10 maiores fracassos de bilheterias do cinema
10 maiores fracassos de bilheterias do cinema
Veja filmes que prometeram o mundo mas só deixaram prejuízo e desgosto para seus estúdios
Não existe receita para se fazer um sucesso nos cinemas, e muitos estúdios descobriram essa lição do jeito mais complicado. Há vários casos de filmes que poderiam ser grandiosos mas acabaram entrando para a história do cinema do jeito errado: se tornaram memoráveis por terem fracassado em grandes proporções.
Considerando que várias obras disputam a pequena atenção e dinheiro do público, bilheterias medíocres e decepcionantes são comuns. O que torna os filmes abaixo especiais é que tiveram investimentos milionários, e alguns sequer conseguiram uma fração do que gastaram.
Separamos abaixo 10 dos maiores fracassos de bilheteria do cinema!
O 13º Guerreiro (1999)
Nas décadas de 80 e 90, John McTiernan fez seu nome por dirigir obras como O Predador (1987), Duro de Matar (1988) e A Caçada ao Outubro Vermelho (1990). Para seu projeto de 1999, ele olhou para o livro O 13º Guerreiro, de Michael Crichton - autor por trás das obras que inspiraram Jurassic Park e Westworld.
A adaptação da obra, que narra um árabe que se torna guerreiro viking, ainda seria estrelado por Antonio Banderas, que já era queridinho na época entre os cinéfilos, por dar as caras nos filmes de Pedro Almodóvar, e pelos fãs de ação, já que protagonizou os primeiros trabalhos de Robert Rodriguez, como A Balada do Pistoleiro (1995).
Tudo para dar certo, né? Errado. A produção passou por uma série de problemas e regravações, em um ponto em que até o próprio Michael Crichton assumiu a direção do longa das mãos de John McTiernan. Com tantos atrasos, o custo chegou na casa de US$160 milhões, mas quando o filme estreou sua arrecadação mundial foi de míseros US$60 milhões, deixando aí um considerável prejuízo.
47 Ronins (2013)
Fracassos de bilheteria costumam ser resultado de produções turbulentas. 47 Ronins, baseado em um fábula japonesa de samurais sem mestres, é um desses casos. A trama do filme foi concebida em 2008, e a Universal Pictures acreditava ter nas mãos um universo tão grandioso quanto O Senhor dos Anéis, com a bilheteria de Avatar.
Para alcançar esse ambicioso objetivo, o estúdio colocou o projeto nas mãos de Carl Rinsch - um diretor novato, cuja experiência prévia era em curtas e comerciais de TV. O problema surgiu pela interferência do estúdio, que reescreveu a trama várias vezes. Além disso, a produção não sabia como lidar com um elenco majoritariamente japonês, e nem onde encaixar Keanu Reeves no meio disso tudo. A cereja no bolo do desastre foi uma decisão comum na época: filmar em 3D.
47 Ronins fez US$151 milhões na bilheteria mundial, o que não é valor para se jogar fora, mas que mal compensou quando se leva em conta que a produção custou algo entre salgados US$175 milhões e US$225 milhões, para um filme que não foi bem nos EUA, no Japão e nem em nenhum outro lugar do mundo. O fracasso foi tão grande que deixou a Universal Pictures no vermelho durante aquele ano.
A Ilha da Garganta Cortada (1995)
47 Ronins complicou a situação da Universal Pictures, mas já imaginou um filme que vai mal ao ponto de falir uma produtora com títulos de sucesso? A Carolco Pictures construiu um bom portfólio ao produzir toda a trilogia Rambo e outros clássicos como O Vingador do Futuro (1990), Instinto Selvagem (1992) e O Exterminador do Futuro 2 (1991).
Mesmo assim, a produtora estava com problemas financeiros durante a década de 90, e decidiu apostar tudo em A Ilha da Garganta Cortada. Uma aventura de piratas, o longa seria estrelado por Geena Davis e Michael Douglas, mas o primeiro problema surgiu quando o ator pulou fora por achar que seu papel estava sendo diminuído. Após uma longa busca, Matthew Modine (Nascido Para Matar, Stranger Things) assumiu o posto.
A produção passou por todo tipo de dor imaginável: atrasos, regravações, mudanças de última hora, acidentes no set como um vazamento de esgoto bem no tanque em que os atores precisavam nadar, um operador de câmera quebrando a perna, os próprios atores tendo que fazer suas cenas de ação sem nenhum preparo, demissões.
O orçamento era de US$60 milhões, mas A Ilha da Garganta Cortada acabou custando quase US$100 milhões. Na bilheteria, o filme arrecadou míseros US$10 milhões. Por conta disso, a Carolco Pictures faliu, e obras de piratas caíram no esquecimento até 2003, sendo revividas graças às Piratas do Caribe.
