Masashi Kishimoto, autor de Naruto, deu algumas entrevistas ao longo dos anos nas quais revelou algumas curiosidades inesperadas sobre a saga. Sua primeira ideia para a história, por exemplo, não envolveria ninjas.

Originalmente, Naruto seria um aprendiz de chef de cozinha, que precisa superar suas diferenças com seu mentor e aprender a trabalhar junto com ele em uma barraca de Lámen, algo bem típico de se ver nas ruas do Japão.

Embora a ideia tenha sido totalmente modificada, o amor do garoto por Lámen continuou, sendo o prato preferido do jovem ninja.

Assim como acontece com séries de TV, mangás também precisam ter um "piloto" produzido, que será avaliado pela editora que o publicará. Com Naruto não foi diferente.

Em 1997, o piloto de Naruto foi publicado na antologia Akamaru Jump, e embora tivesse algumas coisas em comum com a obra que conhecemos, tudo era muito diferente. O personagem, por exemplo, é a própria raposa demoníaca, ao invés de um humano que serve como seu hospedeiro.

A maior diferença certamente é a ambientação da história, passada uma cidade japonesa super moderna, contrastando radicalmente com a vila japonesa fantasiosa que amamos.

Naruto hoje é referência e inspiração para vários mangás, mas também precisou se inspirar em um sucesso do passado para se desenvolver. Uma dessas influências foi Dragon Ball, clássico imortal de Akira Toriyama.

Várias referências podem ser vistas no mangá de Naruto, como a máscara de Chaos sendo vendida em uma feira e um bijuu chamado Son Goku, cujo jinchuuriki é um velho chamado Roshi, nome pelo qual o Mestre Kame é mais conhecido no Japão.

Uma das características visuais mais legais de Naruto são as bandanas ninjas usadas pelos personagens, que carregam o símbolo de suas vilas ocultas em uma placa de metal. Mas esse artifício foi criado por pura preguiça do autor do mangá!

Em uma entrevista, Masashi Kishimoto disse que daria muito trabalho desenhar os óculos que Naruto usava em sua testa em todo capítulo, então ele criou a bandana, que seria bem mais fácil de ilustrar. Deu certo e este é um item campeão de vendas em eventos de anime até hoje.

Dragon Ball não foi o único mangá no qual *Masashi Kishimoto se inspirou para criar a narrativa de Naruto*. Outras obras importantíssimas do passado também ajudaram bastante para compôr aquele universo e seus personagens.

A técnica do "Punho Gentil" usada por Hinata e Neji, por exemplo, é uma clara referência ao estilo de luta de Kenshiro, herói do clássico mangá de luta Hokuto no Ken. Já as técnicas do vilão Kakuzu levam os nomes de vários robôs da série Gundam.

Ser um autor de mangá não é fácil. É muito trabalho, pouco descanso e um ritmo de vida que exige 110% de comprometimento. E mesmo assim, os rumos da história não são totalmente controlados por seu autor.

Os editores de um mangá tem uma influência tão grande na obra quanto seu criador, e isso também se aplicou a Naruto, cuja história foi se desenvolvendo no meio do caminho. Masashi Kishimoto chegou a dizer que em certo ponto da história, não sabia como Madara seria derrotado, por exemplo.

Uma das únicas coisas que foram planejadas com antecedência e acabaram acontecendo foi o duelo final entre Naruto e Sasuke no Vale do Fim. E ainda assim, terminaria de um jeito diferente, com o Uchiha se tornando o Hokage, ideia que foi vetada pelos editores do mangá.

Assim como Naruto via Sasuke como seu grande rival, Masashi Kishimoto também tinha alguém a quem queria superar: Eiichiro Oda, autor de One Piece.

Durante uma participação na New York Comic Con em 2015, Kishimoto disse que foi essa rivalidade que pavimentou o sucesso de Naruto, e que ele não apenas queria ser como Oda, mas queria superá-lo em seu próprio jogo. Sendo assim, os dois mangaká se desafiavam constantemente para verem qual mangá ficaria no topo das listas de popularidade japonesas.

Mas essa rivalidade sempre foi sadia: a última página de Naruto, que encerrou de vez o mangá, continha uma pequena referência a One Piece, na forma do símbolo dos Piratas do Chapéu de Palha pintado sobre o rosto do protagonista, esculpido na montanha dos Hokage.

Vários mangaká se inspiram em suas próprias experiências de vida na hora de criar seus personagens. No caso de Naruto, Kishimoto projetou seu intenso desejo de ser reconhecido na indústria no personagem, criando assim o objetivo dele de se tornar um Hokage.

Já Sasuke foi um caso mais complicado: embora não fosse um personagem difícil de se desenhar, o mesmo não podia ser dito na hora de escrevê-lo, já que as circunstâncias que o cercavam eram todas bastante específicas e ele não queria nenhum furo em seu roteiro.

A história de Naruto continua em uma série derivada, Boruto: Naruto Next Generations, a qual Kishimoto participa apenas como supervisor. Mas tudo começou com um filme para o cinema, que apresentou o personagem ao público pela primeira vez.

Certa vez, Kishimoto explicou que toda a premissa de Boruto veio de uma ideia que ele não conseguiu escrever, pois não teve a oportunidade para isso já que estava ocupado demais terminando o mangá principal. Então, ele aplicou todas essas ideias no filme, chamado Boruto: Naruto The Movie.

Como já falamos em outro item, a vida de um mangaká é bem difícil e há pouco tempo livre para fazer qualquer outra coisa que não seja trabalhar na obra. Isso gerou problemas entre Kishimoto e sua esposa.

A lua de mel, por exemplo, demorou para acontecer: o autor se casou em 2003, mas só pode curtir a viagem quando o mangá finalmente acabou, onze anos depois. Isso é que é ter paciência!

Outra coisa que a deixou irritada foi descobrir que Naruto e Hinata ficariam juntos, algo que ele escondeu dela por anos a fio, mesmo com ela perguntando sobre isso. Mas ele também soube agradar: em uma entrevista, ele revelou que a amada de Naruto foi inspirada pela personalidade doce de sua esposa.