Antes mesmo de nascer, Ben Solo demonstrava ter uma grande conexão com a Força. Em “Dívida de Honra”, segundo livro da trilogia “Marcas da Guerra”, acompanhamos parte da gestação de Leia. Se os bebês normais costumam chutar para se comunicar com sua mãe, Ben Solo apelou para mensagens através da Força.

Enquanto Leia meditava para tentar sentir a Força que emanava de uma árvore, ela acabou sentindo o poder de seu filho. Foi assim inclusive que ela descobriu que era um menino. É a primeira vez que Leia demonstra conscientemente algum domínio da Força. Nesse momento, ela sente que ele terá coragem, sagacidade, sangue de aço e uma mente afiada. Ela só vê luz, indicando que só mais tarde o garoto seria tentado pelo lado negro.

Antes de seguir o caminho da Força, Ben sonhava em ser um grande piloto como o pai. Entretanto, temendo que ele pudesse seguir o mesmo caminho que o avô Darth Vader, Leia o enviou para treinar no lado da luz com seu tio Luke Skywalker. Ben foi o primeiro aluno de Luke e também o mais dedicado.

Nos quadrinhos, eles viajaram juntos pela galáxia em busca de artefatos sagrados, como mestre e aprendiz. Em uma dessas expedições, ele conheceu os Cavaleiros de Ren. Seu líder tentou alertar Luke do potencial sombrio de Ben. Potencial que só crescia conforme Luke aceitava novos pupilos, dedicando assim cada vez menos atenção à seu sobrinho.

Ter uma família famosa nunca é fácil. Por sua mãe estar sempre ocupada no senado e seu pai — Han Solo — ausente devido à vida de contrabandista, Ben acabou desenvolvendo fortes sentimentos de abandono. Ele tentou buscar em Luke Skywalker uma figura paterna, mas seu trabalho como jedi acabou o afastando de seu sobrinho. Cada vez mais abandonado, Ben sucumbiu a única voz que lhe prometia compreensão: Snoke.

Nos quadrinhos A Ascensão de Kylo Ren, Snoke aparece quase como um pai adotivo de Ben. Em sua primeira aparição, Ben o abraça de maneira bastante tenra, como se aquele gesto aliviasse todos os seus problemas. Bem diferente da relação distante que vemos muitos anos depois no filme O Despertar da Força. Essa relação é decisiva para o surgimento de Kylo Ren.

Os Cavaleiros de Ren são na verdade um culto de usuários do Lado Negro da Força que usam seu poder para fazerem o que sentirem vontade — normalmente matar inocentes e queimar vilas. Nos filmes, vemos muito pouco dos Cavaleiros. Sabemos apenas que eles são servos de Kylo Ren, mas eles existem há muito mais tempo que o Lord Sith.

Nos quadrinhos, descobrimos como o grupo funcionava com seu antigo líder, conhecido apenas por Ren. Para se unir aos Cavaleiros, uma pessoa precisa provar ter uma forte ligação com o Lado Sombrio, pois isso é essencial para sangrar os cristais Kyber. Além disso, ela precisa oferecer uma boa morte: matar uma pessoa bastante querida em nome do Lado Negro.

Calça até o umbigo, capa preta e um capacete tenebroso. Mais que o líder dos Cavaleiros de Ren — Ren é uma ideologia. No primeiro capítulo de “A Ascensão de Kylo Ren”, o então líder dos Cavaleiros nos explica que eles seguem fielmente um credo que prega a mais absoluta liberdade.

Nas palavras do líder: “Ren não se preocupa com o que está queimando, o que é certo ou errado, ou os objetivos que irá alcançar. Ren apenas é. Ele vive e ele consome, sem se desculpar. É a sua natureza e nada mais.” Acima de tudo, seguir o Ren é se banhar na escuridão e lutar as suas batalhas. Esse é o verdadeiro propósito de Kylo Ren.

Kylo Ren foi para o lado sombrio após trair os seus amigos enquanto tentava se provar para os Cavaleiros de Ren.

