O Chamado: 8 curiosidades que você provavelmente não sabe sobre o filme
O Chamado: 8 curiosidades que você provavelmente não sabe sobre o filme
O filme acabou de completar 20 anos no ano passado!
Lançado em 2002, O Chamado se tornou um clássico instantâneo do horror, virando a nossa maior referência quando o assunto são fitas amaldiçoadas e fantasmas vingativos, além de ter popularizado a tendência dos remakes de filmes de terror japoneses para o Ocidente. Aqui, somos apresentados a Samara Morgan, uma fantasma que visita todos aqueles que se atrevem a ver uma fita de VHS macabra.
O longa, dirigido por Gore Verbinski e protagonizado por Naomi Watts foi um baita sucesso e acabou rendendo algumas continuações, embora nenhuma tenha chegado aos pés da aclamação do original. E agora, para homenagear esse que é um dos maiores clássicos do horror de todos os tempos, separamos aqui 8 curiosidades que você provavelmente não sabia sobre O Chamado!
Semelhanças e diferenças
Caso você tenha passado o final dos anos 90 e o começo dos anos 2000 em baixo de uma pedra, já é importante salientar que O Chamado é, na verdade, o remake de Ringu: O Chamado, um filme japonês de terror lançado em 1998. Porém, o longa de Gore Verbinski toma uma série de liberdades criativas para contar sua história.
Primeiro que toda a trama de O Chamado é ambientada nos EUA, diferente do original que se passa no Japão. Além disso, o ritmo e o tom do remake é mais acelerado e assustador, ao contrário do original que é bem mais calmo e contemplativo, com o horror sendo construído aos poucos até o clímax, que traz a primeira aparição de fato de sua assombração.
Além disso, a fantasma também é um tópico de divergências entre o original e o remake. As duas são garotinhas que morreram de uma forma violenta e retornam para assombrar suas vítimas através de uma fita VHS, mas há uma grande diferença entre as duas: no clássico japonês, ela se chama Sadako Yamamura, enquanto no remake, seu nome é Samara Morgan.
Por que Samara?
A mudança do nome de Sadako para Samara é justificada ao longo do filme, uma vez que a trama inteira é adaptada para os Estados Unidos e até a menina morta que vira assombração é, na trama do remake, americana. No entanto, há uma outra lógica por trás dessa mudança que tem a ver com todo o significado por trás dos dois nomes, já que ambos estão ligados à morte.
No caso de "Sadako", há versões conflitantes, já que pode ser uma referência a Sadako Sasaki (menina que morava perto do local do bombardeamento em Hiroshima e acabou morrendo de leucemia anos depois) ou Takahashi Sadako, uma mulher que trabalhou próxima de Fukurai Tomokichi, um expert japonês em parapsicologia, após o suicídio de sua amiga.
Já a ideia de "Samara" veio de uma história contada pelo autor britânico W. Somerset Maugham, chamada "Appointment in Samarra" (em tradução literal, "Compromisso em Samarra"), na qual um homem encontra a própria Morte em um mercado e foge para a cidade de Samarra. A história é a recontagem de um antigo mito vindo da Mesopotâmia.
Sem sombras!
O filme de 2002 até hoje é lembrado por sua estética sombria e macabra. O diretor, Gore Verbinksi, decidiu usar um filtro verde-azulado nas filmagens para criar um sentimento de angústia e estranheza, já que a cor geralmente é associada a doença e causas não-naturais. Porém, há um outro detalhe que é de arrepiar...
Durante as gravações, todos os sets de filmagem eram iluminados de modo que os atores tinham pouquíssima ou nenhuma sombra. Isso foi criado para dar ao público um sentimento inconsciente de que algo estava errado e que as regras racionais de existência estariam sendo quebradas. Você pode até não perceber de primeira, mas sua mente capta a estranheza.
Sequências e continuações
O filme foi um baita sucesso comercial, e logo Hollywood viu a chance de ter uma nova franquia popular de horror - o que só foi intensificado pela vasta proliferação de remakes de filmes de terror japoneses e asiáticos. Assim, a primeira sequência do longa de 2002 foi lançada em 2005, trazendo de volta Naomi Watts ao papel de Rachel Keller.
