Ainda que, há alguns anos, Samurai X (ou Rurouni Kenshin) seja ostracizado por conta dos casos grotescos envolvendo seu criador, é inegável o impacto cultural que o anime teve em seu auge.

Lançado entre 96 e 98 no Japão, chegando ao Brasil em 99, foi Samurai X quem implementou a fórmula que muitas histórias de samurai usariam depois; é um marco para a animação de ação, para o storytelling e, principalmente, para a construção de protagonistas fora da curva do "hiper-masculino" que dominava a década.

Falando sobre animes que moldaram um gênero, é impossível ver qualquer coisa relacionada às “garotas mágicas” hoje sem se lembrar de Sakura Card Captors. Sakura não foi a primeira, mas foi um dos carros-chefes desse nicho e do gênero shojo globalmente.

Originalmente lançado entre 98 e 2000 no Japão, o anime de Sakura só chegou ao Brasil em 2000, produzido pelo estúdio Madhouse. É considerado um dos melhores títulos do gênero e da animação japonesa no geral, especialmente entre os animes focados na audiência mais jovem.

Os anos 90 também foram dominados pela febre dos bichinhos virtuais e, como resultado, o nascimento de Digimon. O anime, Digimon Adventure, é um derivado da tentativa da Bandai e da WiZ de criar um Tamagotchi mais apelativo para o público masculino, com estética americanizada. O brinquedo acabou virando anime e, enfim, fenômeno mundial

Digimon Adventure foi lançado em 99 no Japão e chegou por aqui em junho de 2000. Para quem viveu essas épocas, a guerra entre Digimon e Pokémon era forte, mas os dois títulos só nasceram da mesma fonte. Por sua vez, Digimon foi adotando, com o passar do tempo, uma estética cada vez mais “rebelde” que funcionou melhor na fidelização de um público diferente do título nintendista.

Se falamos sobre Digimon, não dá para deixar Pokémon de fora. Afinal, graças a popularidade do anime, a franquia ganhou proporções globais e se tornou um dos maiores titãs pop já exportados pelo Japão.

Derivado dos games criados pela Game Freak, de 96, o anime de Pokémon foi lançado em 97 no Japão e chegou ao Brasil em 99. A animação um dos fatores que tornaram a franquia uma febre global na época, acompanhando as aventuras de Ash e Pikachu em uma jornada pelo título de Mestre Pokémon.

Pode ser que a febre dos Gundam não tenha impactado o Brasil tão profundamente, mas Mobile Suit Gundam Wing é o anime responsável por inspirar muitas das histórias de robô gigante que conhecemos hoje.

Sucesso absoluto nos EUA e exterior, Gundam Wing foi a primeira série da franquia abraçada internacionalmente e também a primeira da saga a chegar ao Brasil, em 2002.

Antes de Sakura Card Captors, um outro título marcou o gênero maho shojo no mundo: Sailor Moon. Diferente de Sakura, porém, Sailor Moon incrementa elementos de Super Sentai, com cores, transformações e uma equipe de protagonistas, gerando uma aventura única e arrebatadora.

Sailor Moon ainda é um dos animes mais famosos do mundo, mesmo com mais de 30 anos de franquia. O título clássico começou a ser exibido no Japão em 91, chegou ao Brasil em 96 e se tornou uma das principais séries animadas do país.

Impossível falar dos clássicos noventistas sem um dos maiores animes da história: Dragon Ball.

A obra de Akira Toriyama transcende mídia e gerações, é um mangá e anime que influenciou a forma como se faz ação, cenas de impacto e como se conta uma história através de batalhas e transformações. Além disso, é um exemplo rico e aclamado de design de personagens e mundos.

Dragon Ball sempre será um clássico moderno, seguindo com novas tentativas de reinvenção e dominando o mercado três décadas depois.

E mesmo que o legado de Dragon Ball seja mais vibrante, o lançamento de Os Cavaleiros do Zodíaco é um dos grandes responsáveis pela popularização dos animes da forma como conhecemos. Originalmente de 86, o título só chegou por aqui em 1994 – e que chegada foi essa!

Na verdade, é até difícil explicar o tamanho do fenômeno que Saint Seiya foi nos anos 90. Foi este título quem ensinou toda uma geração a ser fanática por animes e todos os seus tropos mais famosos, das batalhas lendárias aos plots insanos e vilões que atingem a divindade, além do poder da amizade e da perseverança. Nada disso era novo, mas foi Cavaleiros quem levou a fórmula shonen para o mundo.

Os últimos itens dessa lista são consideravelmente menos populares que alguns dos títulos anteriores, mas seu impacto na cultura pop é magnânimo dentro e fora do mercado de animes. São obras que mudaram a forma como se pensa e faz animação, que desafiaram limites e são vanguardistas mesmo três décadas depois.

O primeiro é Neon Genesis Evangelion, exibido originalmente em 95. E, se você ainda não conhece, este é um dos animes mais importantes de todos os tempos. É uma subversão dos gêneros mais famosos da época – mechas, ação, apocalipse, shonen, seinen – que experimenta com forma, storytelling, animação e ainda consegue ser popular. A marca de Evangelion na indústria cultural provavelmente é maior que um robô gigante.

Por fim, Cowboy Bebop só recebeu suas flores no Brasil muito depois de lançado. De 98, houve uma breve exibição do anime por aqui entre 99 e 00, mas apenas legendada. Foi só na época dos streamings que tivemos acesso à obra e conhecemos, de fato, um dos maiores (senão o maior) anime já feitos.

Cowboy Bebop é importante porque experimenta com forma, musicalidade e estética para contar sua história de maneira imersiva, mais que qualquer outra produção da época e rivalizando com produções atuais.

É uma série absurdamente ousada, que se ocupou mais em reinventar seu próprio gênero do que com a tentativa de ser popular ou atender certos padrões televisivos. Isso fez de sua exibição uma experiência conturbada, mas tornou o título em um clássico cult, influenciando a indústria mesmo na obscuridade, sendo "redescoberto" como relíquia décadas depois.