Kate Dibiasky, vivida pela atriz Jennifer Lawrence, é a responsável pela descoberta do meteoro que está prestes a colidir com a Terra. Enquanto tenta alertar a humanidade sobre o desastre, a cientista é encarada como alarmista e até mesmo vira piada na internet. Assim, a personagem faz referência à ativista ambiental sueca Greta Thunberg, que muitas vezes foi ridicularizada por negacionistas nas redes sociais por causa de seus discursos emocionantes sobre a ameaça real do aquecimento global.

No Brasil, Dibiasky foi comparada com a cientista Natalia Pasternak que, durante uma entrevista ao jornal da TV Cultura, em 2020, demonstrou indignação com o descaso de muitas pessoas em relação à pandemia, após ser questionada como tratar com “leveza” as atitudes de pessoas que não usam máscara. O acontecimento é bastante similar à cena do filme em que Dibiasky se exalta durante o programa de entrevistas, já que ninguém parecia entender a gravidade da situação.

Já o doutor Randall Mindy, interpretado por Leonardo DiCaprio, faz uma alusão a cientistas como Anthony Fauci, imunologista norte-americano que se tornou o rosto do combate à pandemia nos EUA. Apesar das tentativas frustradas de alertar a humanidade, em determinado ponto do filme, Mindy acaba virando uma celebridade, chegando até mesmo a ofuscar sua colega Dibiasky por causa da fama.

Aqui no Brasil, o personagem de DiCaprio foi comparado ao microbiologista Átila Iamarino, que foi uma figura nacional importante para a divulgação científica e o apoio às medidas de segurança contra o coronavírus.

A caricata presidente Orlean, interpretada pela incrível Meryl Streep é uma das referências mais óbvias da trama. A personagem faz uma alusão a Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, com seus discursos negacionistas, movimentos anticiência e comentários debochados.

No filme, quando Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) e Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) tentam alertá-la acerca da catástrofe iminente, a presidente usa a situação para benefício próprio. Além de descartar a urgência do assunto, Orlean está mais preocupada com a sua próxima campanha eleitoral do que com um meteoro prestes a colidir com a Terra. Assim como no filme Orlean e seus seguidores ignoram a ameaça, na vida real aconteceu o mesmo com Trump, já que muitas pessoas aderiram a discursos negacionistas durante a pandemia.

Já no cenário nacional, as comparações com o presidente Jair Bolsonaro são unânimes. Um exemplo de que a ficção imita a realidade é que, no filme, os apoiadores de Orlean incentivam a campanha “Não Olhe Para Cima”, negando a urgência dos cientistas em relação ao impacto do cometa. Uma situação parecida ocorreu no Brasil, durante o ápice da pandemia, quando o próprio presidente lançou a campanha “O Brasil não pode parar”, contrariando todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde.

O filho arrogante da presidente Orlean, Jason Orlean, vivido por Jonah Hill, é chefe de gabinete da Casa Branca. Ele faz uma alusão aos filhos de Donald Trump, que foram igualmente beneficiados pelo poder do pai na presidência dos Estados Unidos. Assim como Jason claramente bebeu da fonte do nepotismo, os filhos de Trump também vivenciaram a mesma situação. Já em paralelo com o Brasil, Jason tem sido comparado com o filho do presidente Bolsonaro, Carlos Bolsonaro.

Em Não Olhe Para Cima, Mark Rylance interpreta o bilionário Peter Isherwell, chefe de uma empresa de tecnologia. O personagem possui semelhanças diretas com nomes como Mark Zuckerberg, Elon Musk e Jeff Bezos, tornando-se quase uma mistura dos empresários que já são bastante conhecidos do público.

Mesmo demonstrando ser um gênio charmoso em sua primeira aparição, ao longo do filme percebemos quais são os verdadeiros objetivos do bilionário, que prioriza o lucro ao invés de questões urgentes, como a chegada do meteoro neste caso. Outra semelhança com a realidade é a forma como a companhia de Isherwell usa os dados dos indivíduos na internet para prever até mesmo a morte deles.

A dupla Brie Evantee (Cate Blanchett) e Jack Bremmer (Tyler Perry) também possui semelhanças com a realidade, relembrando programas matutinos de televisão norte-americanos. A caracterização de Blanchett é uma possível referência à apresentadora Mika Brzezinski, do programa Morning Joe. Já o personagem de Perry faz um paralelo a Michael Strahan do Good Morning America.

Interpretada pela estrela do pop Ariana Grande, a personagem Riley Mina é outra referência óbvia, já que a versão satirizada é interpretada pela própria cantora. Na trama, Riley é uma popstar que está vivendo um drama amoroso digno da primeira capa de revistas de fofocas. Mesmo diante da chegada do meteoro, o público parece dar mais atenção à vida amorosa da cantora do que para a catástrofe iminente.

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