Com Homem-Aranha 3 (2007) e O Espetacular Homem-Aranha 2 (2014), foi estabelecida a maldição dos três vilões, quando um filme se torna uma verdadeira bagunça pelo excesso de antagonistas. Quem ocupa o fim da lista é justamente um deles: Rino, que enfrentou o Teioso de Andrew Garfield em sua última aparição.

Vivido pelo (excelente) ator Paul Giamatti, Rino sequer deu o que falar já que dá as caras por menos de 10 minutos em O Espetacular Homem-Aranha 2. Pelo menos sua armadura metálica é legal, vai.

Convenhamos que o apelo dos filmes de O Espetacular Homem-Aranha nunca foi seus vilões, e sim o enorme carisma de Andrew Garfield como Peter Parker, ou então o casal fofo que ele formava com a Gwen Stacy de Emma Stone. Há alguns acertos entre os antagonistas, mas também decisões questionáveis. O caso do Duende Verde se enquadra no segundo.

O Harry Osborn de Dane DeHaan não só falha em passar a sensação de ameaça, como também foi presenteado com um visual bizarro. É um vilão que não funciona sozinho, mas que fica ainda mais decepcionante considerando que já houve um Duende Verde melhor nos filmes da Marvel.

Os filmes do Homem-Aranha por Sam Raimi (Evil Dead) são algumas das obras mais elogiadas dos heróis nas telonas - exceto pelo terceiro. O fim da trilogia conseguiu desapontar muita gente: os críticos, o público, o estúdio e até o próprio diretor. Uma das decepções do cineasta foi justamente o fato de que a Sony o forçou a incluir o Venom no filme, e é visível que o vilão não recebe o melhor tratamento.

O mais icônico antagonista do Homem-Aranha aqui recebe um arco narrativo sem graça, com uma interpretação morna por Topher Grace em um filme que já é cheio de coisas demais. Pelo menos seu visual é legal, e há boas cenas com o monstro, como sua primeira transformação, mas nada muito memorável. No fim das contas, Venom já ganharia seu lugar na lista apenas por ter sido o catalisador da saída de Sam Raimi dos filmes da Marvel.

Lembra da maldição dos três vilões? Ela surgiu em Homem-Aranha 3. O último filme de Sam Raimi até conseguiu entregar um antagonista decente (como será dito mais para frente nesta lista), mas também dois medíocres. O Venom foi decepcionante pelo potencial do monstrengo, mas o **Duende Macabro*** foi só… lamentável.

O Harry Osborn de James Franco funciona por ter um arco de vingança desenvolvido ao longo de três filmes, com o melhor amigo de Peter Parker (Tobey Maguire) gradualmente se tornando um rival após descobrir a identidade heróica do colega - e acreditar que o Teioso é o responsável pela morte de seu pai, Norman Osborn (Willem Dafoe). Ao descobrir que, na verdade, é filho do Duende Verde, ele decide assumir o manto do pai e se tornar o Duende Macabro.... mas só nos momentos finais de Homem-Aranha 3. O resultado é um vilão que poderia funcionar, mas que é mal aproveitado e mal desenvolvido.

A trilogia de Sam Raimi passou anos brincando com a possibilidade de apresentar o Lagarto, com o doutor Curt Connors (Dylan Baker) tendo sido apresentado logo em Homem-Aranha 2 (2004). Isso, porém, nunca chegou a se concretizar. Quando chegou a hora do reboot nos cinemas, a Sony Pictures não perdeu tempo, e já o colocou como o primeiro vilão do Teioso de Andrew Garfield.

O Lagarto de O Espetacular Homem-Aranha tem um visual um pouco estranho, tanto pelo seu design quanto pelo uso de computação gráfica, mas se prova um adversário à altura do Homem-Aranha, forçando o herói a usar toda a sua estratégia e habilidade para combater o monstro.

Todo fã do Teioso sabe que o enigmático Mystério é um dos vilões mais interessantes das HQs, mas Homem-Aranha: Longe de Casa tentou apostar na noção de que muita gente não sabia disso. Para isso, Quentin Beck (Jake Gyllenhall) foi inicialmente apresentado como um herói, expert no Multiverso e aliado de Peter Parker (Tom Holland), até enfim se revelar um vilão.

