As cenas de ação de Fênix Negra são, em sua maioria, um dos poucos fatores redentores de uma obra bagunçada e incoerente. O filme sabe explorar bem os poderes e capacidades de seus personagens, e isso fica bem evidente na batalha do trem (que fez parte do conjunto de regravações do longa).

Aqui, vemos os X-Men se aliando à equipe de Magneto para enfrentar os D'Bari, a raça alienígena liderada por Vuk. É uma cena decente, que faz bom uso dos efeitos visuais e consegue construir uma ação bem crua e, ao mesmo tempo, pontuada pelo espetáculo. É um momento que realmente faz jus às dinâmicas da equipe.

Nesse filme, temos uma desconstrução completa de Charles Xavier, já que ele está longe de ser o líder perfeito e ético que conhecemos ao longo de toda a franquia. Dessa vez, o Professor X é um homem cuja fama e sucesso subiram à cabeça, e cujos segredos do passado começam a ser revelados de forma brusca.

Um dos momentos que melhor aborda isso se dá quando ele tenta entrar na mente de Jean Grey para controlá-la, usando o Cérebro. É um momento em que vemos como Xavier não é flor que se cheire, além de estabelecer o conflito para uma das cenas seguintes, quando Jean descobre um segredo sobre sua família.

O tal segredo se dá quando a Fênix vai atrás de seu pai, que ela acreditava estar morto. É uma cena que faz referência a X-Men: O Confronto Final, mas que ao menos serve ao seu propósito dentro da narrativa, além de criar tensão narrativa, aumentando a insanidade de Jean Grey.

Aqui, vemos ela descobrindo que seu pai quis que Charles Xavier a levasse, por não saber lidar com seus poderes e com o fato de que ela havia sido responsável pela morte da mãe. Na cena, Sophie Turner faz um ótimo trabalho ao mostrar as camadas da loucura provocadas em Jean pela Força Fênix.

Em seguida, temos outro momento bem interessante, quando os X-Men chegam ao antigo lar de Jean Grey antes que ela possa fazer algum ato hediondo com seu pai. Um a um, os membros da equipe tentam confrontar a mutante, mas são derrotados sem a menor chance de revanche.

Em um filme no qual a Fênix Negra não faz quase nada de realmente perigoso ou cruel, é uma das poucas cenas em que ela pode realmente libertar suas habilidades, mostrando como está mais poderosa e desenfreada para atingir seus objetivos - mesmo que isso custe a vida de seus amigos e aliados.

Ah, os refrescos! A Mística de Jennifer Lawrence é, possivelmente, o maior erro da franquia atual dos Filhos do Átomo. Aos poucos, a personagem foi ganhando um destaque questionável devido ao sucesso e reconhecimento da atriz, de forma que sua figura foi completamente deturpada em relação à sua essência original.

Felizmente, em Fênix Negra, a personagem serve ao seu propósito. Aqui, vemos Mística sendo uma espécie de "líder tática" da equipe - algo que é bem menos ruim do que parece. No entanto, ao tentar confrontar Jean Grey, ela acaba sendo morta pela mutante, o que acaba trazendo a ruína dessa "família".

Os X-Men sempre foram uma das equipes mais populares e interessantes dos quadrinhos, com centenas de personagens distribuídos em formações amadas pelos fãs. Infelizmente, a franquia da Fox ficou muito presa a alguns personagens específicos, deixando de lado a quantidade absurda de figuras que tinha em mãos.

Felizmente, nesse filme, temos uma breve participação especial da Cristal, uma das mutantes mais amadas pelo fandom. Ela é uma diva pop que consegue converter som em luz, e usa isso para fazer de seus shows um verdadeiro espetáculo. Ela surge na cena da fogueira, onde vemos Jean Grey perdendo o controle pela primeira vez.

A morte de Mística ao menos serve para fazer algo que os fãs sempre quiseram: mostrar como Ciclope pode ser um ótimo líder para os Filhos do Átomo. Após a morte da transmorfa, ele se torna o porta-voz de seus colegas de equipe, inclusive colocando-se contra Charles Xavier, quando necessário.

Há uma cena em particular na qual vemos o Xavier e Scott se preparando para viajar, para encontrar Jean Grey. O telepata convence seus outros pupilos (Tempestade e Noturno) a ficarem para trás, mas Scott Summers toma as rédeas e convoca seus aliados, provando-se o líder honrado das HQs.

O fim do filme é um misto de altos e baixos. De um lado, temos uma batalha interessante e bem composta, completamente ofuscada por um conflito final hediondo. E, por outro lado, temos uma montagem bem interessante que é ofuscada por outro reencontro entediante entre o Professor X e Magneto.

A montagem à qual me refiro diz respeito à reformulação do Instituto Xavier - que se torna Instituto Jean Grey, em referência a quadrinhos mais recentes da equipe. E é interessante ver que o Ciclope se torna um dos professores principais, enquanto Charles Xavier se "aposenta" por um tempo.

A cena inicial do filme se propõe a contar a origem dos poderes de Jean Grey - e de certa forma, é uma ótima cena introdutória para mostrar como as habilidades telepáticas da mutante são extremamente poderosas, se usadas sem controle. Na cena, vemos Jean e seus pais partindo para o que parece ser uma viagem familiar.

No entanto, as coisas vão ficando piores à medida que a menina se sente "invadida" pelos pensamentos de sua mãe. Cada vez mais descontrolada, ela faz com que sua mãe durma ao volante, provocando um acidente que destroça a família. É uma cena bem interessante, que mostra a capacidade da mutante (mesmo sem a Força Fênix).

Por fim, o melhor momento do filme se dá logo no começo, quando os Filhos do Átomo são obrigados a ir em uma missão espacial para salvar um grupo de astronautas que se acidentou no meio do que parece ser uma tempestade cósmica. É o momento em que Jean Grey fica totalmente exposta à Força Fênix.

A cena mostra, como poucas vezes na franquia mutante, um grupo unido e disposto a salvar inocentes - e dessa vez, sendo vistos com adoração pelo público. É interessante ver as coordenadas da missão sendo postas em prática, conforme o grupo usa suas habilidades para o resgate.