Não podíamos começar por outro ponto senão antes do nascimento de Peter.

Em Trouble, Mark Millar conta a história de Mary, Richie, May e Ben, respectivamente os pais e tios de Peter Parker.

A trama se passa na adolescência dos personagens, durante as férias. Mary inicia um relacionamento com Richie, mas não quer ter relações sexuais com ele, com medo de engravidar.

May e Ben se conhecem e, logo na primeira noite, acabam transando. Richie não entende os motivos de Mary e acaba traindo a garota com May.

Depois de voltarem às suas rotinas, May descobre que está grávida. Ela diz que Ben é o pai, mas ele revela ser estéril. May pede ajuda a Mary, que fica enfurecida ao descobrir que foi traída por sua melhor amiga.

Quando May diz que está pensando em suicídio, Mary decide ajudá-la. Elas estavam trabalhando em um resort de luxo, longe de casa. Assim, Mary assumiria o filho de May como seu, já que seus pais eram muito liberais, e os pais de sua amiga extremamente conservadores.

Logo, nasce um garoto que é chamado de Peter. Mary e Richie criam a criança como se fosse seu próprio filho enquanto May volta para sua vida normal.

Não! Simplesmente não, Marvel!

A obra de Kaare Andrews se passa 35 anos no futuro e mostra um Peter Parker mais velho e enrijecido pelas marcas do tempo, tendo que voltar à ativa para enfrentar novas ameaças e o retorno de inimigos do passado.

Potestade tenta ser uma espécie de Cavaleiro das Trevas para o Homem-Aranha.

Então vocês se perguntam: O que há de errado com isso?

Nada. Potestade é uma história perturbadora e profunda, mas, como estamos falando dos piores momentos na vida de Peter Parker, não podemos deixar de falar da morte de Mary Jane.

Aqui, descobrimos que a ruiva morreu de câncer decorrente da longa exposição ao próprio Cavaleiro das Teias. Devido à picada da aranha radioativa todos os fluídos corporais de Peter Parker passaram a carregar certo nível de radioatividade. Isso inclui seu sangue, sua saliva e, tragicamente, seu sêmen.

Imaginem como seria perder o amor da sua vida justamente por viver uma vida normal com ela e acabar sendo o culpado de sua morte...

É... Peter Parker tem um histórico recorrente em matar namoradas, mas, nesse caso, não havia muito o que fazer.

Gwen Stacy foi o interesse amoroso mais importante do Homem-Aranha nos Anos 60 e 70. Justamente por isso sua morte foi tão impactante.

A loira foi sequestrada pelo Duende Verde e jogada do topo da Ponte do Brooklyn. Ao tentar impedir a queda de sua namorada, Peter Parker a alcançou com sua teia, mas a parada brusca fez com que Gwen quebrasse o pescoço e acabasse morrendo.

Mais uma vez: Imaginem como seria perder o amor de sua vida por uma atitude errada que você tomou? Ou mesmo, simplesmente, assistir a isso sem poder fazer nada para salvá-la.

A Noite em que Gwen Stacy Morreu alterou completamente a vida do Homem-Aranha. Suas histórias deixaram de ser leves e com um tom cômico e passaram a ser mais sombrias e tristes.

Para muitos, ali acabava a Era de Prata dos quadrinhos e começava a Era de Bronze.

Gwen Stacy sempre foi vista como uma moça pura, de bom caráter e fiel ao seu namorado.

Tudo isso foi por água abaixo com Pecados Pretéritos. A saga, escrita por Michael Straczynski e ilustrada pelo brasileiro Mike Deodato Jr., recontou a história da personagem e mostrou que Gwen teve um caso com ninguém menos que Norman Osborn.

Como se isso não bastasse, ela teve filhos gêmeos que foram envelhecidos artificialmente e voltaram para buscar vingança contra o Aranha.

A primeira vez que os pais de Peter Parker foram citados nos quadrinhos foi em Spider-Man Annual #5, onde descobrimos que Mary e Richie eram agentes secretos que morreram durante uma missão.

Porém, na edição 386 de Amazing Spider-Man, os personagens retornam como se nada tivesse acontecido. Mais tarde, descobrimos que tudo não passava de um plano do Camaleão para assassinar o Homem-Aranha, e os pais de Peter eram, na verdade, robôs programados para seguir as ordens de Mac Gargan.

O fato de ver seus pais retornarem e depois tentarem matá-lo, certamente, já seria traumatizante o suficiente para Peter Parker.

Mas o pior é que esse arco é extremamente mal desenvolvido. O roteiro é preguiçoso, as soluções são irritantemente convenientes e o Cabeça de Teia é retratado como um bobo, que não consegue perceber o que está acontecendo ao seu redor.