Contudo, se o primeiro havia sido um sucesso de crítica, o segundo não foi tão bem recebido. No Rotten Tomatoes, o longa conta com apenas 20% de aprovação por parte da mídia especializada. Curiosamente, essa sequência foi dirigida por ninguém menos que Hideo Nakata, o mesmo cineasta que, anos antes, havia dirigido Ringu: O Chamado, o original japonês.
Em 2017, foi lançado um terceiro capítulo para a franquia americana, com o título de O Chamado 3 (ou Rings, em inglês), que também recebeu uma série de críticas negativas. O terceiro longa tenta atualizar a trama para os dias atuais, usando a internet para falar da disseminação da fita maldita que desperta a sede assassina de Samara Morgan.
Desbancado pelo palhaço!
Como dito anteriormente, o primeiro O Chamado foi um sucesso bem curioso nas bilheterias, tendo arrecadado mais de US$ 240 milhões contra um orçamento de apenas US$ 48 milhões. O longa então deu origem a uma série de remakes de filmes de terror asiáticos, como O Grito (2004), Imagens do Além (2008), Pulse (2006) e muitos outros.
Curiosamente, o longa tinha um recorde bem interessante até 2017, uma vez que era o remake de filme de terror com a maior bilheteria da história. Isso mudou com a estreia de IT: A Coisa, que além de ser uma adaptação do livro homônimo de Stephen King, também serve como remake de uma minissérie lançada na década de 90 e protagonizada por Tim Curry.
Easter-egg macabro
As cópias originais do DVD de O Chamado, ao menos nos EUA, tinham um easter-egg bem macabro. Ao apertar alguns botões no menu principal, o disco parava de responder os comandos do controle remoto e a fita maldita de Samara Morgan era passada inteiramente, sem cortes. Ou seja, não era possível pausar ou tirar da sequência, exceto se você desligasse o aparelho.
Quando a fita chegava ao fim, podia-se ouvir um telefone tocando na própria televisão, e então o menu voltava ao normal. Em algumas edições originais do VHS, a fita amaldiçoada também passava antes dos trailers e do filme, mas edições posteriores removeram a sequência. E aí, teria coragem de assistir tudo e esperar pela ligação?
Baseado em um livro!
Muitos já sabem que O Chamado é um remake do filme japonês de 1998. No entanto, poucos sabem que aquele filme original era a adaptação de um livro escrito por Koji Suzuki e publicado em 1991. O livro acabou tendo cinco continuações, Spiral, Loop, S e Tide, além de uma coletânea de contos intitulada Birthday.
Existem várias mudanças em relação ao livro e os filmes que o adaptaram. O maior exemplo é o gênero dos personagens, já que na trama, o protagonista é um homem chamado Kazuyuki Asakawa, que conta com a ajuda de uma amiga, chamada Ryuji Takayama, para salvar sua esposa e seu filho, que são amaldiçoados pela fita de VHS.
Quando adaptou a história para os cinemas, Hideo Nakata decidiu fazer uma protagonista feminina que conta com a ajuda de um amigo para deter Sadako. Anos depois, com o remake de Gore Verbinski, foi decidido seguir a risca o filme de 1998 no que diz respeito ao gênero dos personagens - invertendo novamente a lógica do livro.
Ícone LGBTQ+
Contudo, existe um outro elemento bem importante da história original de O Chamado que ficou de fora tanto do filme original de 1998 quanto do remake de 2002, e diz respeito ao sexo biológico da própria Sadako/Samara. No livro de Koji Suzuki, o principal culpado pela morte da garota é o Dr. Nagao Jotaro, que cuidava dela em um sanatório.
Sadako, no livro, tinha uma série de poderes psíquicos e estava sendo tratada em um hospital depois que seu pai contraiu tuberculose. O Dr. Jotaro teria se apaixonado por ela e a violentado em uma mata próxima ao sanatório. Ali, ele também descobre que Sadako é intersexual, ou seja, uma pessoa que tem características dos dois sexos (seja cromossomos, gônadas ou genitálias).
Isso fez com que a Sadako dos livros se tornasse um ícone LGBTQ+ para uma parte dos leitores japoneses. Contudo, quando Ringu: O Chamado foi lançado em 1998, esse elemento foi retirado para não causar represálias. E depois, em 2002, o remake americano também optou por ignorar esse aspecto do livro, seguindo mais de perto a trama do filme japonês.