Durante seu treinamento jedi, apesar de ressentir a maioria de seus colegas padawans, Ben acabou se aproximando de três estudantes: Hennix, Voe e Tai. Ele admirava o jeito que Hennix encarava a força como um quebra-cabeça a ser resolvido. Voe era a sua principal rival, determinada a superá-lo por treino. Tai era o amigo a quem ele mais se abria sobre seus sentimentos.

Em seu desespero para se provar para os Cavaleiros, Ben acaba matando cada um deles. O primeiro a morrer é Hennix, de maneira acidental quando eles se enfrentaram no planeta Elphrona. Isso não impressiona o Líder Ren, por faltar intenção. Tai é o próximo a morrer enquanto tentava resgatar Kylo para o lado da luz.

Ele quase conseguiu, mas foi morto pelo Líder Ren, que estava convencido que Kylo não tinha determinação para se juntar aos cavaleiros. Enfurecido com a morte de seu melhor amigo, Kylo apunhala o Líder Ren com seu sabre de luz e também mata Voe, a última Padawan. Assim, ele mata de vez o jedi que foi um dia Ben Solo, se tornando líder dos Cavaleiros de Ren: Kylo Ren.

Kylo representa tudo que Ben Solo deseja matar dentro de si para se tornar livre. Em uma conversa com Snoke, logo após queimar o Templo Jedi de Luke, ele revela o peso que seu nome carrega. Para ele, não é uma honra receber o nome de Obi-Wan Kenobi, mas um fardo. Solo nem é o nome verdadeiro de seu pai. Ele também odeia essa mentira. Kylo é o que sobre quando ele mata tudo que ele odeia em sua identidade.

Por outro lado, ele incorpora Ren quando assume a liderança dos Cavaleiros de Ren. Esse não é o seu sobrenome, mas sim um título. Uma promessa de que ele sempre seguirá a ideologia de Ren, queimando o seu passado se necessário. Podemos dizer que para ele, Kylo Ren significa liberdade.

Em Os Últimos Jedi descobrimos que Kylo Ren e Rey Skywalker estão ligados por uma díade na Força. Mas essa conexão é muito mais antiga do que se pode imaginar. A verdade é que seus destinos se conectaram no momento em que Kylo Ren abraçou seu lado sombrio.

Durante a batalha entre Ben Solo e o Líder Ren, Ben é provocado até o limite e mergulha de vez na escuridão para acabar com seu rival. Esse despertar sombrio é sentido por toda galáxia por pessoas próximas de Ben, como Snoke, Leia e o Imperador Palpatine. Entretanto, uma garota que ainda não fazia ideia de quem é Kylo Ren sentiu um frio na Força. Essa garota era ninguém menos que Rey… Rey Skywalker.

O formato do sabre de luz de Kylo Ren lembra uma espada das lendas do Rei Arthur porque sua base precisou ser modificada devido à instabilidade de seu cristal.

Graças a livros como “Ahsoka”, sabemos que para criar seu sabre de luz vermelho, um aprendiz Sith precisa matar um Jedi e corromper o cristal Kyber de seu sabre de luz. Kylo não deixa de seguir essa tradição, mas completa o ritual do seu próprio jeito. O seu sacrifício não foi um jedi qualquer, foi a si mesmo: Ben Solo.

Somente quando ele mata a luz dentro de si que ele consegue corromper seu cristal Kyber. Enquanto sangra, o cristal mostra visões da luz numa tentativa de seduzi-lo para o lado bom da Força. Isso enfurece tanto Kylo Ren que ele acaba partindo seu cristal em dois. O feixe de energia gerado é muito instável, então ele constrói um dissipador que dá aquela aparência mais bruta ao sabre.

Em 2016, o programa de comédia americano SNL fez um quadro parodiando “Undercover Boss” (“Chefe Disfarçado”, em português). Nesse episódio, Kylo Ren fingia ser um reles funcionário da Base Starkiller, mesmo não sendo muito bom nisso. Disfarçado como Matt, um técnico de radar, ele sempre se empolgava quando alguém elogiava as habilidades de liderança de Kylo Ren.

Claro que seu temperamento forte acabaria estragando o seu plano. Ele acaba lançando um stormtrooper pelo refeitório quando ele discorda que Kylo Ren é gostoso. Mais tarde, ele também acaba enforcando outro funcionário até a morte simplesmente por ele ter encostado em seu braço. Força do hábito.