Um dos elementos que já se sabia que seriam alterados foi a proporção de tela utilizada na versão de Snyder. O diretor optou por um formato mais quadrado que retangular, com a proporção 4:3, por escolher gravar o filme em câmeras que contavam com a proporção de 1.33:1. Já o filme que chegou aos cinemas utilizava o padrão das telas widescreen, 16:9.

Além do formato, outra diferença notável desde o começo é a paleta de cores adotada por cada diretor. Comparando ambos lado a lado, as divergências ficam óbvias, mas mesmo sem a comparação, a mudança é bastante perceptível para qualquer um que tenha assistido aos dois filmes.

A diferença em toda a trilha sonora de um filme para o outro é notável, e não por acaso: o responsável por ela não é o mesmo nas duas produções.

Explicando melhor, quem ficaria por conta da trilha sonora originalmente seria Tom Holkenborg, mas com a saída de Snyder do projeto ele foi substituído por Danny Elfman. Agora que o diretor teve a oportunidade de refazer o filme como desejava, ele trouxe Holkenborg de volta, e as diferenças na trilha sonora são nítidas durante todo o longa.

A nova trilha, à qual Holkenborg chama de "Monte Everest, é a trilha sonora mais longa já lançada - e não é para menos, uma vez que o filme tem 4 horas de duração, bem distante do padrão encontrado no cinema.

A primeira mudança óbvia em relação ao personagem é seu visual. Não apenas a armadura do Lobo da Estepe passou por mudanças, como seu próprio rosto foi modificado, como é possível notar na imagem acima.

Apesar disso, o visual está longe de ser a única mudança que o filme de Snyder apresenta em relação ao general de Darkseid. Além de cenas com o personagem vistas anteriormente serem mais longas, como é o caso da batalha dele contra as Amazonas, outras foram removidas, que é o que ocorreu no momento em que a primeira invasão da Terra é mostrada.

Enquanto nos cinemas o invasor contra quem os diferentes povos se uniram era o Lobo da Estepe, no novo filme é o próprio Darkseid quem é mostrado como essa antiga ameaça. A presença de Darkseid também influencia o arco do vilão como um todo, já que ele não é mostrado como o grande inimigo, e sim apenas um arauto do que vem por aí, apesar de todo seu poder.

Também é notável que o personagem foi melhor desenvolvido em relação às suas motivações na versão de Snyder, que estabelece a relação entre ele e Darkseid, deixando claro que conquistar a Terra é parte da punição que o Lobo da Estepe recebeu por tentar trair seu líder.

Por fim, a morte do vilão ocorre de modo diferente nas duas versões. Naquela que chegou aos cinemas, ele é morto pelos parademônios, enquanto na nova quem o mata são os próprios heróis.

Um dos personagens que mais se beneficia das mudanças apresentadas na Liga da Justiça de Zack Snyder, Ciborgue protagoniza algumas cenas novas que não chegaram aos cinemas.

Entre elas, se destacam aquelas que mostram mais das origens do personagem. A versão de Snyder traz alguns momentos de Victor Stone como um estudante, antes de sofrer um acidente de carro com sua mãe. A tragédia, bem como a transformação de Victor no Ciborgue, também recebem mais desenvolvimento do que a versão de Whedon.

Mais próximo ao fim do filme, ao separar as Caixas Maternas, há uma nova cena com foco no personagem, que o mostra como ele era antes de se tornar o Ciborgue. Ele está ao lado de seus pais, e os três parecem felizes. No entanto, a visão oferece a Victor a chance de ser consertado, ao que ele recusa, negando que exista algo a ser consertado. Assim, o novo filme constrói um arco no qual Victor passa a se aceitar completamente, independente de como foi modificado.

Victor Stone não é o único que ganhou mais tempo de tela e cenas completamente inéditas na versão de Snyder. Barry Allen aparece em um trecho onde, enquanto tenta conseguir um emprego, presencia um acidente. Usando seus poderes, ele salva uma mulher da morte certa.

Apesar do nome dela não ser dito, quem é vista na cena é Iris West, interesse romântico do personagem nos quadrinhos. A atriz Kiersey Clemons havia sido escalada para o papel por Snyder, mas a cena em que ela aparece foi cortada do filme que chegou aos cinemas.

Outra cena adicionada na nova versão ocorre durante a batalha final do grupo de heróis contra o Lobo da Estepe, enquanto Ciborgue tenta separar as Caixas Maternas. Neste ponto, o Flash deveria utilizar sua velocidade para produzir a energia da qual seu colega de equipe necessitava para completar o objetivo, mas o velocista não consegue fazê-lo a tempo.

O resultado é uma cena na qual Flash consegue fazer o tempo voltar, e só então ajuda Ciborgue como planejado.

