10 motivos para você assistir Lovecraft Country, nova série da HBO

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10 motivos para você assistir Lovecraft Country, nova série da HBO

Por Gus Fiaux

Os fãs de horror cósmico e narrativas fantásticas estão ganhando um baita presente com Lovecraft Country. A série, baseada no livro homônimo de Matt Ruff, pega os personagens e conceitos estabelecidos por um dos maiores autores de horror de todos os tempos, e os subverte para criar uma narrativa única e original.

A série conta com um elenco espetacular e nomes grandiosos por trás de sua produção. Até o momento, dois episódios já foram lançados – dentre os dez da temporada. Por isso, aqui estamos listando 10 motivos pelos quais você precisa dar uma chance a Lovecraft Country!

Créditos das imagens: Divulgação
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Adaptação

Caso você não saiba, Lovecraft Country é, na verdade, uma adaptação do livro de mesmo nome escrito por Matt Ruff, e publicado recentemente no Brasil pela Editora Intrínseca. O livro foi lançado originalmente em 2016 e logo se tornou um sucesso da crítica especializada, subvertendo a obra original de H.P. Lovecraft.

Se você já tiver lido o livro, vai notar que Lovecraft Country é uma adaptação perfeita, com pouquíssimas mudanças em relação ao material-fonte. Até mesmo as alterações feitas pela série são muito condizentes com a história e acrescentam novas camadas de detalhes sobre os personagens ou até mesmo a trama.

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Subvertendo a obra de H.P. Lovecraft

H.P. Lovecraft é, para muitos, um dos maiores autores de terror e ficção científica que já existiu. Ele foi um dos criadores do "horror cósmico", um subgênero da literatura pulp focada em deuses ancestrais e monstros que nem a mente humana é capaz de conceber ou descrever. Porém, isso não anula o fato de que o homem era bem racista.

Em diversas obras, ele comparava pessoas negras a civilizações selvagens e inumanas, com uma visão de mundo preconceituosa e muito intolerante. Em Lovecraft Country, o racismo do escritor não é apenas mencionado como é confrontado o tempo todo, e a própria história serve para subverter várias noções trazidas por Lovecraft em suas obras.

Citando uma das melhores frases do livro e do primeiro episódio da série: "Histórias são como pessoas. Nós até podemos amá-las, mas não podemos alegar que são perfeitas. Sempre tentamos enaltecer suas virtudes e relevar seus defeitos, mas isso não faz os defeitos desaparecerem".

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Uma homenagem à literatura pulp

Assim como o livro de Matt Ruff, a trama de Lovecraft Country é dividida de uma forma bem interessante. No livro, cada capítulo é um conto, e todos os contos se interligam para formar uma trama maior. Na série não é diferente, já que cada episódio adapta um dos contos do livro, focando-se em personagens e situações diferentes.

A exceção é o primeiro conto do livro, que é adaptado nos dois primeiros episódios. De qualquer forma, isso é realmente uma grande homenagem à literatura pulp, de onde surgiram autores como o próprio H.P. Lovecraft, e que eram conhecidos por seus contos pequenos e contidos, que quando agrupados, formavam uma "mitologia" à parte.

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Construção de trama a longo prazo

Apesar de ter essa estrutura "fragmentada" dos contos, já que a série desenvolve e explora grupos diferentes de personagens a cada episódio, Lovecraft Country também tem uma grande trama sendo construída a longo prazo, com cada episódio acrescentando mais elementos e pistas do que está por vir.

E o curioso é que muitos dos "contos" do livro são baseados em obras originais de H.P. Lovecraft. Um exemplo disso é o segundo conto do livro (que será adaptado no terceiro episódio da série), que é inspirado na história "Sonhos na Casa Assombrada", trazendo várias referências, easter-eggs e elementos da obra original.

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Fantasia e efeitos visuais

Se tem uma coisa que não podemos reclamar de Lovecraft Country é sua ambientação e criação de mundo. A série leva a fantasia a sério, criando um mundo como o normal, ainda que seja habitado pelos monstros indescritíveis e pelas entidades sobrenaturais e cósmicas que povoam as obras literárias de H.P. Lovecraft.