Durante a saga Vingadores: A Queda, Paul Jenkins resolveu aproveitar um dos títulos do Homem-Aranha que não estava tendo tanto destaque - Spetacular Spider-Man - e realizar uma grande mudança.

Na história, Peter Parker é beijado por uma vilã misteriosa conhecida como A Rainha.

Depois disso, o jovem Cabeça de Teia começa, literalmente, a se transformar em uma aranha. Quando a transformação está completa, um novo Peter Parker surge de dentro do corpo do aracnídeo.

O novo Homem-Aranha possui lançadores de teia orgânicos - iguais aos do filme de Sam Raimi - e a habilidade de comunicar-se com insetos telepaticamente.

Logicamente, a transformação não durou muito tempo. Mas a Marvel voltou a apostar em Peter virando uma aranha gigante na saga O Outro.

Em Amazing Spider-Man #130 a Corona Motors se oferece para criar um carro para o Homem-Aranha, na tentativa de fazer publicidade para sua nova linha de carros ecologicamente corretos.

O próprio Peter Parker achou essa ideia completamente idiota, mas acabou aceitando, pois precisava do dinheiro oferecido pela campanha publicitária.

O carro foi destruído logo em sua primeira missão, enquanto o Cabeça de Teia enfrentava o vilão Cabeça de Martelo.

A Marvel voltou a investir na ideia em 2013, quando Peter, já milionário, decidiu reconstruir o Aranha-Móvel com os recursos da Parker Industries. Logicamente, a Casa das Ideias queria aproveitar o veículo para lucrar com a venda de brinquedos.

Sinceramente, o melhor uso do Aranha Móvel se deu quando Deadpool encontrou a sucata do veículo original e o transformou em seu DeadBuggy.

Ah, vale lembrar que em Amazing Spider-Man #130, Tia May estava prestes a se casar com ninguém menos que Dr. Octopus!

Escrita pelo aclamado John Byrne, Homem-Aranha: Gênese é uma saga bem desenvolvida e certamente teria sido muito bem recebida se acontecesse em um universo alternativo ou fosse abordada na série E Se...

O grande problema de Gênese foi que a Marvel decidiu tornar a história canônica, alterando a criação original do Homem-Aranha de Stan Lee e Steve Ditko, em 1962.

Apesar de ser uma grande história, Gênese altera elementos clássicos da mitologia de Peter Parker. Um exemplo são as origens do Homem-Aranha e do Doutor Octopus, que acabaram acontecendo em decorrência de uma explosão no laboratório onde ambos trabalhavam.

Apesar de receber críticas mistas, a história provocou uma onda de ódio por parte dos fãs, e a Marvel teve de voltar atrás e desconsiderar a história do canon.

Superior Homem-Aranha foi, talvez, a história mais ousada do Cabeça de Teia.

Na trama, vimos Dr. Octopus trocar de corpo com Peter Parker e deixar o verdadeiro Homem-Aranha morrer, tornando-se o novo herói.

O Superior Homem-Aranha era muito mais violento que Peter Parker e eliminava seus inimigos definitivamente, além de ser extremamente egocêntrico.

O pior é que o fantasma de Peter Parker acabou retornando e presenciou tudo o que estava acontecendo, incluindo o relacionamento de um de seus maiores inimigos com sua própria namorada, Mary Jane.

Não há como negar que o pobre Cabeça de Teia sofreu como um condenado nessa saga. Apesar de ter seus pontos fortes, Superior Homem-Aranha dividiu os fãs.

Ame-a ou deixe-a!

Depois que Peter Parker revelou sua identidade em Guerra Civil, o Rei do Crime contratou um assassino para matá-lo.

O Homem-Aranha conseguiu escapar do tiro, mas Tia May foi atingida pelo disparo.

Conforme os dias iam passando, a velhota ia ficando cada vez pior. Peter recorreu à todo recurso que podia, mas nenhum herói conseguiu ajudá-lo.

Foi então que Mephisto ofereceu um pacto ao personagem. Em troca de tudo o que ele havia vivido nos últimos anos - incluindo seu casamento com Mary Jane e o nascimento de sua filha - Tia May sobreviveria.

Peter falou do acordo para Mary Jane e eles passaram seu último dia juntos, aproveitando ao máximo a companhia um do outro. A ruiva ainda disse que só aceitariam o acordo, caso Mephisto também apagasse a identidade de Peter das mentes das pessoas. O que o demônio concordou em fazer.

Essa é, certamente, uma das histórias mais odiadas do Homem-Aranha. O personagem devia ter aceitado a morte da Tia May e seguido adiante. A capacidade de levantar a cabeça quando tudo parece perdido é o que torna Peter Parker tão humano, e tudo isso foi desconsiderado nessa abominável história de J. Michael Straczynski.