Marte Precisa de Mães (2011)
A Disney é muito boa em fazer o público geral esquecer de seus fracassos. Como vai ficar claro nessa lista, a empresa frequentemente entregou bombas. A maior delas é, sem dúvidas, a animação Marte Precisa de Mães.
Dirigida por Simon Wells, colaborador de longa data de Robert Zemeckis e diretor de O Príncipe do Egito (1998), essa animação acompanha um garoto chamado Milo que precisa resgatar sua mãe de uma abdução por marcianos.
O filme teve um desenvolvimento tranquilo, mas investiu em animação 3D com captura de movimentos, que é um processo bastante custoso. O grande problema foi seu visual fotorrealista absolutamente bizarro, que cria uma enorme sensação de incômodo.
Como resultado, Marte Precisa de Mães custou US$150 milhões para ser feito, mas arrecadou apenas US$39 milhões na bilheteria mundial, se tornando um dos maiores fracassos da Disney - mas não o único.
O Cavaleiro Solitário (2013)
Um raio raramente cai duas vezes no mesmo lugar. Em 2003, o produtor Jerry Bruckheimer, o diretor Gore Verbinski e o ator Johnny Depp lançaram uma franquia de sucesso para a Disney com Piratas do Caribe. Dez anos depois, em 2013, o mesmo trio entregou um dos maiores fracassos de bilheteria para a empresa.
O Cavaleiro Solitário foi uma tentativa de criar uma nova franquia com base em um personagem clássico do audiovisual norte-americano, originalmente introduzido no rádio em 1933. O longa, estrelado por Armie Hammer como um cowboy patrulheiro ao lado de Tonto, seu amigo indígena (vivido por Depp), ficou em desenvolvimento desde 2002, e era pensado para ser algo com a mesma pegada que A Máscara do Zorro (1998).
Mais de uma década depois, após extensas filmagens, o filme estreou com críticas mornas, mas conseguiu fazer US$260 milhões na bilheteria mundial. Parece bom, né? Seria se tudo - incluindo a produção e a divulgação - não tivesse custado ridículos US$350 milhões.
É preciso lembrar que todos os valores citados nesta lista têm custos escondidos, e o valor da bilheteria precisa ser dividido entre os donos de cinemas antes de voltar para os estúdios. Para O Cavaleiro Solitário vingar, seu alto custo de produção, era preciso ter arrecadado algo como US$650 milhões no mundo todo - e passou bem longe disso.
John Carter - Entre Dois Mundos (2012)
Há um motivo pelo qual você não vê mais a Disney se arriscando tanto nos cinemas. Ao longo da década passada, a empresa teve três fracassos de bilheteria nas telonas. Antes de O Cavaleiro Solitário bombar, foi John Carter - Entre Dois Mundos que começou a maré de má sorte em 2012.
O personagem é, na verdade, uma criação antiga, visto que foi originalmente apresentado no romance Uma Princesa de Marte, do autor Edgar Rice Burroughs, lançado em 1912. O livro serviu como inspiração para Duna, Star Wars e até Avatar, o que muitos acreditam que foi o seu fim, já que os trabalhos derivados cresceram em popularidade além do precursor. Uma adaptação da obra ficou em limbo de desenvolvimento por décadas, e só nos anos 2000 que ganhou uma produção pela Disney graças à pressão do diretor Andrew Stanton, de animações de peso como Procurando Nemo e Wall-e.
As expectativas da Disney logo viraram preocupações ao notar outras bombas na bilheteria, como Cowboys & Aliens e o reboot de Conan, o Bárbaro. Logo, a empresa cobrou extensas regravações e mudanças em uma obra que já era cara e complexa. Para criar mundos fantásticos, e narrar o confronto entre duas tribos guerreiras, o longa precisou de um orçamento de peso, supostamente na casa dos US$260 milhões, que se tornaram US$350 milhões com o custo da divulgação.
Além disso, John Carter não utiliza nenhuma palavra do título do livro que adapta, o que não ajudou a promover a adaptação entre os fãs e interessados em literatura. Com uma campanha de marketing bizarra, e sendo lançado no cinema junto de concorrentes como Jogos Vorazes, o filme fez meros US$284 milhões na bilheteria mundial. Para ter valido o esforço, precisava ter feito no mínimo US$700 milhões.
Foi aí que a Disney começou a repensar a ideia de fazer filmes live-action de grandes orçamentos que não fossem sequências ou adaptações de obras gigantescas.
Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível (2015)
Se John Carter começou a maré de má sorte, e O Cavaleiro Solitário agravou, foi Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível que bateu o último prego no caixão desse tipo de produção original e ambiciosa.
O longa surgiu do desejo de Damon Lindelof - conhecido por criar Lost, The Leftovers e a série de Watchmen - em criar um filme de ficção científica na Disney, com direção de Brad Bird (Os Incríveis, O Gigante de Aço). O projeto então se baseou na estética da área futurista dos parques da empresa, com trama inspirada pelas visões otimistas de um futuro que eram predominantes na década de 50 e 60.
