De início, não podemos deixar de citar e homenagear o longa mais recente do diretor, A Forma da Água. O filme se tornou o maior vencedor da última edição do Oscar, levando, dentre outros, os prêmios de Melhor Filme e Melhor Diretor, o primeiro da carreira de Guillermo del Toro.

Um romance e uma ode aos clássicos de monstros do cinema Hollywoodiano, o filme apresenta o inesperado romance entre Elisa Esposito, uma mulher muda e uma criatura aquática misteriosa, que se torna vítima de experimentos do governo. Trazendo referências à história do cinema e ao currículo estelar do diretor, o filme é um encanto, tanto em sua narrativa quanto em sua estética e fez por merecer seu destaque na premiação.

A Colina Escarlate não foi muito bem recebido na época de seu lançamento. Mas ainda assim, tem uma boa parcela de fãs e apresenta mais uma obra única do diretor, que trilha entre um romance gótico com uma grande inclusão de horror sobrenatural, envolvendo fantasmas e espíritos assombrosos.

Altamente inspirado por vários penny dreadfuls (histórias baratas de horror do século XIX, no Reino Unido), o filme segue uma escritora americana se apaixonando por um barão inglês, e indo mudar-se para seu lar, na Colina Escarlate. Lá, ela começa a receber visões assustadoras e descobre uma trama sobrenatural que pode ameaçar sua vida. O filme tem, em seu elenco, nomes como Jessica Chastain e Tom Hiddleston.

Um dos filmes mais lembrados do diretor, A Espinha do Diabo é um drama importante embrulhado em um conto de terror. Produzido por ninguém menos que Pedro Almodóvar, um prestigiado cineasta espanhol, o longa é inserido no último ano da Guerra Civil Espanhola, e é situado em um pequeno orfanato em uma cidadezinha do país.

Um fato peculiar sobre esse orfanato é que o pátio principal foi vítima de um bombardeio, mas a ogiva não detonou. Então, conhecemos o jovem Carlos, uma força da inocência que passa a ser visitado por uma estranhaa aparição. Aos poucos, Carlos descobre histórias sobre Santi, um garoto que sumiu no mesmo dia em que a bomba caiu do céu.

Eu sei, eu sei. Tudo bem que o título da lista diz "Os 10 melhores filmes" da carreira do mexicano. Mas ainda assim, precisamos mencionar essa série, já que ela foi co-criada por del Toro e tem alguns episódios escritos e dirigidos por ele. Antes de mais nada, The Strain é uma série de vampiros diferente de tudo que você já viu.

Baseada em uma trilogia de livros co-escrita pelo próprio cineasta, desenvolve a história de um cientista, chamado Ephrain Goodweather, que passa a investigar uma epidemia viral, causando o surgimento de "vampiros" incontroláveis. Embora a trama tenha se perdido no meio do caminho, tanto a primeira quanto a segunda temporada são essenciais e carregam todos os traços das obras do artista.

Guillermo del Toro não é nenhum novato no gênero dos super-heróis, e já comandou sua própria franquia. Em Hellboy II: O Exército Dourado, ele não apenas dá continuidade à trama do primeiro filme (que você verá em breve), como também aprofunda-se em alguns elementos das HQs do personagem.

Ao mesmo tempo, ele cria um universo tão vasto e rico, visual quanto narrativamente, estabelecendo uma trama fantástica e que não deve em nada aos filmes de super-heróis mais recentes. Destaque para a composição estética dos personagens, especialmente os Elfos e o Anjo da Morte, que são de causar arrepios.

Porém, antes que assumisse a franquia do herói infernal, del Toro foi convidado para dirigir outro filme de super-heróis, dessa vez adaptando um personagem icônico da Marvel Comics. Após ter se interessado pelo primeiro filme do Blade: O Caçador de Vampiros, ele foi chamado para assumir a continuação, que se mantém como um dos melhores longas de HQs até hoje.

Em Blade II, o cineasta alterou toda a percepção que temos sobre vampiros - algo que posteriormente seria reutilizado em The Strain -, enquanto tornou o personagem interpretado por Wesley Snipes em um anti-herói muito mais badass, em um dos poucos filmes que mescla perfeitamente a ação de super-heróis com o horror mais visceral.

Cronos é o título do primeiro longa-metragem escrito e dirigido por Guillermo del Toro, e é um dos filmes mais elogiados da carreira do cineasta. Além disso, inaugura uma grande parceria com os atores Ron Perlman e Federico Luppi, que retornariam para vários outros filmes dirigidos ou produzidos pelo artista.

A trama envolve aspectos de ficção científica e horror, uma vez que segue uma relíquia mística que ressurge após quatrocentos anos desde sua última aparição. Ele é capaz de conceder vida eterna ao seu usuário, e por conta disso, acaba gerando uma trilha de destruição e carnificina por onde passa. Fato curioso: um dos personagens coadjuvantes do filme já apareceu em Somos o que Somos, outro famoso longa de horror mexicano, que não tem nenhuma relação com a obra de del Toro.

Por mais que O Exército Dourado seja um ótimo filme, ele ainda não consegue chegar ao nível do primeiro longa de Hellboy, lançado em 2004. A primeira grande adaptação do personagem criado por Mike Mignola, o filme não apenas consegue introduzir perfeitamente o herói, como também nos deixou perplexos com a interpretação de Ron Perlman no papel.

O longa apresenta diversos elementos dos quadrinhos, como também o B.P.R.D. - o esquadrão de pesquisa e defesa contra atividades paranormais - e vários de seus personagens, como o anfíbio Abe Sapien (que certamente pode ter inspirado A Forma da Água). Ficamos felizes com o remake da franquia que será lançado no próximo ano, mas tristes pelo fato de que nem Perlman e nem del Toro vão retornar.

Lançado em 2013, Círculo de Fogo é um dos trabalhos mais recentes do diretor, e certamente um de seus mais memoráveis. Ainda que não tenha ido tão bem quanto o esperado nas bilheterias, o filme ganhou uma repercussão cult tão grande que uma continuação, subtitulada A Revolta, já chegará aos cinemas ainda neste mês.

O filme aposta fortemente nas histórias de monstros gigantes, muito popularizadas pela cultura oriental. Aqui, a humanidade criou os enormes robôs Jaegers para enfrentar os Kaiju, monstros alienígenas que surgem de um portal interdimensional no Oceano Pacífico. É um excelente filme de ação, e uma boa pedida para quem procura um entretenimento despretensioso.

Chegamos ao final da lista e não podíamos deixar de citar aquela que é considerada a obra-prima do diretor, O Labirinto do Fauno. O filme representa o ápice de sua carreira, e como todas as suas obras, usa e abusa de recursos fantásticos para traçar paralelos com a vida real - neste caso, a violência da Espanha ditatorial de Francisco Franco.

Na história, conhecemos Ofelia, uma menina sonhadora que precisa se mudar para uma espécie de quartel, onde vai viver com seu novo padrasto, o tirânico Capitão Vidal. Enquanto conhece mais de seu lar, ela descobre um mundo fantástico que lhe é apresentado por um Fauno. A história caminha na margem entre a fantasia e o horror, e apresenta os personagens mais memoráveis já criados por del Toro, como o próprio Fauno e o tenebroso Homem Pálido.