10 mangás com arte de tirar o fôlego
10 mangás com arte de tirar o fôlego
Aquele tipo de trabalho que dá para emoldurar cada painel!
Arte, no geral, é uma questão subjetiva e quando se trata de mangá, a divisão de opiniões é brutal. Às vezes uma história pode ser incrível, mas aquele traço não te captou e você fica até triste de não conseguir gostar da obra.
Mas, como tudo tem exceção, existem aqueles mangás que, em uma opinião quase unânime, são obras primas. É desses títulos que eu vou falar na lista de hoje. Se você acha que faltou algum, não esqueça de deixar nos comentários!
Berserk
Kentaro Miura criou um mangá que é um verdadeiro exemplo de história fantástica, arte de tirar o fôlego e muita paciência. Berserk é um título clássico já, quando está sendo publicado há mais de 30 anos - e nem possui tantas edições assim.
A questão de Berserk é que o trabalho artístico é TÃO detalhado e difícil de produzir que a publicação é irregular. Tanto o roteiro, quanto a ilustração, são do Miura e o autor se utiliza de técnicas extremamente complexas para finalizar cada quadro do mangá.
Não é à toa que seu trabalho se tornou referência e é usado como estudo por vários artistas.
Akira
Outro clássico, mas com um estilo completamente diferente de Berserk, Akira é referência em arte tanto no mangá, quanto no filme animado. O autor, Katsuhiro Otomo, é responsável pelo roteiro e ilustrações da publicação e da animação, algo realmente impressionante.
Akira é uma referência imediata do estilo cyberpunk, tem um traço muito único, detalhado, mais arredondado, que torna a obra reconhecível para qualquer um que viu pelo menos a capa do mangá ou o pôster do filme. É uma publicação com quase 40 anos, de 1982, e o longa é de 1988, o que deixa a situação ainda mais incrível, quando nem o tempo conseguiu apagar a grandiosidade da obra.
Vagabond
Um mangá icônico para um personagem clássico da literatura japonesa. Vagabond não possui anime, mas é um título que qualquer um que aprecia as obras japonesas deveria dar uma chance.
Escrito e roteirizado por Takehiko Inoue, Vagabond conta a história do samurai lendário Miyamoto Musashi. Provavelmente você já ouviu esse nome, né? Pessoalmente, eu não consigo nem descrever a beleza dessa obra.
Inoue mistura realismo e fantasia no seu traço extremamente detalhado, gerando quadros que possuem movimento, vida, e que são lindos mesmo quando mostram cenas brutais. É um mangá pesado, com uma aventura sangrenta, mas que parece estranhamente limpo e fácil de ficar um tempão apenas contemplando.
Uzumaki
É possível que os amantes do terror já tenham ouvido o nome de Junji Ito por aí. O autor é conhecido por suas obras de horror extremamente bizarras, gráficas, criativas e que carregam uma certa peculiaridade cômica.
O trabalho mais famoso de Ito é Uzumaki, que deve ganhar uma versão animada em breve - e isso me deixa desconfortável só de pensar. Roteirizado e ilustrado por Ito, este é um mangá verdadeiramente absurdo, aterrorizante e psicológico, que conta a história de uma cidade assombrada por espirais.
O traço de Junji Ito é daqueles que vão te marcar mesmo você não querendo. Existe algo assombroso, mas ao mesmo tempo bem humorado, em como ele usa de uma estética realista para contar essas histórias.
One Punch-Man
É engraçado um trabalho do ONE nessa lista, quando o traço do autor não é dos mais conceituados. Mas, mesmo que a história de One Punch-Man seja dele, quem retrabalha a webcomic e a transforma em mangá é outra pessoa.
O mangá de One Punch-Man é feito por Yusuke Murata e se você se impressionou com a animação da primeira temporada do anime, é porque eles tiveram um material excelente para se inspirar. A arte de Murata para OPM é de fazer você ficar boquiaberto com o detalhamento de cenários e o design absurdamente belo desses personagens.
Ainda, vale pontuar que Murata incorpora em vários momentos o traço original do ONE, principalmente quando ele desenha o Saitama, criando um humor muito particular para o mangá.
Oyasumi Punpun
Um título não tão famoso aqui no Brasil, Oyasumi Punpun, ou “Boa Noite Punpun”, é fascinante. Arte e história são do mangaká Inio Asano e, ainda que possam causar estranheza à primeira vista, vale muito a pena investir nessa leitura.
O que torna Oyasumi Punpun tão peculiar é a arte que contrasta um traço mais sentimental com um segundo tipo surrealista, abstrato. Calma, vou explicar. Nessa história, acompanhamos o protagonista, Onodera Punpun, em quatro fases da sua vida: primário, escola secundária, colegial e seus vinte e tantos anos.
