Criado pelo ilustrador Mike Ploog junto aos escritores Roy Thomas e Gary Frederich, o Motoqueiro não nasceu sob a tutela da Casa das Ideias. O personagem foi inspirado na música Ghost Riders in The Sky, o primeiro Espírito da Vingança foi feito por Dick Ayers para a Magazine Enterprise. Apenas em 1962 que o nosso Motoqueiro Fantasma estreou na Marvel, em Marvel Spotlight #5.

No Brasil, conhecido como “motoqueiro”. No original, “rider” engloba qualquer veículo. Johnny Blaze, por exemplo, pilota uma moto, enquanto Robbie Reyes se tornou o Motorista Fantasma em terras tupiniquins. Diferentes roteiristas gostam de brincar com as possíveis interpretações desta palavra, gerando versões do personagem que montam coisas tão inusitadas quanto dinossauros.

O manto começou com Carter Slade, que possuía um cavalo. Em sua estreia no ano de 1967, o herói surgiu sob o nome de Ghost Rider. Foi apenas em edições futuras, com a criação de Blaze, que Slade seria renomeado como Phantom Rider (Cavaleiro Fantasma ou Fantasma Vingador). Mesmo que a história de Carter não seja tão sombria e demoníaca quanto a de Johnny, o personagem serviu para construir um esboço do anti-herói.

Vestido com um uniforme branco fosforescente, o herói combatia o crime com o rosto coberto por uma máscara branca e um chapéu. Com truques herdados de um feiticeiro nativo americano, o Estrela Flamejante, após a morte de Carter nos quadrinhos, sua história foi recontada, se tornando um mentor para Blaze.

Sua origem tem início no século 18 com o demônio Zarathos, Mephisto e sua ancestral, Noble Kale. Ela era a mãe de Johnny Blaze, junto de Barton Blaze. Enquanto procurava pelo Medalhão do Poder, Mephisto enganou e escravizou Zarathos. O objeto criado por uma entidade parceira de Zarathos continha a essência dos Espíritos da Vingança.

Foi então que o artefato caiu nas mãos da família Kale. Mephisto usou todas as suas artimanhas para fazer com que Noble se transformasse em um dos espíritos e matasse seu clã. O fracasso e frustração do vilão fez com que jogasse uma maldição na família Kale, exigindo que todo primogênito manifestasse o poder do medalhão.

E, para impedir que Blaze herdasse o espírito, sua mãe, Naomi, se afastou da família e tentou barganhar com Mephisto. Como toda boa história da Marvel, ele a traiu e nos momentos finais de Naomi, disse que Johnny não iria se tornar o Ghost Rider que deveria se tornar, mas ainda sim se transformaria em um.

A transformação inicial de Johnny Blaze aconteceu com um pacto demoníaco em um momento de fragilidade. Por um bom tempo, Blaze se manteve como humano. Sem conhecer suas conexões com as forças místicas da Marvel, com a morte de seu pai biológico, o rapaz cresceu junto de uma família adotiva, os Simpsons. Criando uma relação próxima com os pais e, até mesmo, romântica com a irmã adotiva, Roxanne. As coisas começaram a mudar quando Mona Simpson, sua mãe adotiva, faleceu durante uma performance de acrobacias em motocicletas. 

Seu último desejo transmitido a Johnny foi que deixasse de pilotar. Por cinco anos, ele cumpriu a promessa. Ou quase isso. O rapaz continuou afastado dos negócios da família, nunca mais subindo em um palco, mas, secretamente, treinava toda a noite. Foi apenas quando descobriu que seu pai adotivo, Crash, havia desenvolvido um câncer que tudo mudou. Se recusando a ver a morte de mais um ente querido, Blaze fez um feitiço em busca de Satã e recebeu: Mephisto. 

A partir daquele momento, o demônio curaria Crash, mas Johnny deveria servi-lo e passar a eternidade no inferno. Infelizmente, a vida de seu pai não perdurou por muito tempo, já que faleceu durante uma manobra perigosa. Esse, então, se tornou o estopim para o jovem se transformar, pela primeira vez, no Motoqueiro Fantasma.

Desde então, Johnny se tornou uma das constantes do misticismo no Universo Marvel. A princípio, o herói se manteve em seu quadrinho solo. Enfrentando um hall da infâmia que iam de satanistas até Daimon Hellstorm, Pesadelo e até mesmo Lúcifer. Sua primeira formação de equipe foram os Campeões de L.A, em 1975. Junto de Viúva Negra, Anjo, Homem de Gelo e Hércules, os heróis buscavam uma forma de impedir Plutão de invadir o Olimpo.

