O primeiro super-herói negro da DC, o Raio Negro já passou por várias situações em que teve de lidar com o racismo, mas a série de TV do personagem é a que mais se destaca em mostrar isso ao público.

Já no primeiro episódio da série, Jefferson Pierce, acabou sendo parado pela polícia, enquanto levava suas filhas para casa. A cena traz bastante aflição, pelo fato de mostrar a polícia fazendo suposições vazias sobre Jeff, e virmos que ele não podia fazer nada, não na presença de suas filhas.

Mas, ainda no mesmo episódio, ele é novamente parado pela polícia, dessa vez sozinho. E, diferente da outra vez, ele pôde fazer algo a respeito: ele destrói a viatura dos policiais com os seus poderes elétricos.

Ainda no Universo Ultimate, Miles Morales, filho de pai negro e mãe hispânica, passou por enormes desafios para assumir o manto do Homem-Aranha, algo que persiste até hoje, após o personagem fazer parte do Universo Marvel tradicional.

Porém, parte da ideia da aceitação de haver um "Homem-Aranha de cor" também tinha que vir do próprio Miles. Na segunda edição de sua primeira revista na Terra-616, seu amigo Ganke mostra o vídeo de uma blogueira tendo um faniquito ao ver que, durante uma das batalhas do novo Homem-Aranha contra um vilão, ele deixa uma parte de seu rosto amostra, por conta da máscara rasgada.

Miles fica bastante incomodado com a blogueira, que se mostra bastante animada com a ideia do novo herói ser alguém de cor - isso porque Miles não gostou da qualificação como "Homem-Aranha de cor". Porém, a cena faz uma pequena alegoria sobre algo que o público sempre clamou (com a blogueira totalmente animada com a diversidade) e como o herói (Miles) parece não se importar com isso.

Sendo o primeiro super-herói negro da Marvel, o Pantera Negra também precisou lidar com o preconceito e o racismo em algumas de suas histórias, principalmente nas suas primeiras aparições. E, na mais marcante dessas histórias, o Rei de Wakanda acaba enfrentando a Ku Klux Klan.

O arco foi apresentado a mais de quarenta anos atrás, e apresenta o herói encarando o grupo supremacista após visitar o estado da Geórgia com sua então namorada, Monica Lynne, durante a investigação da morte de sua irmã, Angela, sob a suspeita de que o grupo a assassinou e fez sua morte parecer um suicídio.

Apesar do período em que foi publicada, a trama acaba sendo tão atual quanto qualquer outra, principalmente considerando a grande manifestação que grupos fascistas e supremacistas, tal como a própria KKK, passaram a se manifestar publicamente com mais força.

Ainda quando era o Falcão, Sam Wilson já lidava com o preconceito de ser um herói negro, mas isso acabou alcançando outro patamar depois que ele assumiu o manto do Capitão América, após o soro do supersoldado em Steve Rogers se esgotar em seu corpo.

Várias HQs, tanto do próprio Capitão América quanto dos Vingadores, mostravam pessoas que não gostavam de Sam como o Sentinela da Liberdade - falas como "não é o meu Capitão América" ou "cadê o verdadeiro Capitão" eram bem comuns. Além disso, seus vilões e inimigos serviram como caricaturas conservadoras e racistas.

Um dos principais arcos de Sam Wilson como o Capitão América apresentou o Agente Americano como um adversário do herói, que não aceitava que Sam vestisse o manto de Steve Rogers. Mesmo que sem expôr como uma opinião do personagem, a trama faz do Agente Americano um "representante" dos fãs mais conservadores, que não aceitavam muito bem a ideia de haver um Capitão América negro.

Já em sua primeira aparição como Lanterna Verde, John Stewart não apenas mostra a Hal Jordan que ele era mais do que apto a ter um anel da Tropa dos Lanternas Verde, mas como ele mostra que é um homem de caráter. Nela, John Stewart recebe um anel da Tropa, e Hal Jordan acaba sendo encarregado de observar o novo recruta. Porém, a trama fica mais tensa quando um senador, pretendente ao cargo de presidente dos EUA, e considerado racista por John, se envolve na trama. E, durante um comício, um homem negro atira no senador, que acaba baleado.