É uma jornada sobre a vida, relacionamentos e altos e baixos do protagonista, mas o autor resolveu deixar tudo mais interessante em como ele retrata Punpun. No mangá, ele é desenhado como um pássaro, de forma bem simplista, e vai mudando conforme envelhece.
O desenho do protagonista é uma contraposição enorme com que está ao seu redor e ilustra seu crescimento pessoal, em transformação conforme as fases passam - mas isso não significa que ele sempre será um pássaro. Essa é uma jornada tocante, fantástica, que vale gastar um tempinho lendo
Otoyomegatari
Um título bem diferente, para quem quer dar uma variada na leitura, Otoyomegatari - ou A História de uma Noiva - é um mangá de romance histórico de 2008 roteirizado e ilustrado por Kaoru Mori. E se for para descrever a arte da mangaká em uma palavra, não tem como ser algo diferente de magnífico.
Otoyomegatari traz uma ilustração que mostra o melhor da arte clássica de mangá, com olhões belíssimos, traço arredondado, sombreamento suave e aquelas expressões exageradas, misturada a um realismo detalhado belíssimo. Existe uma oposição na obra entre os personagens e os trajes e cenários hiper detalhados que enriquece o conto e o separa de outras publicações. O grande trunfo de Kaoru está no trabalho sem igual de texturas e tecidos, que parecem saltar da página de tão belos.
Contextualizando, Otoyomegatari se passa em uma vila da Ásia Central no fim do século XIX. O mangá conta a história de Amir, uma jovem que vem de uma vila distante, além das montanhas, para se casar com Karluk, que é oito anos mais novo que ela. Acompanhamos o relacionamento dos dois enquanto somos apresentados a todo o contexto dessa época e às tramas de outras mulheres da região.
Gantz
Se você é fã de anime e mangá algum tempo, já deve ter topado com o título de Gantz por aí. De Hiroya Oku, responsável pelo roteiro e arte da obra, essa é a história do pós-morte dos adolescentes Kei Kurono e Masaru Kentaro que, depois de morrerem atingidos por um trem, são forçados em um jogo de caça alienígena com armas futuristas. Insano, né?
Hiroya criou os cenários do mangá em computação gráfica e desenhou o personagens em cima, recurso usado por estúdios de animação, mas não tanto em mangás. Essa escolha do autor deu a Gantz detalhes, ação, senso de profundidade e de dinamismo sem iguais O trabalho com a arte aqui é tão absurdo quanto o plot da obra. A coisa não se prende apenas a “cenários cg”; cada quadro desse mangá é de te fazer ficar boquiaberto pela composição completa e pelos elementos separados.
Além do mangá original, que foi de 2000 até 2013, Gantz possui vários spinoffs, inclusive um que começou a ser publicado em janeiro desse ano, Gantz:E. A obra também foi adaptada para anime, live-action e um filme em 3D de 2016 chamado Gantz:O.
Mugen no Jünin
Mais um samurai com arte sensacional para a lista? Pois é, assim como Vagabond, Mugen no Jünin, ou Blade: A Lâmina do Imortal, é um título que muita gente deve conhecer, pois é um clássico tanto em mangá, como anime.
De Hiroaki Samura, na arte e roteiro, Blade é belíssimo e visceral. O estilo aqui é bem diferente de Vagabond, com um traço mais fino na hachura criando quadros mais suaves e dinâmicos, em contraposição às tomadas mais dramáticas do outro título. Isso não significa, porém, que a história seja mais suave.
A publicação começou em 1993 e foi até 2012, um feito grandioso. Já a adaptação para anime é de 2008, uma produção dos estúdios Bee Train e Production IG, contando com 13 episódios.
Kokou no Hito
Para fechar, mais um mangá fora da linha fantástica. Kokou no Hito, que pode ser traduzido como “Pessoa Solitária”, conta a história do jovem Mori Buntarö, um rapaz que se apaixona pela escalada durante o colégio e, a partir daí, dedica sua vida a encontrar desafios cada vez maiores para superar.
A premissa parece estranha de primeira, mas esse é um mangá muito profundo e sentimental. É uma história sobre o amadurecimento e relações interpessoais, quando intercala o tamanho das empreitadas de Mori com seu crescimento interno. E boa parte do sucesso da obra em contar essa jornada se deve à sua arte.
Ilustrada por Shinichi Sakamoto, que também é responsável por parte do roteiro, Kokou no Hito é assustador em seu detalhismo nas expressões e delírios dos personagens, mas, principalmente, nos cenários. Sakamoto criou um mundo profundo, belo, solitário e vivo com a sua arte. Muitos quadros da obra são arrepiantes. Não importa se é um grande céu estrelado, uma vista de uma floresta ou uma revoada de pássaros, a expressão de espaço e sentimento aqui é sem igual.