Ao longo dos anos, o universo de Invocação do Mal passou por vários altos e baixos, mas é difícil pensar em um baixo pior que Annabelle, lançado em 2014. O primeiro filme da franquia derivada centrada na boneca maldita é, até hoje, a maior aberração da saga, principalmente por não conseguir fazer o básico esperado de um filme de terror, que é assustar.

Produzido às pressas após o surpreendente sucesso financeiro do primeiro filme da saga original, Annabelle conta com a "brilhante" direção de John R. Leonetti, que já nos presenteou com os "incríveis" 7 Desejos e Mortal Kombat: Aniquilação. É um longa limitado em vários aspectos, sobretudo nas atuações e na estética que parece saída de um filme B.

Após sua estreia amedrontadora em Invocação do Mal 2, a freira demoníaca ganhou seu próprio filme solo em 2018, intitulado... A Freira. E o que foi vendido como o "capítulo mais sombrio" do universo de Invocação do Mal acabou sendo um verdadeiro show do que não fazer ao produzir um filme de horror, por ser extremamente genérico e dispensável.

O filme segue uma comitiva que investiga um convento que foi palco de um suicídio bizarro. E o que poderia ser uma ótima história discutindo questões de fé e o embate entre sagrado e profano é perdido em uma fotografia muito escura e um festival de jump scares batidos. Para piorar, é um longa que desperdiça todo o talento de Taissa Farmiga.

Quando foi lançado em 2019, A Maldição da Chorona foi execrado pelo fandom, sendo considerado o pior filme do universo de Invocação do Mal - e hoje, é bem nítido que isso foi o calor do momento, pois o filme pode até não ser bom, mas também não é essa catástrofe toda que pintam. Para falar a verdade, é quase um filme "extra" nessa franquia.

A única conexão com a mitologia de Invocação do Mal é bem pequena e parece ter sido adicionada às pressas para que o filme fizesse mais dinheiro nas bilheterias. E embora o roteiro não seja brilhante e venha carregado de clichês e momentos batidos, a direção de Michael Chaves traz alguns sustos divertidos e uma boa tensão, mesmo emulando o estilo de James Wan.

2019 nos trouxe não apenas um, mas dois filmes do universo de Invocação do Mal. Annabelle 3: De Volta Para Casa é talvez o filme mais diferente de toda a franquia, principalmente por explorar um horror mais juvenil e sem tantos momentos macabros quanto os dois filmes anteriores da saga solo da boneca - mas temos assombrações aos montes aqui.

O filme é dirigido por Gary Dauberman (um roteirista já consolidado na saga) e traz McKenna Grace no papel de Judy Warren, a filha de Ed e Lorraine. Aqui, temos uma narrativa que se parece mais com Uma Noite no Museu, com os itens malditos do museu assombrado dos Warren ganhando vida. É um grande festival de demônios que poderiam ganhar seus próprios derivados.

Recém-lançado nos cinemas mundiais, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio é definitivamente o mais fraco dentre todos os filmes da franquia principal, mas não é necessariamente um longa ruim. Aqui, James Wan dá espaço a Michael Chaves, que tenta segurar as pontas enquanto oferece ao público uma trama bem diferente para Ed e Lorraine Warren.

O filme decola ao dar mais espaço para o casal e apresentar uma nova vilã humana, em vez de focar muito nos demônios que poderiam ganhar spin-offs. Porém, o roteiro não é muito bem polido, com várias cenas que estão "sobrando". E para piorar, o "caso real" que dá mote à trama parece limitar mais a produção, que nunca tem a chance de crescer para algo novo.

Após um primeiro filme tenebroso (de tão ruim) para a boneca amaldiçoada, é impressionante como a franquia conseguiu dar a volta por cima em sua continuação/prequel, com Annabelle 2: A Criação do Mal sendo, até hoje, um dos capítulos mais impressionantes desse universo, seja por sua história ou por ter conseguido dar sentido ao trambolho que é o antecessor.

O longa é dirigido por David F. Sandberg, que depois assumiria a direção do divertidíssimo Shazam! e aqui seguimos a história de várias órfãs que entram em contato com essa boneca macabra e maldita. Destaque para as interpretações de Lulu Wilson e Talitha Bateman e a aparição especial de Miranda Otto. É o feijão com arroz bem feito do mundo do horror.

Lançado em 2016, Invocação do Mal 2 compartilha de várias qualidades com o seu antecessor, porém brilha ao dar mais espaço para Ed e Lorraine Warren, além de introduzir novos inimigos que ficaram imediatamente tão populares quanto os protagonistas, a exemplo da Freira. É um filme bem bonito esteticamente, com elementos bem marcantes.

A história replica um pouco o que acontece no primeiro, com uma nova casa mal-assombrada e outra família perturbada por eventos sinistros e macabros. O maior problema está na grandiloquência das cenas de ação, que o tempo todo te tiram da atmosfera claustrofóbica de horror criada aqui - mas só de ver Patrick Wilson cantando Elvis, já vale bastante a pena.

Depois de duas sequências e cinco spin-offs, é evidente que nenhum filme do universo supera o primeiro Invocação do Mal de 2013, dirigido por James Wan. O longa trouxe um baita impacto para o cinema de horror, com uma grande carga dramática ao narrar os eventos trágicos sofridos pela Família Perrón ao se mudarem para uma nova casa.

O que impressiona tanto nesse filme é a sagacidade do roteiro (que, por sua vez, deixa Ed e Lorraine Warren em segundo plano) e a beleza da direção de Wan, que faz várias referências aos filmes de horror da década de 70, ao mesmo tempo em que constrói uma obra genuinamente assustadora. Não é à toa que tenha se gerado uma franquia tão prolífica a partir daqui.