Os 10 melhores momentos dos quadrinhos de Sandman!
Os 10 melhores momentos dos quadrinhos de Sandman!
Há 29 anos, Neil Gaiman apresentava ao mundo uma das obras ficcionais mais incríveis de todos os tempos: a história do melancólico Senhor dos Sonhos, The Sandman.
Pois é, galera, Morfeu já é quase trintão – pelo menos na idade das publicações. A primeira edição de The Sandman, a grande HQ do Neil Gaiman para a Vertigo/DC, foi publicada em 29 de Novembro de 1988 e está fazendo aniversário nesta semaninha.
Em comemoração, separamos aqui os 10 melhores momentos das revistas de Sandman! Com uma publicação tão extensa, escolher 10 itens é uma tarefa insana, então deixem aí nos comentários o que vocês acharam que faltou na lista e colaborem com o aniversário do Sonho!
Imagens: Divulgação;
Um sonho do Céu;
O Sonho e o Inferno possuem uma ligação bem peculiar. Isso vem desde o começo da saga, quando o Morfeu escapa de seu aprisionamento na Terra e, ainda fraco, precisa ir para os reinos de Lúcifer reclamar um de seus pertences - seu elmo, que foi roubado por um demônio em sua ausência.
Nesse arco, além do duelo verbal incrível entre o Sonho e o demônio que estava com seu elmo, o ponto alto fica para a interferência do Lúcifer, no final, que não se dá por vencido e, vendo o Perpétuo fraco, pergunta por que deveria deixá-lo partir.
Assim, para sair de lá, Morfeu lembra para todos ali, incluindo o Anjo Caído, quem é e qual o seu lugar na Criação. “Diga-me, Lúcifer Estrela da Manhã… Indague-se… Na verdade, indaguem-se todos vocês… que poder o Inferno teria se aqueles aqui confinados não fossem capazes de sonhar com o Paraíso?”
Edição: Sandman #4;
A chave do Inferno;
Outra interação marcante entre o Sonho e o Inferno fica para quando o Morfeu ganha a chave das terras infernais.
Em uma reviravolta, Lúcifer convoca o Sonho para seus reinos e revela que está cansado de sua posição como grande expiação dos homens e seus pecados. Acompanhamos o Estrela da Manhã literalmente esvaziando o Inferno e trancando todas as suas portas, enquanto discorre sobre como ele, os demônios e aquele lugar sempre foram um instrumento para a humanidade pagar por suas próprias escolhas repulsivas em vida.
Para finalizar, o Anjo Caído serra suas próprias asas, pedindo ajuda para o Senhor dos Sonhos, entrega a chave do Inferno para o Morfeu e vai embora. Claro, isso também faz parte da vingança do Lúcifer por conta da longa história de desavenças que ele tem com o Sonho. Mas, no fim, serviu para ele se aliviar de um fardo.
Edição: Sandman #23;
O sonho dos mil gatos;
Quando se fala em Sandman, um dos contos mais famosos da HQ é “Um Sonho de Mil Gatos”, onde acompanhamos uma gatinha profeta que, depois de perder seus filhotes e entrar em depressão, ganhou uma grande revelação do Gato dos Sonhos.
Sem dúvidas, essa é uma das melhores histórias e um dos momentos mais marcantes da HQ, quando explora toda a megalomania do poder do Sonho, do Sonhar e suas facetas, implícita em uma trama simples, tocante e um tantinho creepy. É o melhor de Sandman condensado em um conto.
Edição: Sandman #18;
O tempo de uma vida;
Mas se é para falar de momentos bem específicos, a Morte possui dois que são impossíveis de esquecer.
Um está nas primeiras edições de Sandman, quando ela chama o Morfeu para acompanhá-la um pouco durante seu trabalho. Eles visitam um bebêzinho que… bom, precisa acompanhar a Morte. Quando está nos braços dela, ele ainda pergunta, “*Mas… Foi só isso? Foi tudo que me coube?”. E ela responde, “Infelizmente sim”.
O outro, que é mais clássico, é quando a Morte leva o Bernie Capax, o advogado de 1500 anos. Antes de partir, ele pergunta se fez bem com o tempo que teve. A resposta da Morte vocês já devem ter lido em algum lugar, senão no quadrinho: “Você viveu o que todo mundo vive, Bernie. Uma vida. Nem mais. Nem menos. O tempo de uma vida”.
Edições: Sandman #8 e #43;
Delírio fica lúcida…
A Morte pode até ser a Perpétua favorita da maioria dos fãs, mas a Delírio não deve ficar muito longe do primeiro lugar. A irmã mais nova do Sonho é uma das personagens mais peculiares dos quadrinhos e como ela é a própria personificação da insanidade, muitas partes de sua personalidade e da sua história são desconhecidas.
Um momento para ficar guardado é quando a Delírio vai contra sua própria natureza e se mostra lúcida. Isso rola durante o arco “Vidas Breves”, quando ela e o Sonho visitam o Destino em busca de pistas sobre o Destruição e, depois de escutar que teria que ir em busca de seu filho para respostas, o Morfeu fica “indisposto”.
No mesmo momento, a Delírio assume uma personalidade séria, que nunca vimos antes, seus olhos assumem a mesma cor, sua fala fica coordenada - até a cor do seu balão de fala fica quase única - e ela discute com o Destino, afirmando ter mais conhecimento que o próprio irmão mais velho. Isso vem com um custo quando, na edição seguinte, ela chora se lembrando do momento.
