O Homem de Ferro sempre foi considerado um "herói classe-B" da Casa das Ideias antes de ganhar sua adaptação para os cinemas - e, por isso, faz bastante sentido que vários dos vilões do personagem não fossem muito conhecidos pelo público leigo, como é o caso do Chicote Negro. Porém, Homem de Ferro 2 estraga muito mais do que o legado do vilão.

O Ivan Vanko que conhecemos no filme é uma fusão de várias figuras dos quadrinhos, como o já citado Chicote Negro e também o Dínamo Escarlate, outro vilão recorrente das aventuras do Vingador Dourado. Até mesmo o próprio Mickey Rourke, que deu vida ao personagem, disse não ter ficado feliz com a experiência e com as mudanças exigidas pela Marvel Studios.

Quem leu um pouco dos quadrinhos do Thor sabe que Malekith não é um inimigo que não pode ser levado a sério. Líder dos Elfos Sombrios, ele é conhecido por sua experiência com magia e por já ter arquitetado planos ardilosos para ascender ao poder, como na saga Guerra dos Reinos, em que ele tenta usurpar os Dez Reinos de Yggdrasil.

No entanto, a adaptação do personagem em Thor: O Mundo Sombrio - onde foi interpretado por Christopher Eccleston - é bem aquém de todo o peso do vilão nos quadrinhos. Aqui, ele é apresentado como uma ameaça mesquinha que quer "mergulhar o universo na escuridão" e que comanda um exército genérico de capangas.

O lado cósmico da Marvel sempre apresentou figuras bem interessantes nas HQs, a exemplo de Ronan, o Acusador, um lendário general dos Kree que é conhecido por seu senso deturpado de honra e a necessidade de fazer justiça ao seu povo, custe o que custar. A Marvel Studios tentou levá-lo ao cinema duas vezes - e nas duas, o resultado não foi muito positivo...

Interpretado por Lee Pace, Ronan apareceu pela primeira vez como o vilão principal de Guardiões da Galáxia, e apesar de seu visual icônico e seus trejeitos fanáticos, logo foi apontado como um dos piores antagonistas do MCU. Posteriormente, vimos o passado do Acusador em Capitã Marvel, mas o personagem tem pouquíssimo espaço ou desenvolvimento no filme.

Até hoje, Vingadores: Era de Ultron divide as opiniões dos fãs. De um lado, há quem diga que o filme consegue manter o nível do primeiro e ainda dá pistas para o que viria com a Guerra Civil e a invasão de Thanos. Do outro, muitos sentem que a continuação de Joss Whedon falha em trazer uma história concisa, sobretudo devido ao número inflado de personagens.

Quem acaba perdendo mais nessa equação é o próprio Ultron, um robô assassino que sonha em exterminar a humanidade para construir um mundo "perfeito" em seu lugar. O vilão é um dos maiores inimigos dos Vingadores nas HQs, e a decisão de alterar sua história de origem e colocá-lo como o vilão de um único filme deixou muitos fãs bem decepcionados.

O filme solo da Capitã Marvel veio com a difícil missão de apresentar a heroína ao público antes de Vingadores: Ultimato - e como resultado, é uma colcha de retalhos que, apesar de ter sofrido um hate injustificado na época de seu lançamento, também está longe de ser um dos melhores filmes do MCU. E em grande parte, isso se deve aos vilões.

Aqui, somos apresentados a Yon-Rogg, um comandante do exército dos Kree que logo se revela uma figura sombria por trás da origem de Carol Danvers como Capitã Marvel. Mesmo interpretado pelo ótimo Jude Law, o personagem tem pouco carisma e não consegue ser ameaçador - apesar de ter sido um dos maiores inimigos do Mar-Vell nas HQs.

Com épicos grandiosos como Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato, é até um milagre que os Irmãos Russo tenham conseguido deixar que cada personagem tivesse seu "momento de brilhar" - ao menos, no campo dos mocinhos, já que a Ordem Negra de Thanos vem apenas para cumprir o papel de capangas para uma ameaça superior.

Composta por Próxima Meia-Noite, Corvus Glaive, Estrela Negra e Fauce de Ébano (sem a Supergigante das HQs), a equipe possui uma ou outra cena interessante, mas nenhum deles possui nenhum aprofundamento na trama. Nunca sabemos ao certo quais suas ligações com Thanos e porque eles o defendem tão bravamente, e para piorar, todos os quatro ainda são mortos duas vezes.

Lançado em 2021, mais de dez anos após a primeira aparição da heroína no Universo Cinematográfico da Marvel, o filme solo da Viúva Negra veio com a proposta de dar aos fãs a "aventura solo pela qual todos esperavam", e o que tivemos é bem aquém dessas expectativas. O filme até faz um trabalho decente apresentando Yelena Belova, mas é só isso.

O pior de tudo é a inclusão do Treinador, vilão dos quadrinhos conhecido pela capacidade de "copiar" as habilidades e estilos de luta de seus inimigos. O filme faz uma subversão com o personagem, alterando sua origem e ainda por cima nos oferecendo uma "redenção", que será explorada mais a fundo em Thunderbolts. Ainda assim, é um desperdício de um ótimo conceito para um supervilão.

Desde que Ultimato chegou aos cinemas, os fãs vem sentido um grave declínio na qualidade das obras do Universo Cinematográfico da Marvel, e Thor: Amor e Trovão talvez seja um exemplo gritante disso, sobretudo após o divertido Ragnarok - que, apesar de ter incomodado vários fãs, é um filme competente naquilo que se propõe.

No entanto, o quarto longa do Deus do Trovão tenta abraçar o mundo com as mãos e falha no processo, desperdiçando vários arcos bem importantes das HQs, como a história de Gorr, o Carniceiro dos Deuses. Um dos vilões mais sombrios e assustadores da Marvel Comics, ele tem pouca imponência no filme, e nunca consegue imprimir uma real ameaça sobre os heróis.

Quem acompanha os quadrinhos sabe que M.O.D.O.K., em mais de 90% de suas aparições, nunca é levado a sério - nem pelos heróis e muito menos pelos roteiristas da Marvel. Afinal, ele é um cientista maluco com a cabeça gigante, que flutua em uma cadeira especial e é conhecido por seus planos malucos para conquistar o mundo.

Em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, a Marvel Studios dá ao vilão uma outra origem, transformando-o no próprio Jaqueta Amarela do primeiro filme do herói, transformado após sua viagem ao Reino Quântico. A ideia é interessante e o personagem rende algumas piadas divertidas, mas a execução final é complicada, especialmente pelos efeitos especiais duvidosos.

Em Capitã Marvel, tivemos a promessa de conhecer os Skrulls - uma poderosa raça de metamorfos do Universo Marvel, conhecidos por sua sede de poder e hostilidade. Porém, o filme logo subverteu essas expectativas, ao mostrá-los como uma raça acuada e fugitiva, que busca um novo lar para que possam sobreviver a salvo dos Kree.

Isso não é um problema e até confere mais complexidade à trama, mas a real é que a Marvel Studios não soube o que fazer com esses personagens, algo que vemos muito claramente em Invasão Secreta, série que mostra todo o plano dos Skrulls para se infiltrarem na Terra. Após a série, esperamos que eles passem um bom tempo longe das telinhas e telonas...