Durante a edição especial do Free Comic Book Day dedicada à saga, um momento deixou os fãs bem chocados: o Capitão América da HIDRA segurando o lendário martelo do Thor, como se fosse digno de seu poder, enquanto destroçava os exércitos dos super-heróis opostos a ele.

Eventualmente, isso foi explicado na última edição da saga, onde descobrimos que o martelo havia sido alterado por uma lasca do Cubo Cósmico, para ser erguido pelo mais forte da HIDRA. Contudo, ainda não podemos deixar de nos perguntar por que motivo o vilão não usou a poderosa arma durante todo o evento, ainda mais considerando o misterioso desaparecimento de Jane Foster.

Por falar em Jane Foster e no Mjölnir, outro personagem que teve uma postura bisonha nessa saga foi Odinson, o Deus do Trovão original. Aqui, é dito que ele se aliou aos Vingadores da HIDRA. Contudo, diferente do Visão, que havia sido dominado por um vírus, ou da Feiticeira Escarlate, possuída por Chthon, o asgardiano tinha feito isso em plena consciência.

Depois, é explicado que o herói estava confuso no meio do evento, tentando encontrar Jane Foster, que estava perdida em meio a essa situação. Isso ainda não explica bem por que o herói havia se aliado à organização nazista, ainda mais vendo todas as atrocidades causadas por eles. Ao menos, ele se redimiu no final...

Além do Deus do Trovão, outros heróis "estranhos" se uniram à HIDRA de formas bizarras. E o Deadpool foi um desses, embora indique-se que ele possa ter sido "enganado" pelo Capitão América - enquanto ele ainda nem sequer havia se transformado em um agente da HIDRA graças às manipulações de Kobik, o Cubo Cósmico vivo.

Aqui, o herói diz ao mercenário que o agente Phil Coulson estava agindo de forma estranha, levando-o a caçar o operativo da S.H.I.E.L.D.. Em um momento chocante, o mercenário assassina Coulson sem piedade e não mostra nenhum remorso posteriormente, dando indícios de outra morte desnecessária e bizarra na saga.

A proposta de Marvel Generations cativou os fãs instantaneamente. Aqui, os heróis - de alguma forma misteriosa - foram deslocados de sua realidade e jogados em diversos pontos do passado, onde reencontravam outros heróis que serviram de seus "mentores". E isso eventualmente foi explicado ao final de Império Secreto.

É dito que Kobik, após restaurar a realidade, envia os heróis ao passado para esse momento. Mas afinal, por quê? Isso poderia afetar a cronologia de formas brutais e, ainda assim acontece. Qual a motivação de Kobik? Como os heróis "esquecem" de ter sido enviados ao longo da série de one-shots? E quais repercussões isso trará no futuro?

Assim como em boa parte dos eventos mais recentes do Universo Marvel, os X-Men tomam uma postura muito mais passiva e distanciada em Império Secreto. E o "bizarro" aqui, na realidade, tem a ver com o papel dado aos mutantes, que vivem - durante o evento - no país independente de Nova Tian.

Nos quadrinhos da linha Ultimate, havia um local parecido habitado por mutantes. A diferença é que, nesse universo, Nova Tian é comandado por Xorn, que por sua vez, é controlado mentalmente por Emma Frost, plenamente apoiada pelo Capitão América. Desde o fim de Morte do X, a Marvel parece querer retorná-la mais e mais para a posição de vilã.

Mortes são elementos já risíveis no Universo Marvel dos quadrinhos. Todos sempre esperam que os personagens falecidos acabem retornando em algum momento, com pouquíssimas exceções dignas de nota. Entretanto, Império Secreto dá um fim bizarro e cruel à Viúva Negra.

A Viúva é uma das líderes do Submundo, o grupo de heróis que ainda resiste à HIDRA. Em determinado momento, ela e um grupo de heróis juvenis fogem para tentar dar fim ao Capitão América. Em uma batalha, ela é assassinada pelo militar com um golpe do escudo. O bizarro aqui é que, mesmo após restaurar toda a realidade, Kobik faz questão de não ressuscitar a heroína - e nem Rick Jones, outra baixa do evento.

Em determinado momento do evento, tanto a HIDRA quanto os heróis do Submundo tentavam resgatar lascas perdidas do Cubo Cósmico, na esperança de restaurar Steve Rogers - ou condenar o mundo de vez. Em uma dessas missões pelo objeto, os dois grupos vão parar nas mãos de Hank Pym, o ex-herói agora fundido com sua mais vil criação, Ultron.

Juntos, todos eles têm um "jantar em família", onde discutem a inevitável separação dos Vingadores e a morte do sonho. Pym quase perde o controle para Ultron e por pouco não mata seus ex-amigos. Como se a situação já não fosse bizarra o bastante, ao final, o cientista entrega seu pedaço do Cubo Cósmico para Scott Lang, apenas porque ele o tratou com respeito.

Ao menos no início, Império Secreto se propõe a discutir como a ordem extrema pode acabar resultando em um dos maiores males da humanidade: o fascismo. Por conta disso, o Capitão América da HIDRA era um ser humano autoritário e desprezível, mas mesmo seus atos mais insanos de crueldade eram feitos em sigilo.

Contudo, logo na primeira edição principal da saga, isso toma uma virada bem estranha, quando o personagem autoriza a completa destruição de Las Vegas, apenas para encurralar os heróis resistentes. Isso foi bem estranho, principalmente porque, até ali, Rogers ainda não matava inocentes a sangue frio e se opunha aos seus aliados que faziam isso.

Desde o início da saga, Nick Spencer - roteirista principal e criador do evento - já havia deixado claro para os fãs que os eventos da série não cairiam em clichês comuns e que, portanto, não devíamos esperar que tudo fosse apagado por um Cubo Cósmico ou então desfeito através de realidades alternativas e outras saídas "fáceis".

Contudo, é justamente o que acontece na última edição da saga. Kobik - um cubo cósmico senciente - se recompõe e reconstrói Steve Rogers como ele era antes de tudo isso. O herói então ataca sua contraparte da HIDRA e restaura tudo ao normal. Ao que tudo indica, o roteirista tinha planos bem ousados, mas a Marvel decidiu cortá-los com a recepção fria dos fãs.

De todas as situações bizarras encabeçadas por Império Secreto, talvez sua premissa seja a maior delas, mesmo que isso tenha sido construído bem antes da saga. Quando Nick Spencer rejuvenesceu Steve Rogers na série-evento Vingadores: Vertentes, ninguém estava preparado para descobrir que o herói havia se transformado em um capacho da HIDRA.

E, de muitas maneiras, isso vai em completa contradição à origem do herói, que sempre foi um salvador americano contra o nazismo, agora entregue à esse movimento hediondo. E por mais que a saga dê maneiras convincentes para que isso tivesse acontecido, explorando os perigos e facetas do fascismo, não deixa de ser caótico ver o Sentinela da Liberdade nessa posição.