Pode soar como um sacrilégio para muitos, mas nos filmes, Rony Weasley é um idiota. Não por conta da atuação de Rupert Grint, que captura tudo que amamos no melhor amigo de Harry Potter, mas por conta do roteiro dos sete filmes que preferiu colocá-lo apenas como um alívio cômico, tirando muito de sua sabedoria sobre o Mundo Bruxo.

Desde A Pedra Filosofal, várias falas e conversas entre Rony e os outros personagens da franquia foram alterados para que Hermione Granger se tornasse a pessoa mais inteligente da escola e soubesse tudo sobre os bruxos e seu modo de vida - e por mais que isso tenha feito nós amarmos a bruxinha e seus monólogos, infelizmente faz com que Rony seja apenas um bobalhão.

Muitos elementos presentes nos livros acabaram sendo removidos na hora de fazer os filmes, em parte para tornar o ritmo dessas produções mais palatável para o público em busca de aventura e ação. Infelizmente, isso significa que a maior parte da história de Alvo Dumbledore foi deixada de lado em As Relíquias da Morte: Parte 1.

Algo muito importante a respeito da origem do bruxo é a relação construída entre ele e Gerardo Grindelwald, que acabou resultando na trágica morte de Ariana Dumbledore, a irmã mais nova do diretor de Hogwarts. Isso até foi mencionado em Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore, o que alivia a ausência dessa subtrama na saga original.

Em Harry Potter e o Cálice de Fogo, somos convidados a testemunhar o lendário Torneio Tribruxo, a competição que reúne três escolas de magia, cada uma representada por um campeão. Aqui, conhecemos a Beauxbatons, famosa academia francesa de bruxaria, e Fleur Delacour acaba disputando no torneio ao ser selecionada pelo Cálice de Fogo.

A personagem tem um papel bem secundário nos livros, mas aqui podemos descobrir que ela é meio-humana e meio-veela. Na saga, Veela é o nome dado para uma criatura mágica que, com seu canto, consegue seduzir outras pessoas. Além disso ter sido excluído da narrativa, também não temos muitas informações sobre como ela se apaixonou por Gui Weasley.

Aliás, falando em O Cálice de Fogo, um dos grandes elementos tanto no livro quanto no filme é a presença de Bartô Crouch Jr., um fiel Comensal da Morte de Lord Voldemort que acaba se disfarçando como Olho-Tonto Moody e faz várias maquinações para que Harry Potter caia diretamente nas mãos de seu mestre.

No livro, o personagem tem uma história bem intrigante, sobretudo graças à relação que nutre com seu pai, Bartô Crouch Sr.. Lá, descobrimos que ele foi mandado para Azkaban após a primeira queda de Voldemort, mas acabou fugindo com a ajuda do pai. Além disso, é revelado a conexão que ele tinha com Belatriz Lestrange e sua participação na tortura dos pais de Neville Longbottom.

Facilmente um dos personagens mais queridos da franquia, Remo Lupin é apresentado em O Prisioneiro de Azkaban como o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Pouco a pouco, ele se mostra como um grande aliado de Harry Potter e descobrimos mais sobre sua relação com o pai de Harry e o seu maior segredo: ele é um lobisomem.

Nos filmes, Lupin só é uma figura realmente importante no terceiro filme, mas muito do que sabemos dele depois é totalmente removido das sequências. A sua história envolve Fenrir Greyback, que o transformou em lobisomem, e também o romance com Ninfadora Tonks, o que faz com que ele e Harry tenham um desentendimento que só é explicado quando descobrimos que Lupin teria um filho.

Por falar em Ninfadora Tonks, a personagem também ganhou um séquito de fãs, mas sua participação nos filmes é bem contida se compararmos com o seu papel nos livros. Ela é apresentada em A Ordem da Fênix e logo faz amizade com Harry Potter, além de mostrar seus dons de metamorfose. E depois, ela só retorna pontualmente até sua morte no penúltimo filme.

Nos livros, no entanto, ela acaba sendo bem desenvolvida no sexto, quando passa por uma grande transformação física e psicológica - que só depois nós descobrimos ser por conta de seu amor por Remo Lupin. No sétimo, ela não só tem um papel importante no resgate de Harry, como também é uma das mortes mais trágicas da Batalha de Hogwarts.

Apresentada desde o começo como uma megera cruel, Tia Petúnia é uma personagem fascinante na obra original, já que a cada livro descobrimos mais sobre seu passado e sobre a relação que tinha com Lílian Evans, passando da inveja ao desprezo e, por fim, um luto arrependido. Um belo exemplo está em A Ordem da Fênix, quando ela recebe um berrador misterioso.

Porém, nos filmes, a personagem interpretada por Fiona Shaw tem pouco desenvolvimento além da caricatura, e não fica muito claro o motivo pelo seu ódio por magia. Há até uma cena deletada de As Relíquias da Morte: Parte 1 onde ela tem uma conversa sincera e tocante com seu sobrinho, mas isso só está presente nos bônus de DVD e Blu-Ray do penúltimo filme.

Para muitos fãs, Gina Weasley é a definição de como uma má adaptação pode azedar uma personagem. Nos livros, ela começa como uma garota bem tímida, mas logo vai demonstrando um lado destemido e extrovertido, tanto que ela é a principal responsável por convidar tantas pessoas para se unirem à Armada de Dumbledore em A Ordem da Fênix.

Esse desenvolvimento faz com que o namoro entre ela e Harry Potter seja celebrado pelos leitores, já que ela "complementa" o personagem e mostra o seu lado mais tenro e experiente. Nos filmes, mesmo com Bonnie Wright se esforçando ao máximo, a personagem é sempre uma coadjuvante sem sal, e o romance entre ela e o Menino que Sobreviveu é totalmente sem química.

Dobby, o Elfo Doméstico é um dos personagens mais queridos dos fãs de Harry Potter desde que ele apareceu pela primeira vez em A Câmara Secreta, tentando fazer de tudo para que o menino não retornasse para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. No entanto, nos filmes, Dobby só volta para morrer em As Relíquias da Morte: Parte 1.

Nos livros, o personagem tem uma presença constante, retornando em O Cálice de Fogo e A Ordem da Fênix. Isso faz com que nutramos uma relação emocional com o elfo, o que torna sua morte ainda mais impactante. Infelizmente, os filmes ignoraram boa parte da história do personagem, e isso faz com que sua morte tenha um impacto apenas pela nostalgia.

Apresentado desde o primeiro filme como o inimigo mais terrível da vida de Harry Potter, o poderoso Lord Voldemort foi muito bem interpretado por Ralph Fiennes ao longo de cinco dos oito filmes da saga. Contudo, o personagem em si não tem tanto peso dramático por conta de toda a trama que foi cortada dos filmes, especialmente O Enigma do Príncipe.

Embora tenhamos um ou outro vislumbre do que motivou Tom Riddle a se tornar um bruxo das trevas, falta muito da história pregressa da Família Gaunt e de todo o ódio que Voldemort desenvolveu pelos Trouxas. Isso faz com que o personagem seja muito unidimensional e não tenha todas as camadas presentes nos livros.