blinders não estavam interessados em conquistar poder para dominar Birmingham. Seus atos criminosos eram motivados apenas por necessidade e instintos de sobrevivência. Mas, assim como o grupo comandado por Thomas Shelby, a gangue original também sabia como causar uma boa impressão utilizando vestimentas estilosas.

Não, Thomas Shelby não existiu na vida real. Mas a criação do nosso frio e calculista favorito pode ter recebido algumas inspirações de criminosos reais. Um deles é o próprio - e suposto - líder dos Peaky Blinders originais, Kevin Mooney, também conhecido pelo pseudônimo Thomas Gilbert .

Outro ponto em que a ficção e a realidade divergem é em relação aos crimes. Como dito anteriormente, os Blinders originais não estavam muito preocupados em conseguir poder na Inglaterra. Assim, o grupo era menos organizado do que a versão da série e suas atividades não eram consideradas tão inteligentes ou extraordinárias.

Em sua maioria, os integrantes cometiam delitos pequenos como roubos, assaltos, invasões, entre outros. Os mais elaborados envolviam fraudes, por exemplo, mas não havia nenhuma estratégia grandiosa como as da família Shelby.

Na série, alguns inimigos de Thomas Shelby realmente existiram. Um deles foi Billy Kimber, líder da gangue Birmingham Boys, que na série é interpretado por Charles Creed-Miles. Apesar de estarmos acostumados a ver os Peaky Blinders sempre em vantagem na série, a realidade não era bem assim. Os Birmingham Boys eram muito mais agressivos e imponentes do que eles.

Outros gângsteres reais que também deram as caras na série foram Charles “Darby” Sabini, interpretado por Noah Taylor, e Brilliant Chang, vivido por Andrew Koji.

Partindo para uma figura histórica, o famoso Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido fez uma aparição durante a quinta temporada. Os eventos narrados na série acontecem duas décadas antes da ascensão do político e prometem estabelecer os novos interesses de Shelby. Já Oswald Mosley, interpretado por Sam Claflin na produção, também existiu na vida real: ele foi um parlamentar britânico e líder de uma organização fascista.

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