A trama segue uma dupla de épocas diferentes que acaba descobrindo um mundo secreto que desafia as leis da física. A Disney apostou pesado que o filme conquistaria o público, e que seria o início de uma nova franquia repleta de continuações e itens licenciados. O investimento ficou na casa de US$280 milhões, mas a bilheteria não acompanhou, e a obra só arrecadou US$208 milhões mundialmente.
Se especula que o fracasso de Tomorrowland, seguido de John Carter e O Cavaleiro Solitário, e no mesmo ano de títulos como O Destino de Júpiter e O Sétimo Filho, foi o que convenceu a Disney a parar de apostar alto em obras originais. Assim, um terceiro filme de Tron foi cancelado, e a empresa passou a apostar apenas em remakes, reboots e continuações de grandes sagas.
Máquinas Mortais (2018)
Realmente não há garantia alguma de que um filme será um sucesso. Em 2001, o diretor Peter Jackson se juntou com a roteirista Philippa Boyens e a produtora Fran Walsh para o início da trilogia O Senhor dos Anéis, que se tornou uma das maiores obras já feitas no cinema. Já em 2018, o trio se reuniu para entregar um dos maiores fracassos de bilheteria do cinema.
Baseado em um livro de 2001, Máquinas Mortais é uma obra steampunk em um mundo em que as cidades ficam nas costas de enormes máquinas, em constante guerra entre si. Para a adaptação, Peter Jackson reuniu uma equipe de colaboradores de O Senhor dos Anéis e O Hobbit, mas ainda demorou quase dez anos para tirar o projeto do papel.
Com cidades steampunk altamente detalhadas e várias cenas de ação, o filme custou algo entre US$100-150 milhões, mas arrecadou pouco mais de US$83 milhões mundialmente. Além de mal conseguir conquistar a atenção do público, Máquinas Mortais chegou aos cinemas na mesma época que sucessos como Homem-Aranha no Aranhaverso, Aquaman, Bumblebee e O Retorno de Mary Poppins, o que com certeza não ajudou sua situação.
Cats (2019)
Tem projetos que ficam ótimos no papel. Cats é um dos musicais mais icônicos da Broadway, fruto da mente de Andrew Lloyd Webber - discutivelmente um dos maiores artistas do teatro musical, já que criou peças como O Fantasma da Ópera.
Recentemente, a Universal Pictures aprovou uma adaptação cinematográfica pelas mãos de Tom Hooper, que no passado emplacou três Oscar com Os Miseráveis (2012), adaptação de outro musical da Broadway. De quebra, ainda haveria um elenco grandioso, com nomes como Judi Dench, Ian McKellen, Jennifer Hudson, Idris Elba e mais.
Cats é um fracasso de proporções absurdas. Ainda que muitos dos títulos da lista tenham sido vítimas das circunstâncias, esse é um caso em que a bomba na bilheteria está diretamente relacionada à fama do filme ser uma enorme porcaria. Trama incoerente, efeitos questionáveis, e um visual digno de pesadelo aterrorizaram os poucos que se atreveram a assistir nos cinemas.
O pior é que o filme não foi tão barato, com custo na casa dos US$100 milhões para conseguir realizar seus sets grandiosos e vários efeitos de computação gráfica. Sua bilheteria mundial, porém, ficou em US$75 milhões. Considerando o gasto do orçamento com a divulgação, se especula que Cats deu prejuízo de cerca de US$110 milhões para a Universal Pictures.
Speed Racer (2008)
Um fracasso de bilheteria pode acabar encontrando seu público com o tempo. Speed Racer, a obra das Irmãs Wachowski, é um bom exemplo disso. Adaptação live-action do icônico anime dos anos 60, o filme acompanha um jovem que quer se consagrar como piloto de intensas corridas.
A adaptação não foi barata, e usou e abusou de efeitos digitais em uma época em que ainda pesavam bastante no bolso. A produção das Wachowski custou cerca de US$120 milhões, com um visual bastante ousado, colorido e frenético. Infelizmente, não era o tipo de filme que o público da época queria assistir. De resultado, a bilheteria mundial ficou em modestos US$93 milhões.
Com o tempo, especialmente após fracassos como Tomorrowland enterrarem de vez esse tipo de produção ambiciosa de alto orçamento, Speed Racer passou a ser revisitado como um filme incompreendido, do tipo de cinema excessivo que faz falta.
Hoje em dia, as obras que custam mais de US$100 milhões são apenas continuações ou propriedades gigantescas, e mesmo essas jogam bastante seguro em termos de ambição ou estilo. Assim, o filme se tornou um lembrete de que o cinema costumava se arriscar mais no passado - mesmo com a possibilidade do fracasso se concretizando com frequência.
Qual é o seu fracasso de bilheteria favorito? Deixe nos comentários abaixo!