Mas, entre alguns dos quadrinhos mais icônicos do personagem está Cosmic Ghost Rider, em que o personagem começa desejando matar um bebê Thanos e termina se tornando sua babá. Já o arco de apresentação de Robbie Reyes, publicado no Brasil como Motorista Fantasma, foi aclamado pela crítica na época. Enquanto isso, algumas das histórias clássicas do herói ficam para A Maldição de Jonathan Blaze! de Roger Stern, Ghost Rider: Hammer Lane, Motoqueiro Fantasma, Wolverine e Justiceiro: Corações Negros e Motoqueiro Fantasma: Ciclo Vicioso.

E, com tantas histórias, parece impossível se manter atualizado sobre os poderes e habilidades de um Ghost Rider. Porém, é possível concluir que cada Espírito da Vingança é único e, o que é capaz de fazer, é uma questão de criatividade. Os destaques ficam para a Manipulação do Fogo do Inferno, se alimentar ou sentir os pecados das pessoas ao seu redor, manipular, ler ou consumir almas, viagem dimensional, entre outros.

A questão da criatividade fica para como o usuário irá utilizar essas habilidades. A mais conhecida é o Olhar da Penitência, em que o Motoqueiro Fantasma faz a vítima sentir toda a dor e sofrimento que ela causou. Por outro lado, a eficácia não é garantida. Existem entidades em que a ação é ineficaz, fazendo com que a mesma saia ilesa do olhar. Desta forma, o Motoqueiro precisa encontrar outros poderes para se defender. No caso de Alejandra Jones, ela era capaz de ressuscitar os mortos e invocar pragas bíblicas.

Assim como existe um vasto Aranhaverso, facilmente poderia ser criado um Fantasmaverso para os Espíritos da Vingança. Além de versões alternativas e passageiras, como o Cosmic Ghost Rider, os principais hospedeiros foram Johnny Blaze, Danny Ketch e Robbie Reyes. A quantidade de variáveis levou Blaze a criar um desafio entre os Ghost Riders.

Após levar Robbie Reyes ao inferno durante um exorcismo, Johnny desafiou o motorista a vencê-lo em uma corrida. Caso ganhasse, levaria todos os poderes do anti-herói. A corrida trouxe a participação de diversos outros Espíritos da Vingança, assim como a presença do Cosmic Ghost Rider. Em outro momento, em Marvel Legacy, descobrimos que em 1.000.000 AC existia uma versão do personagem que usava um Mamute como meio de locomoção. A pergunta fica para qual poderia ser seu nome: Mamuteiro Fantasma ou Fantasma Selvagem?

Mesmo não sendo um dos principais personagens da Marvel, Motoqueiro Fantasma passou por, praticamente, todas as mídias possíveis. Além de seus dois filmes protagonizados por Nicolas Cage, ele esteve presente em Agents of S.H.I.E.L.D., como também na animação clássica dos X-Men e em Hulk e os Agentes de S.M.A.S.H. Já no mundo dos games, ele teve um jogo baseado a adaptação para o cinema, como também esteve presente em Marvel Ultimate Alliance, Ultimate Marvel vs. Capcom 3, além de Lego Marvel Super Heroes.

Mas, o que é incerto é o seu futuro no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). Após o fracasso do segundo filme com Nicolas Cage, o personagem se manteve na geladeira até Gabriel Luna se tornar Robbie Reyes na série sobre a S.H.I.E.L.D. A performance do ator lhe garantiu uma série própria produzida pela Hulu. Infelizmente o projeto acabou sendo engavetado, como o spin-off protagonizado pela Harpia, Most Wanted.

Porém, com a expansão do universo Marvel com Multiverso da Loucura e a magia, misticismo e terror ganhando mais espaço com a produção de Blade, com Mahershala Ali, é difícil pensar que Johnny continuará escondido por muito tempo.

De acordo com alguns veículos, como o The Direct, a Marvel está atualmente em acordo com um ator para dar início a produção de um projeto sobre o Espírito da Vingança. Podendo ser série ou filme, os nomes sugeridos vão de Keanu Reeves a Norman Reedus, de The Walking Dead. Expectativas à parte, o interessante mesmo seria ver o encontro de vários Ghost Riders, com direito a Cage gritando com os demais.