Muitos até esquecem do envolvimento de James Gunn com Para Maiores… E é melhor assim… O longa é na verdade uma coletânea de curtas com humor “para maiores” de idade, que na época só significava piadas sexuais e sem muito respeito por quem quer que fosse.

Gunn dirigiu apenas um desses curtas, Beezel, sobre uma mulher lutando contra o gato animado de seu namorado. O gato está apaixonado pelo dono e faz de tudo para separar o casal. O elenco conta com Elizabeth Banks, Josh Duhamel e uma série de piadas sexuais sem muita graça.

Super foi seu primeiro flerte com a ideia de tirar onda com o conceito de super-heróis. Na trama, Frank Darbo é um mané que não aceita que sua esposa o deixou por um cara mais bonito. Ele chega a abrir uma denuncia na polícia pelo roubo sua esposa, que obviamente não dá em nada. Darbo então faz o que todo homem frustrado faria — se transforma em um super-herói para combater o crime com as próprias mãos.

O marmanjo acaba até envolvendo o personagem de Elliot Page em seus devaneios, que na época ainda era bem jovem. Ele vira seu ajudante mirim e ambos enfrentam crimes menores com uma certa violência até conquistarem seu objetivo final. O roteiro não é um dos melhores, mas podemos ver a semente do brilhantismo do diretor sendo plantada.

Você pode ter estranhado que Nathan Fillion tenha aceitado um papel tão pequeno e ridículo em O Esquadrão Suicida, mas a relação do ator com James Gunn é bem antiga. Eles trabalharam juntos em Seres Rastejantes, a primeira tentativa de Gunn de dirigir um filme de terror. Regado a comédia, claro.

O longa mostra o drama de uma mulher que teve o marido infectado por alguma espécie de lesma demoníaca. Este é um daqueles filmes de terror bem trash de antigamente com criaturas nojentas e cenas de embrulhar o estômago, mas também tem um humor bastante peculiar que traçou a marca de Gunn nos cinemas.

Com a chegada do James Gunn na Marvel, finalmente vieram os refrescos. Seu primeiro projeto na direção pelo estúdio, Guardiões da Galáxia, era desafiador — transformar um grupo desconhecido de heróis em rockstar. Usando toda sua experiência em filmes irreverentes, Gunn entregou uma das melhores aventuras da Marvel.

O diretor conseguiu encontrar um equilíbrio perfeito entre o tempo de tela dos heróis, separando momentos para ressaltar a personalidade de cada um e músicas que apimentaram a narrativa. Todos tiveram uma chance de brilhar e conquistar o público em uma epopeia espacial que não deve nada aos melhores filmes de Star Wars.

Peter Quill, Gamora, Rockett Racoon e Groot retornam em uma sequência avassaladora. Guardiões da Galáxia Vol. 2 pega tudo que já funcionava no original, repete com doses cuidadosas de inovação e tempera com um sentimentalismo que torna os personagens ainda mais apaixonantes.

Nebulosa e Yandu, que não tiveram tanto destaque no primeiro longa, roubam a cena com diálogos que não tem medo de explorar a vulnerabilidade de seus personagens. As músicas aqui não tiveram tanto impacto, mas os visuais estão em outro nível. Esta sequência consolidou Gunn como a maior autoridade do núcleo espacial da Marvel.

Polêmicas à parte, James Gunn acaba envolvido em um projeto da DC Comics. E seu sucesso com os Guardiões lhe deu carta branca para tentar o que quiser. Essa total liberdade criativa resultou em O Esquadrão Suicida, seu filme mais refinado até o momento.

Além das qualidades que tornaram os Guardiões incríveis, Gunn soube incorporar de maneira criativa a violência e ferramentas adultas, além de explorar temas sérios e importantes sem pesar demais o filme. Um filme inusitado, divertido e que consegue passar sua mensagem sem medo.

James Gunn infelizmente não dirigiu os filmes live-action de Scooby-Doo, mas foi ele quem escreveu o roteiro! De ambos, inclusive. Muita coisa que ele imaginou para a franquia precisou ser adequada à vontade do estúdio, mas mesmo assim ele conseguiu entregar uma história fantástica para crianças e adultos.

O primeiro filme era mais focado no humor, com piadas sutis que só os adultos entenderiam — como as insinuações à relação do Salsicha com entorpecentes. Já a sequência, Monstros à Solta, mergulhou na mitologia do desenho trazendo a nostalgia dos monstros mais adorados pelos fãs em uma narrativa coesa e cativante.