Mas nem todas as mudanças foram expansões: algumas cenas do herói vistas no filme de 2017 não estão na versão de Snyder. Flash não precisa salvar civis desta vez, e sua competição de velocidade contra o Superman também não acontece.

A introdução de Aquaman nos dois filmes é parecida, embora seja mais longa em Liga da Justiça de Zack Snyder.

Em relação a cenas que estão em apenas em uma das versões do filme, duas são notáveis: o momento em que Arthur é abordado por Vulko em uma tentativa de fazer com que o Aquaman assuma o trono de seu reino, presente na versão de Snyder; e o momento cômico em que Aquaman encosta no Laço da Verdade da Mulher Maravilha, encontrada apenas na versão de Whedon.

Por fim, quando Ciborgue vê o futuro, é possível ver Aquaman morto -- algo que é referenciado no pesadelo de Batman.

A primeira mudança na versão de Snyder em relação a Diana acontece em sua introdução. A cena não somente é mais longa como conta com uma cena de ação mais intensa, na qual fica claro que a heroína matou o terrorista que ameaçava aos civis em um banco.

A personagem não sofre tantas mudanças, no entanto. Além da cena citada, há a inclusão de uma visão do Ciborgue do que parece ser o futuro, onde vemos a Mulher Maravilha morta. Outra adição acontece em um momento da personagem com Alfred. A cena nova mais notável com foco em Diana é a que a mostra explorando as ruínas que contam a história de Darkseid e das Caixas Maternas.

Em cenas existentes em ambas as versões, algumas coisas foram modificadas. Durante a luta contra o Lobo da Estepe, Diana luta sozinha boa parte do tempo na versão de Whedon, até que o Superman chega. No filme de Snyder, Aquaman e Ciborgue estão ao lado dela durante a luta. E, enquanto na primeira ela apenas destrói a arma do vilão, e quem o mata são os parademônios, na nova versão a Mulher Maravilha é quem garante a morte do Lobo da Estepe ao cortar sua cabeça.

Por fim, as motivações dos personagens são um pouco diferentes nos dois filmes, e a decisão de Diana e Bruce de trazer o Superman de volta é uma das coisas modificadas neste sentido. A produção de 2017 estabelece que os heróis não se sentiam adequados no papel de liderança, e precisavam do Superman para unir a equipe. Já no novo filme a motivação de Batman e Mulher Maravilha é simplesmente que o herói de Krypton é o único poderoso o bastante para manter o planeta seguro.

A introdução de Batman no filme de Whedon, onde a captura de um parademônio começa a estabelecer as ameaças que virão e a necessidade dos heróis se unirem, não está presente na versão de Snyder. A motivação dele, desta vez, se deve ao aviso de Lex Luthor, que o leva a procurar pelos outros.

Outra mudança ocorre em relação ao retorno de Superman, onde este último ataca o Homem Morcego de modo mais intenso, chegando até a utilizar sua visão de calor contra ele. Além disso, em Liga da Justiça de Zack Snyder o Batman não fez nenhum plano para que Alfred trouxesse Lois Lane como uma medida para acalmar Superman após seu retorno. A aparição dela é algo que ocorre por acaso, uma vez que ela estava no local porque sempre ia visitar a estátua do herói.

Há também a adição da muito comentada cena do pesadelo do Batman (que será comentada depois), e um outro momento, onde Bruce interage com ninguém menos que o Caçador de Marte.

Uma alteração muito bem recebida pelo público em relação ao Superman foi o fato de que o novo filme não conta com nenhum bigode removido digitalmente. Na prática, porém, isso significa que todas as cenas do personagem adicionadas durante as refilmagens foram removidas por Snyder, algo notável desde a maneira como a produção se inicia.

No filme de Whedon, a primeira cena de Liga da Justiça mostra uma gravação de celular onde o Superman conversa com uma criança. Já na versão de Snyder, a cena foi descartada, e o que dá início ao filme é a cena de Batman vs Superman onde o herói morre, editada em câmera lenta, que mostra que a morte dele é o que acorda as Caixas Maternas.

Outros momentos adicionados que contam com Superman são a visão de Ciborgue e o pesadelo de Bruce. Mudanças foram feitas em diversas cenas que estão em ambos os filmes, como é o caso do retorno do herói, que se mostra ainda mais violento na versão de Snyder, onde ataca Batman com sua visão de calor. Também fica claro que os policiais nos arredores são atingidos pelas ações do Superman, e sofrem devido à confusão mental do herói após ser trazido de volta dos mortos. O diálogo e fim da cena de Clark na fazenda com Lois também é consideravelmente diferente, embora o momento tenha o mesmo propósito nos dois filmes.