Por isso, todo o trabalho estético da série é impressionante. Já no primeiro episódio, podemos ver alguns monstros pavorosos - inclusive um gigantesco Cthulhu -, todos feitos com efeitos visuais de primeira qualidade. E isso não é tudo - a série também esbanja de uma fotografia e uma direção de arte incomparáveis, o que aumenta ainda mais a credibilidade desse universo.

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Realismo fantástico

E mesmo que a série tenha lá seu grande número de criaturas assombrosas e monstros descomunais, o que torna Lovecraft Country tão interessante é justamente como a série se passa em uma realidade muito próxima da real. Para começo de conversa, a trama é ambientada nos anos 50, e vemos os personagens viajando para várias cidades dos Estados Unidos.

O nível de realismo é impressionante, seja na reconstrução de época ou até mesmo no uso de expressões e frases que eram muito comuns nessa época, especialmente nas comunidades negras dos Estados Unidos. Destaque também para a presença de vários elementos históricos que marcaram esse período, como as "sundown towns" e o famigerado green book.

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O maior monstro da série é o racismo

E é justamente por ser tão calcada na realidade que Lovecraft Country acaba abordando um dos maiores males que já assolou a humanidade: o racismo. A série se passa nos anos 50, no período em que os Estados Unidos passavam por um pico de segregação racial, conhecido como a Era Jim Crow.

Nesse contexto, a série trabalha não apenas os monstros vindos do horror cósmico de Lovecraft, como também o ódio e racismo que deixam marcas no mundo todo até hoje. E por ser uma série focada em protagonistas negros, Lovecraft Country já faz, por si só, uma bela subversão da obra de H.P. Lovecraft.

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Dinâmicas entre personagens

Apesar de ser uma história calcada no racismo institucional dos Estados Unidos, Lovecraft Country não é apenas uma série sobre negros sofrendo em decorrência de atitudes racistas. Nos episódios já divulgados até agora, podemos ver várias dinâmicas e relações entre os protagonistas e coadjuvantes, trazendo uma complexidade para todos os personagens.

A série trabalha bem tramas envolvendo família, relacionamento amoroso, traumas de guerra, espírito de comunidade e até mesmo seitas sinistras. Tudo isso trazendo personagens muito cativantes e seguros de si, que não ficam à margem de clichês e estereótipos.

Só no trio principal, temos Atticus Freeman, um veterano da Guerra da Coréia que retorna em busca de seu pai desaparecido, com quem ele não se dá muito bem. Em sua viagem, ele se junta ao seu tio George Freeman, um bibliófilo apaixonado, bem como à rebelde Letitia Lewis, uma mulher firme e decidida.

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O elenco

Para trazer esses personagens à vida, a série conta com um elenco espetacular, cheia de nomes consagrados. O trio principal, Atticus, seu tio George e Letitia são, respectivamente interpretados por Jonathan Majors (The Last Black Man in San Francisco), Courtney B. Vance (A Caçada ao Outubro Vermelho) e Jurnee Smollett-Bell (Aves de Rapina).

Mas eles não são os únicos nomes reconhecidos do elenco, já que a série também conta com Michael K. Williams (The Wire), Aunjanue Ellis (Homens de Honra), Abby Lee (Mad Max: Estrada da Fúria), Jamie Chung (The Gifted) e Tony Goldwyn (Scandal*).

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Nomes envolvidos na produção

Não é apenas o elenco da série que é recheado de grandes nomes. A série é desenvolvida e produzida por Misha Green (de Underground: Uma História de Resistência), que assume o posto de showrunner da primeira temporada. Misha também é a roteirista de todos os episódios da série.

Além dela, outros nomes se destacam por trás das câmeras. A série também conta com produção executiva de J.J. Abrams (conhecido por dirigir Star Trek e Star Wars: O Despertar da Força) e por Jordan Peele (o diretor que já havia lidado com o horror negro nos cinemas, através de Corra! e Nós).