Edição: Sandman #47;
Wanda;
The Sandman é conhecida por ser uma HQ que quebrou barreiras narrativas e artísticas durante seu andamento. Também, a revista nunca teve medo de trabalhar temas mais polêmicos para a época - que, infelizmente, são até hoje - como gênero e sexualidade. Assim, em “Um Jogo de Você”, conhecemos a Wanda, uma personagem transexual que possui uma história bem trágica, mas sensível e sensacional.
No final da trama, quando a personagem morre e é enterrada por sua família conservadora com seu nome antigo, sua melhor amiga vai até a lápide para se despedir. É aí que ela risca o nome “Alvin” do túmulo e corrige para Wanda, com o batom da cor favorita da companheira.
Assim como a Delírio ficando lúcida ou a Morte encontrando o bebê, é um momento breve, mas forte, um tanto devastador. É o tipo de qualidade que essa história entrega.
Edição: Sandman #37;
Orfeu;
No fim das contas, o Sonho precisa encontrar seu filho - ou o que restou dele - e corrigir mais um dos erros do seu passado. O relacionamento entre Orfeu e Morfeu é sensacional pela qualidade narrativa, que busca sementes lá de trás, quando a Calíope aparece pela primeira vez, para se construir e pelo que planta para o futuro.
O destaque mesmo fica para o momento obscuro quando o Sonho decide atender ao pedido de seu filho, que agora era só uma cabeça, um oráculo antigo e lhe conceder um encontro com a Morte. Todo o capítulo é emocionante, em especial o ato, precedido das últimas palavras do Orfeu para o pai, que ainda tenta se manter distante.
Porém, o destaque fica para o final, quando o Sonho consegue escapar de todos em seus aposentos no Sonhar e se lembra do filho, enquanto lava o sangue das mãos. Dificilmente existe um outro momento em toda a HQ onde o Morfeu está mais “humano”, afundado em luto e arrependimentos, se lembrando de um dos poucos conselhos que deu para o Orfeu: “Então viva…”.
Edição: Sandman #49;
A fuga do Destruição;
Antes da morte do Orfeu, porém, o Sonho tem um outro grande encontro que vale à pena ser mencionado: quando ele e a Delírio finalmente se reúnem com o Destruição, seu irmão que havia deixado os Perpétuos.
Toda a conversa entre eles é intensa, afinal de contas, o Destruição é o completo oposto do Sonho. Ou melhor: ele é um estágio que o Morfeu não conseguiu atingir. Toda a história é sobre o Sonho tentando seguir em frente em um mundo que não lhe parece mais seu e não conseguindo suportar as mudanças; o Destruição abandonou os Perpétuos em busca dessa mudança, antes que isso acontecesse com ele próprio. Ele é a própria mudança, se formos olhar por outro lado.
O momento mais bacana dessa reunião fica para quando o Destruição está quase se despedindo, para partir para as estrelas e além. É quando ele compartilha mais uma vez a sua visão de mundo com o irmão. Que por mais que para eles, seres quase eternos, todas as coisas sejam passageiras, ele olha para as estrelas e finge que não são; que as coisas duram e possuem algum significado. E que o universo consegue seguir seu rumo sem o controle dos Perpétuos.
Edição: Sandman #48;
Pecado de sangue;
Claro, precisamos citar o momento onde todas as pontas da história se unem e tudo faz sentido, mostrando o quão incrível a escrita de Sandman é. As Fúrias estão entre as personagens mais enigmáticas e ameaçadoras da trama; as três que são uma, que amedrontam até mesmo a maioria dos Perpétuos, cobram pecados de sangue e possuem um rancor crescente contra o Sonho.
Sandman, então, proporciona uma construção onde todos os pontos da história levaram para um momento em específico: a morte do Orfeu e suas consequências. No meio do caminho, várias peças são posicionadas, como o caso da Lyta Hall, o rancor das Fúrias e da Desejo pelo Sonho, o Daniel, a Rose, etc.
Enfim, tudo se alinha no momento em que a Lyta , em busca de uma vingança mal encaminhada contra o Sonho, encontra as Fúrias. O jogo ganha sentido quando as Fúrias dizem que elas não podem cobrar do Morfeu por um pecado que ele tenha cometido contra o sangue alheio… mas ele havia acabado de derramar sangue do seu sangue e disso elas podiam cuidar.
Edição: Sandman #63;
Encontro de Sonhos;
Para fechar, em 2013, Sandman ganhou um prelúdio para descobrirmos como o Sonho ficou fraco o suficiente para ser aprisionado no começo da HQ original. Overture é basicamente uma obra de arte a cada página só pelas ilustrações, mas rendeu coisas sensacionais na narrativa, como a Cidade das Estrelas e o encontro do Morfeu com seus pais.
No entanto, para quem é fã mesmo, o que deve ter sido um dos pontos altos da aventura foi a reunião dos Sonhos, com direito a uma página quádrupla. Lá atrás, no quadrinho original, recebemos pequenas pistas dos espectros do Sonho, como o Caçador de Marte enxergando o Morfeu como um Deus marciano, ou o Gato dos Sonhos. Overture proporcionou uma visão de várias e várias versões - uma mais maluca que a outra - do Sonho e isso, meus amigos, foi pra fazer aqueles que adoram o Senhor dos Sonhos abrirem um sorrisão.
Edição: Sandman: Prelúdio Vol. 1;