Começando da personagem menos interessante do filme, Ayesha tem um visual muito bonito, com um bom uso de maquiagem e figurino na construção de sua figura de autoridade. Contudo, seu papel é pouco menos do que uma ameaça secundária, que nunca representa grande perigo para os Guardiões da Galáxia.

Entretanto, ela também é quem possui o futuro mais promissor da franquia, já que, conforme visto por uma entre as cinco cenas pós-créditos, ela será a criadora de Adam Warlock, o icônico herói cósmico da Marvel. É muito possível que seu papel seja um pouco maior no futuro.

Nos quadrinhos, Gamora é a mulher mais letal da galáxia. No cinema... ainda há muita construção a ser feita. Embora Zoe Saldana ganhe mais destaque no segundo filme e realmente passe a importar para a história, a heroína não consegue deixar de ser ofuscada por outros personagens.

Ainda assim, há momentos de brilho em sua participação, principalmente nas cenas que divide com sua irmã Nebulosa ou com Mantis, a nova integrante da equipe. Além disso, ela está um pouco mais fiel à sua versão dos quadrinhos, atuando como o cérebro da equipe.

É até um pouco decepcionante constatar que Peter Quill, ou o Senhor das Estrelas seja um dos personagens menos interessantes do Vol. 2, ainda mais considerando como ele foi apresentado no primeiro filme e como o arco envolvendo seu pai deveria ajudar a desenvolvê-lo e evoluí-lo mais.

Ao mesmo tempo, é legal vê-lo tendo um choque de confiança ao conhecer Ego e também descobrir novos poderes e habilidades que o tornariam quase um deus no meio de mortais. E, para variar, Chris Pratt entrega outra performance muito digna do herói, seja em seus diálogos ou em seu físico.

Desde o início do longa, Rocket é tido como um dos personagens mais irritantes e arrogantes da equipe. Isso faz com que, de início, o público se afaste levemente do guaxinim - ou panda do lixo - geneticamente modificado. Contudo, há uma razão por trás disso e quando descobrimos, vemos que ele é o personagem mais complexo dentro do grupo.

Aproveitando uma jornada de redenção junto com Yondu, ele se torna um ser melhor, deixando para trás alguns traumas e rejeições do passado e se transformando no herói que sempre esteve destinado a ser. Além disso, é dele algumas das melhores cenas de ação do longa.

Brilhantemente interpretado por Kurt Russell, Ego - que tanto é um Planeta Vivo quanto um avatar humanoide dele - é um personagem denso e cheio de camadas, que facilmente se tornará, no futuro, um dos vilões mais reconhecidos da franquia dos Guardiões da Galáxia.

Seus planos de dominar não apenas um mundo, mas todo o universo são menos caricatos e mais compreensíveis e ele também possui poderes e habilidades que o transformam em um oponente à altura da equipe, além de ser o personagem mais exótico já criado para o Universo Cinematográfico da Marvel.

Uma das três novatas da equipe, Mantis é uma personagem hilária. Eliminando muitas das confusões de sua origem dos quadrinhos, James Gunn e Pom Klementieff conseguiram criar uma personalidade divertida, inocente e que serve a um grande propósito no filme, sem comprometer sua carga cômica.

A maior parte de suas piadas e cenas cômicas fizeram o público gargalhar, o que mostra que ela ainda tem um grande potencial no futuro do Universo Cinematográfico da Marvel, ainda mais se seus poderes forem melhor desenvolvidos daqui para a frente.

Porém, boa parte da presença cômica de Mantis no filme se deve à sua química com Drax, o Destruidor, interpretado mais uma vez por Dave Bautista. Ainda que não esteja tão sanguinário e... bem, destruidor como nos quadrinhos, o herói esbanja um senso cômico em boa medida e é quem protagoniza os momentos mais engraçados da continuação.

Ainda assim, há um bom espaço para ele nas sequências de ação e o anti-herói impressiona por sua resistência e invulnerabilidade, principalmente na cena em que ele ataca naves de Soberanos sozinho e acaba sofrendo com a queda da Milano em um planeta.

A grande surpresa do filme fica por conta de Nebulosa, que deu a volta por cima depois de uma participação muito morna no primeiro filme. Aqui, a vilã - e possível futura anti-heroína - interpretada por Karen Gillan tem sua história melhor desenvolvida, e ela serve também para compor os personagens da Gamora e do Thanos, mais para o futuro do MCU.

Em suma, ela é uma personagem complexa, cuja maldade é fruto de várias violências do passado e uma infância arruinada nas mãos do Titã Louco. Se formos nos guiar por seu papel nos quadrinhos, é seguro dizer que ela será uma grande parte de Vingadores: Guerra Infinita.

Tendo roubado a cena no primeiro filme, a versão mais jovial e ainda mais teimosa do Groot é quem chama a atenção aqui. Embora não tenha nenhum grande arco de personagem e não tenha muitas funções no roteiro além de ser fofo ou servir como uma ferramenta para os outros Guardiões, Baby Groot atrai todos os olhares nas cenas que participa.

Aqui, o gravetinho se mostra uma criaturinha adorável, totalmente viajado e com uma capacidade absoluta de fazer tudo ao contrário do que o pedem. É dele as cenas mais fofas do filme, mas ele também consegue fazer o público ficar com o coração apertado nas sequências onde ele corre perigo ou é maltratado.

Ao fim, chegamos àquele que realmente surpreendeu e roubou a cena para si. Por mais que tenha sido um personagem secundário do primeiro filme, Yondu Udonta, interpretado por Michael Rooker é o coração dramático do filme, tomando parte de uma jornada de redenção para salvar Peter Quill de seu pai megalomaníaco.

É ele que passa pelo maior arco do filme, ganhando destaque e até mesmo um upgrade no visual de sua barbatana, tornando-o mais parecido com sua contraparte dos quadrinhos. Além disso, é interessante notar sua relação com outros Saqueadores, incluindo Stakar, vivido por Sylvester Stallone. E é quase impossível não ficar com os olhos marejados durante seu sacrifício ou seu funeral.