A virada é previsível e pouco inspirada, e atrapalha que o Mystério realmente atinja todo o seu potencial de maldade, mas funciona pelo carisma e talento de Jake Gyllenhaal. Se os planos da Sony Pictures de fazer um filme do Sexteto Sinistro saírem do papel, aí sim o Mystério poderá brilhar.

Outro caso do vilão de um bom ator sendo ofuscado pela estrutura confusa do filme. O Electro é, supostamente, o antagonista principal de O Espetacular Homem-Aranha 2, e conquista nas cenas em que dá as caras. Jamie Foxx, de Django Livre, consegue transitar entre o nerd Max Dillon e o sua versão vilanesca com facilidade, mas acaba sendo jogado de lado pelo questionável Duende Verde.

Felizmente, Jamie Foxx terá uma segunda chance para brilhar em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, com retorno já confirmado no novo filme - dessa vez, para enfrentar o Teioso de Tom Holland.

Os filmes de Tom Holland como Homem-Aranha são divisivos entre os fãs, mas há um consenso de que o Abutre de Michael Keaton é um enorme acerto. Logo de cara o casting já conquista, já que Keaton não só é experiente no cinema de heróis, tendo vivido o Batman, como também é um excelente ator, com capacidade dramática e uma aura de ameaça.

No filme, ele coloca tudo isso a prova, servindo tanto como o pai ciumento para uma das namoradinhas de Peter Parker, como também um chefão do crime. Ajuda também que seu vilão recebeu um excelente uniforme! A Sony percebeu o valor do antagonista que tem nas mãos, e já agendou uma visita para o Abutre em Morbius, filme-solo do vampiro vivido por Jared Leto. É bem provável que ali seja o início do Sexteto Sinistro.

Sim, Homem-Aranha 3 é repleto de problemas, mas é fácil demais bater no último capítulo da trilogia de Sam Raimi, e ignorar os vários acertos que fez. O maior é, sem dúvidas, o Homem-Areia.

O vilão, vivido por Thomas Haden Church, é o verdadeiro coração do filme, com um ótimo arco dramático que o retrata como uma pessoa arrastada à vilania pelo desespero. Sua origem é muito parecida com a do Homem-Aranha, inclusive tendo ocorrido na mesma noite em que o Tio Ben é baleado. Assim, Sam Raimi deixa a entender que a linha entre herói e vilão é muito tênue, e que se torna ainda mais complicada de trilha-lá quando não se há nenhuma perspectiva de melhora em sua vida. Além da ótima atuação de Thomas Haden Church, que enfatiza o drama pessoal do personagem, o Homem-Areia ainda conquista pelos seus excelentes efeitos visuais.

Os grandes vilões do Homem-Aranha têm algo em comum: todos são interpretados por grandes atores. Esse é, sem dúvidas, o caso do Duende Verde, o primeiro antagonista do Teioso nas telonas - e um dos mais memoráveis até hoje.

Vivido por Willem Dafoe (O Farol), o Duende Verde representa o apego de Sam Raimi pelo horror. O vilão é verdadeiramente macabro e ameaçador, com doses de maldade e violência que dão um tom adulto para o filme. Se hoje o cinema de heróis é uma força dominante da cultura pop, isso só aconteceu porque, lá atrás, Peter Parker encontrou um adversário que o levou ao limite.

Honestamente é um pódio bastante acirrado. Tanto o Duende Verde quanto o Doutor Octopus não são apenas ótimos vilões do Homem-Aranha, mas sim excelentes antagonistas do cinema como um todo. Um argumento para passar Otto Octavius na frente é que, diferente do Duende Verde, seu arco narrativo tem um pouco de tudo: tragédia, insanidade, vingança e redenção.

O Doutor Octopus (Alfred Molina) é um homem que acreditava em melhorar a humanidade, mas que se vê traído pela própria inteligência. Em um estado frágil, ele se deixa levar pela própria criação, e é jogado no caminho da vilania. Sua origem é repleta por toques de terror e ficção científica, mas suas motivações são profundamente humanas, o que lhe garante não só a empatia de Peter Parker, como também um desfecho bastante tocante.

Resta saber como Homem-Aranha: Sem Volta para Casa expandirá isso, visto que o personagem - e o ator Alfred Molina - está confirmado para voltar. De qualquer forma, é o fato do Doutor Octopus ser um vilão tão bom que ajuda a tornar Homem-Aranha 2 um dos melhores filmes já feitos.