John se recusou a ir atrás do atirador, enquanto Hal foi atrás dele. Porém, o homem tinha uma arma com balas de festim, e, ao mesmo tempo, John encontrou o verdadeiro atirador, o que revelou que o atentado havia sido forjado para trazer uma má impressão sobre os negros. Dessa forma, Hal, que desconfia da capacidade de John ao longo do capítulo, acaba pedindo desculpas ao recruta, que entende o engano e o perdoa. Apesar disso, a trama mostra que o racismo era um verdadeiro problema.

Vic Stone passou por muitas situações antes de se tornar o Ciborgue. Apesar de muitos desses momentos de preconceito com a sua cor não serem retratados nas HQs e em outras mídias, o herói mostra que ele já passou por tais situações, e que compreende quando isso ocorre com os outros.

Na série animada dos Jovens Titãs, Ciborgue tenta parabenizar Estelar, a chamando de troq. Porém, ela revela que essa palavra é bastante ofensiva em sua língua, pois ela significava que alguém não tinha valor - o Ciborgue se justifica dizendo que havia entendido o termo de maneira errada.

Porém, ele se demonstra bastante compreensível, pois ele entende como é ser chamado de algo que é bastante ofensivo, mas é forçado a manter a compostura para não mostrar que o opressor era certo sobre você. E quando Estelar pergunta se o Ciborgue sabe como é ser julgado pela sua aparência, ele apenas diz: "Claro que eu sei".

Luke Cage provavelmente é o herói que mais evoluiu com o passar do tempo. Tendo surgido da inspiração em filmes do gênero blaxpoitation, o personagem ganhou ainda mais destaque após integrar os Novos Vingadores no início dos anos 2000 e, claro, com a sua série na Netflix.

A ideia de se trabalhar em um super-herói negro, que defende o Harlem, com um grande elenco, composto por atores e atrizes negros, além de fazer uma enorme analogia crítica sobre um homem negro à prova de balas, principalmente considerando os inúmeros atentados com armas de fogo contra a população negra… Todos esses elementos fazem de Luke Cage um dos principais símbolos do movimento negro na ficção, além de ser uma maneira genial de se trabalhar a temática em uma trama de super-heróis.

Claro que, se for pra mencionar a série de Luke Cage na Netflix, não podemos deixar de falar sobre Misty Knight, que, provavelmente, é a personagem coadjuvante mais importante na série.

Tal como nos quadrinhos, Misty mostra-se como uma personagem confiante e decidida na série, mas, diferente das HQs, Luke Cage não deixa a personagem atuar na sombra do protagonista, tanto que chega a antagonizar o herói em alguns momentos-chave do show. Ao longo da série, Misty prova que o fato de ser mulher e negra não são obstáculos para ela, muito diferente disso.

Nas HQs, a heroína também passou a se destacar mais ao alcançar feitos sem estar sob as asas de heróis masculinos. Junto de Colleen Wing, ela fundou as Filhas do Dragão, fez parte de uma equipe totalmente feminina das Defensoras, e, mais recentemente, integrou um grupo com apenas super-heróis negros, chamado The Crew.

Como mulher e como negra, Tempestade é uma das figuras mais importantes e reconhecidas do Universo Marvel, tendo que provar que era muito mais do que uma mera integrante dos X-Men.

A personagem teve um de seus maiores destaques em 1986, quando ela disputou a liderança dos X-Men contra Ciclope, além de já ter sido casada com o Pantera Negra e ter sido venerada como uma deusa no Quênia. Tudo isso considerando que ela era uma ladra durante sua juventude no Cairo, até o momento em que ela é recrutada pelo Professor Xavier.

Não à toa, a personagem é um exemplo de representação para a comunidade negra que aprecia a cultura geek/nerd, bem como todos os outros heróis desta lista, somado com tantos outros que podem ser elencados.