Engana-se quem pensa que as brigas nos bastidores de filmes começaram apenas com o Universo Estendido da DC Comics, ainda mais porque a Warner Bros. sempre teve a fama de ser um estúdio bem controlador com seus diretores e artistas. Uma das primeiras provas disso é Superman II.

O filme originalmente seria dirigido por Richard Donner, o responsável pelo primeiro filme do herói. Porém, após várias diferenças criativas, Donner se afastou do projeto e foi trocado por Richard Lester. Contudo, Lester teve que regravar mais de 50% do filme, já que as filmagens estavam quase concluídas quando Donner saiu.

O filme fez um bom sucesso, mas anos depois (em 2006), Donner conseguiu lançar sua própria versão do filme.

Mas não parou por aí. Mesmo com a saída de Richard Donner da franquia, a saga do Homem de Aço continuou até o fiasco chamado Superman IV: Em Busca da Paz. O longa passou para as mãos da Cannon Films, uma subsidiária da Warner que era conhecida por fazer filmes muito baratos.

A Cannon queria gastar muito pouco para fazer o quarto filme do Superman, o que gerou conflitos com Christopher Reeve, o astro da saga. Ele tentou de tudo para fazer um filme à altura do restante da franquia. A produtora se negou, oferecendo um orçamento baixíssimo para o longa, e o resultado final é bem evidente.

Não foi só o Homem de Aço que passou por problemas no cinema, já que o Cavaleiro das Trevas também passou por poucas e boas nas mãos da Warner. A franquia iniciada por Tim Burton estava agradando os fãs do herói, mas o estúdio decidiu seguir um caminho mais infantil com Batman Eternamente.

Para isso, eles escalaram o astro Val Kilmer para tomar o papel do herói. Entretanto, ele era conhecido por ser muito infantil e viver maltratando outros atores e a equipe de produção. Por conta disso, o diretor Joel Schumacher decidiu substituí-lo por George Clooney na sequência.

Agora, indo em direção ao Universo Estendido da DC Comics, temos diversos exemplos de discussões e problemas nos bastidores, mesmo de filmes que foram sucesso de crítica e de bilheteria. Um bom exemplo é Mulher-Maravilha, tido por muitos como o primeiro sucesso absoluto da franquia.

Muito antes de Patty Jenkins assumir a direção, a Warner tinha contratado Michelle MacLaren para cuidar do projeto. A diretora já havia trabalhado em séries como Arquivo X e Game of Thrones, mas suas diferenças criativas com o estúdio fizeram com que ela resignasse o cargo no filme.

Basicamente, Michelle queria fazer um grande épico de guerra focado no povo de Temíscira, o que ia contra a proposta da Warner de trabalhar um romance focado unicamente na protagonista vivida por Gal Gadot. Isso levou a discussões que resultaram na demissão da cineasta.

Esquadrão Suicida e Liga da Justiça foram dois dos filmes mais polêmicos dos últimos anos, e aqui vamos explicar o motivo. Para começo de conversa, não podemos esquecer de toda a controvérsia movimentada por Jared Leto no filme de David Ayer.

Para viver o Coringa, Leto embarcou no "método", dando presentes constrangedores para vários colegas de elenco e causando um terrorismo psicológico nos bastidores. E embora muitos aceitaram o comportamento de Leto sem questionar, o mesmo não pode ser dito sobre Viola Davis.

A atriz, que interpretou Amanda Waller no filme, ficou muito desconfortável e chamou a atenção de Leto, exigindo que ele não mandasse mais nenhum "presente" a ela. Sem tempo para palhaçadas, irmão.

A produção de Liga da Justiça foi uma grande bagunça do início ao fim. O filme sofreu grandes problemas desde sua concepção, ainda mais com os filmes anteriores de Zack Snyder sendo recebidos negativamente pela crítica. Após o fracasso de Batman vs. Superman, a Warner declarou um basta.

Para isso, afastaram Snyder da produção do filme, usando como desculpa uma tragédia na família do diretor. Uma vez fora do projeto, Snyder foi substituído por Joss Whedon nas refilmagens e na pós-produção, o que resultou no filme que foi lançado nos cinemas.

Apesar disso, o longa também foi um fracasso de crítica e de bilheteria, o que fez com que muitos fãs partissem em uma campanha para o lançamento da versão original de Snyder. Agora, anos depois do lançamento de Liga da Justiça, o Snyder Cut será lançado oficialmente pelo HBO Max.

Entre as várias polêmicas que aconteceram nos bastidores de Liga da Justiça após a entrada de Joss Whedon no projeto, uma das maiores e mais engraçadas envolve Henry Cavill, que estava gravando sua participação em Missão Impossível: Efeito Fallout quando foi chamado para as refilmagens de Liga.

Em Missão Impossível, ele precisava usar um bigode, e era obrigado por contrato a não tirá-lo. Por isso, ele teve que regravar suas cenas de Superman com o bigodão, que foi "apagado" na pós-produção com efeitos visuais - algo que custou milhões de dólares e, ainda assim, ficou péssimo.

Pois bem, desde que a Warner decidiu anunciar oficialmente o lançamento do Snyder Cut, tudo mudou em Hollywood, sobretudo nos filmes da DC Comics. Um dos maiores afetados por isso foi David Ayer, o diretor de Esquadrão Suicida.

Em 2016, o diretor tinha dado várias entrevistas declarando que o filme que estava nos cinemas era a "sua visão" para o projeto, e que não tinha sofrido interferência nas mãos do estúdio. Porém, agora ele mudou de história, confirmando a existência do AyerCut.

Em várias entrevistas - e em seu Twitter - o diretor fala constantemente sobre como sua visão "original" para o filme teria sido muito melhor do que a que foi para os cinemas. Curioso, ainda mais nas vésperas do lançamento de um novo filme da equipe, dessa vez dirigido por James Gunn.

Se as tretas no set de Liga da Justiça já eram grandes, elas ficaram ainda maiores com a entrada de Ray Fisher na briga. O ator viveu o Ciborgue no filme, e anteriormente tinha falado bem de Joss Whedon em uma participação na Comic-Con antes do lançamento do longa.

No entanto, nos últimos meses, Fisher botou a boca no trombone e retirou tudo o que havia dito, contando histórias cabeludas dos bastidores. De acordo com o ator, Whedon era abusivo e maltratava o elenco do filme, além de realizar atos racistas com ele e outros atores não-caucasianos.

Essa discussão tomou um rumo ainda maior, com Fisher acusando a Warner e os produtores Geoff Johns e Jon Berg de acobertarem o comportamento de Whedon. Ainda não sabemos qual será o fim dessa novela, mas as discussões relacionadas a isso não vão acabar tão cedo...

Agora, deixando um pouco o Universo Estendido da DC de lado, não podemos nos esquecer de uma briga recente, que envolveu Jared Leto. De acordo com várias informações dos bastidores, o ator não teria ficado nada feliz com o anúncio do filme solo do Coringa.

O longa se passaria fora da franquia da DC e traria outro ator no papel do vilão. De acordo com insiders, Leto teria usado toda sua influência para impedir o projeto de acontecer, já que queria protagonizar um longa-metragem reprisando o papel do Coringa.

Eventualmente, a sabotagem de Leto não funcionou bem, já que o filme solo do vilão saiu e se tornou um dos filmes mais bem-sucedidos de 2019, rendendo o Oscar de Melhor Ator para Joaquin Phoenix. Por outro lado, o Coringa de Leto vai retornar no Snyder Cut de Liga da Justiça.