Um dos destaques de Morbius é a presença de Matt Smith, conhecido pelo público como o Décimo Primeiro Doutor em Doctor Who. O único problema é que seu personagem não condiz com o talento de Matt. Pelo contrário, as motivações de Milo para se tornar o vilão e ir contra seu melhor amigo deixam a desejar.

Mesmo que a virada de chave de Milo possa ser resumida a um desejo por poder e um senso de autopreservação, outros pontos na história do personagem não se encaixam. Dentre eles, como ele possui grande influência e dinheiro e até mesmo a origem de seu apelido.

Em uma cena flashback, descobrimos que o nome real de Milo é Lucien. Esse apelido foi dado à ele na época em que Morbius e Lucien estavam no orfanato. Lá, é dito que todas as crianças que ocuparam a cama da ala médica onde Lucien está, passaram a ser chamadas de “Milo”. Então, simples assim, Lucien se tornou “Milo”.

O braço direito de Morbius, Martine, é outra personagem que não se encaixa bem na história. No início, Morbius diz que está deixando a colega de laboratório às escuras em relação aos seus experimentos para caso tenha algum problema legal no futuro. Não muito tempo depois, Morbius não apenas a coloca em meio a toda a confusão como a leva até o barco onde faz o teste final com os morcegos.

Essa parte do filme pode ser ignorada, até porque o personagem de Jared Leto iria precisar de alguma ajuda para dar prosseguimento aos seus testes. Porém, a transformação de Martine não é assim tão simples de se explicar. Isso porque, no decorrer do filme, Milo ataca diversas pessoas, bebe o sangue delas deliberadamente, mas não criou nenhum vampiro no processo.

Ao fim da produção, após Morbius morder Martine, vemos que a cientista se tornou uma “pseudo-vampira”, sem motivo algum do porquê disso ter acontecido, especificamente, com Martine.

Sabemos que o Detetive Stroud, interpretado por Tyrese Gibson, passou por poucas e boas na guerra. Em determinado momento, ele diz que quase perdeu o braço se não fosse a tecnologia de sangue sintético criada por Morbius.

Mas, nada disso explica a velocidade sobre humana de Stroud. Em uma cena do filme, os detetives Stroud e Rodriguez encurralam Morbius com o intuito de prendê-lo após a polícia ter encontrado provas do envolvimento do cientista com o surgimento de um barco cheio de pessoas mortas.

Morbius, percebendo do que se trata, foge. O homem corre para as escadas do prédio e sobe até a cobertura com apenas um salto. Stroud corre para alcançá-lo, mas apenas consegue observar a fumaça preta se deslocando para o alto. Porém, poucos momentos depois, quando Morbius está se preparando para saltar do prédio, Stroud aparece atrás dele, apontando uma arma.

A verdade é que o detetive poderia ter utilizado um elevador, mas com a quantidade de andares e o pouco tempo que Morbius levou para chegar a cobertura, nada disso parece corroborar com a cena.

Ao fim do filme, em uma cena pós-créditos, vemos o Abutre, do universo do Homem-Aranha de Tom Holland, se unindo a Morbius. Nela, o vilão diz: “Não sei como eu cheguei aqui. Tem a ver com o Homem-Aranha, acho”.

Mesmo que o público saiba que a chegada do Abutre ao “Sonyverso” seja, em parte, culpa do Homem-Aranha e o feitiço errado de Doutor Estranho em Sem Volta Para Casa, não faz sentido algum que o vilão culpe o Cabeça de Teia por isso.

Um dos aspectos mais confusos do filme são os poderes de Morbius. Em resumo, o personagem ganhou seus poderes após ter seu DNA combinado com o de um morcego. Enquanto a “ciência” por trás disso tenta explicar a sede de Morbius por sangue e sua ecolocalização, deixa a desejar quando falamos de sua habilidade sobrenatural de vôo e até mesmo como a mutação modificou todo o físico do personagem.

Também temos o aspecto visual que o filme decidiu adotar. Não se sabe ao certo o que é a “fumaça” que toma o redor de Morbius e Milo quando os dois se movem em velocidade sobre humana.

Sabemos que o Sexteto Sinistro dos quadrinhos nunca nem ao menos viu Morbius, mas a aliança formada entre ele e Abutre no fim do filme traz lembranças sobre a equipe de inimigos do Homem-Aranha.

O que faz menos sentido nessa reunião é que, nessa história de origem, Morbius não possui nenhum motivo para se voltar contra ninguém, muito menos contra o Homem-Aranha. O fato do Abutre culpabilizar o herói por sua viagem interdimensional e ainda acreditar que ele e Morbius possuem motivos para trabalharem juntos não faz o mínimo sentido.

Ainda falando sobre o Abutre, algo que incomodou os fãs do personagem e do Universo Cinematográfico da Marvel é que o vilão continuou perdido no universo de Morbius. Em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, o feitiço de Doutor Estranho causou um efeito dominó que levou diversos vilões e heróis para o universo de Holland.

A questão é: Ao fim do filme, quando Stephen Strange apaga a memória que todo o mundo tinha de Peter Parker, tudo volta ao normal. As variantes Aranhas de Peter retornam para suas realidades, assim como Duende Verde, Homem-Areia, Electro, Lagarto e, até mesmo, Venom.

Mas, aparentemente, o mesmo não aconteceu para o Abutre. O porquê disso? Ninguém sabe.

Um ponto alto do MCU é como o mesmo conseguiu construir seus personagens a partir de eventos catastróficos dos filmes. Entre vários exemplos, temos a armadura do Abutre. A mesma foi construída a partir de tecnologia Chitauri deixada pela raça alienígena durante a invasão no primeiro filme dos Vingadores.

Já nas cenas pós-créditos de Morbius, vemos que a armadura do vilão ganhou algumas pequenas modificações, sugerindo que este é um novo uniforme. O problema é que o universo da Sony nunca sofreu nenhuma invasão alienígena, nem possui um elemento crucial na criação da roupa do Abutre: Phineas Mason, seu assistente.

Tudo isso inviabiliza a possibilidade do vilão conseguir construir, por conta própria, uma nova armadura. Ainda mais se levarmos em conta que ele está em um universo desconhecido. Pode-se dizer que, talvez, ele apenas foi transportado com sua armadura, mas então, por que as mudanças no visual?