A entrada do herói na batalha contra o Lobo da Estepe também é bastante diferente e, curiosamente, um tanto descontraída no filme de Snyder, onde Superman diz não estar impressionado quando o vilão tenta o atingir com seu machado.

O novo filme também conta com o muito antecipado uniforme preto do Superman, que o herói adota após seu retorno.

Um personagem que foi incluído apenas no filme de Snyder, o Caçador de Marte tem duas aparições no longa. A primeira se dá em uma cena modificada na versão dos cinemas, enquanto a segunda faz parte de um trecho que foi cortado por Joss Whedon.

Primeiramente, o Caçador de Marte é visto logo após uma cena aparentemente emocional entre Lois Lane e Martha Kent. Quando Martha deixa o apartamento da jornalista, no entanto, é revelado que aquela não era realmente a mãe de Clark, e sim o Caçador de Marte se passando por ela. Depois disso, a cena não conta com mais explicações, seja para apresentar o personagem melhor ou deixar claro qual era seu objetivo ali.

Já a segunda aparição do Caçador de Marte se dá bem no final do filme, após o Lobo da Estepe já ter sido derrotado, e depois até do pesadelo de Batman. Ele vai atrás de Bruce, trazendo um aviso de que é importante que eles encontrem a equação Anti-vida antes de Darkseid, e se apresentando de modo que o candidata a se tornar um membro da Liga no futuro.

A mudança mais notável em relação ao pai de Ciborgue é, na realidade, bem grande: enquanto no filme de Whedon o cientista sobrevive, na produção de Snyder ele se sacrifica para tornar possível que os heróis encontrem as Caixas Maternas.

Em decorrência disso, vemos um pouco mais do Ciborgue, e de como a morte de seu pai o afeta, apesar das divergências entre eles e do relacionamento conturbado dos dois.

Como já mencionado, a versão de Snyder traz mais dos heróis trabalhando em conjunto na cena em que a Mulher Maravilha enfrenta o Lobo da Estepe ao lado de Aquaman e Ciborgue, mas houveram outras adições que mostram mais dos heróis como um grupo.

Uma parte notável disso é que no novo filme, a Liga planeja como enfrentar o vilão em duas cenas que não constam na produção de 2017. Outro exemplo é que, diferente do filme dirigido por Whedon, a nova versão mostra Aquaman, Ciborgue e Flash tendo um papel mais ativo na decisão de trazer o Superman de volta à vida.

O icônico vilão da DC não aparece no filme de 2017, mas está presente em alguns momentos do Snyder Cut. Além da já mencionada cena em que vemos a primeira invasão, Darkseid aparece interagindo com Desaad, que age como intermediário entre ele e o Lobo da Estepe.

Entre as cenas em que o personagem está, vale destacar o momento no fim do filme onde, após as Caixas Maternas serem destruídas, o vilão deixa claro que retornará, afirmando que conquistará a Terra à moda antiga.

Os dois personagens ainda interagem no filme de Snyder, embora isso não aconteça em uma cena pós-créditos, e sim durante o filme.

A mudança mais notável, no entanto, se dá no diálogo dos vilões. Enquanto a produção de 2017 sugere a formação de uma Liga de vilões, a nova versão não conta com nenhuma sugestão disso, mostrando apenas uma aliança de interesses entre Luthor e Slade.

Iris West, o Caçador de Marte, o Coringa, Vulko, Desaad e Darkseid já foram citados entre as mudanças, mas eles não foram os únicos personagens da DC que ficaram de fora da versão dos cinemas mas aparecem no Snyder Cut.

Além deles, a Vovó Bondade aparece ao lado de Darkseid, embora ela não tenha um papel maior na trama. Outro personagem que foi cortado da versão feita por Whedon é Ryan Choi, que tem certa relevância na produção de Snyder. O Lanterna Verde Killowag também pode ser visto no novo filme.

Um dos poucos momentos para os quais novas filmagens foram necessárias, o pesadelo se assemelha a uma cena de Batman vs Superman onde Bruce vê um futuro distópico no qual o Superman foi para o lado do mal.

Em Liga da Justiça de Zack Snyder, a cena mostra o improvável grupo formado por Batman, Ciborgue, Flash, Mera, Exterminador e Coringa, tentando sobreviver e lutar contra o domínio de Darkseid.

Nesta cena, é revelado que Arthur Curry foi morto, quando Mera revela desejar vingança pelo que fizeram a ele. Além disso, há uma longa interação entre o Batman e o Coringa, interpretado por Jared Leto, onde é revelado que a Arlequina também está morta.

No fim da cena, o Superman encontra o grupo e eles se preparam para enfrentá-lo. A versão do filme que chegou aos cinemas não conta com nada disso, e parece ter descartado quase completamente a ideia de Snyder deste futuro distópico que ele continua sugerindo em seus filmes da DC.