Todos os filmes de Guillermo del Toro, do pior ao melhor
Todos os filmes de Guillermo del Toro, do pior ao melhor
Um dos maiores nomes da fantasia contemporânea!
Nascido e crescido em Guadalajara, no México, Guillermo del Toro sempre foi um artista nato e fascinado pela fantasia e pelas belezas macabras do mundo. O diretor tem um currículo invejável, tendo passado por grandes dramas políticos a filmes de super-heróis. Ainda assim, sua extensa filmografia gira em torno de um elemento em comum: o apreço pelos monstros e fantasmas.
Com dez filmes lançados até o momento – e mais dois em pré-produção, Del Toro já foi premiado pelo Oscar com seu lançamento mais recente, e é um diretor que angariou uma legião gigantesca de fãs, todos sempre muito dispostos a ver até onde o diretor pode ousar com sua criatividade e inventividade. Por isso, aqui nós vamos honrá-lo, elencando todos os filmes de Guillermo del Toro, do pior ao melhor!
Mutação (Mimic, 1997)
Abrindo esta lista, temos aqui um dos primeiros filmes da carreira de Del Toro (curiosamente, trata-se de sua primeira produção nos Estados Unidos e falado inteiramente em inglês). Mutação não chega a ser um filme ruim, mas é fácil entender porque ele "passa batido" em meio a tantas outras produções gloriosas.
No filme, um grupo de cientistas cria geneticamente um inseto para conterem a infestação de baratas em Manhattan. No entanto, esse experimento não sai como esperado e essa nova raça de insetos acaba se proliferando e desenvolvendo novas mutações. O longa é, possivelmente, o trabalho mais "criticado" do diretor.
Apesar de ter boas cenas e uma premissa interessante, Mutação sofre com uma narrativa embolada e um pouco lenta. Apesar disso, para os fãs de Del Toro, é uma ótima forma de entender como o diretor chegou ao nível que é conhecido atualmente - uma prova disso é o apelo visual do longa-metragem.
A Colina Escarlate (Crimson Peak, 2015)
Lançado em 2015, A Colina Escarlate foi alvo de muita espera e ansiedade por parte dos fãs do cineasta mexicano. O filme traz em seu elenco nomes como Tom Hiddleston e Jessica Chastain, o que aumentou o interesse do público pela história de fantasmas gótica e atmosférica, como prometiam os trailers.
O resultado final é bem... controverso. Há quem ame e há quem odeie o filme, por uma série de motivos. Apesar de contar com um estilo visual único e sensacional, o longa encontra problemas em sua narrativa lenta e mal-organizada, e a falta de química entre a protagonista Mia Wasikowska e seu par romântico, Hiddleston.
Por outro lado, para quem gosta de histórias de fantasmas como "alegoria" e se interessa no estilo do diretor, continua sendo um filme bem interessante de se analisar, especialmente devido aos seus elementos simbólicos e sua linguagem, que parece ter saído diretamente de romances vitorianos do século XIX.
Cronos (1993)
Um elemento bem presente na filmografia do diretor é a subversão de criaturas fantásticas e mitológicas muito bem conhecidas. No seu longa de estreia, ele mostrou que podia fazer isso com os vampiros. De modo geral, Cronos é um filme sobre as criaturas da noite - mas é um filme diferente de tudo que você já viu.
Aqui, Guillermo del Toro atrela a mitologia vampiresca a um artefato maldito escondido por vários séculos. Até mesmo a forma como ele trata o vampirismo no filme - seja a sede de sangue ou a pele pálida - traz motivações inovadoras e bem originais para um filme de horror desse tipo.
Claro que, sendo o seu primeiro longa-metragem, o filme não é tão refinado quanto várias obras que vieram posteriormente. Mas ainda assim, há quem considere o filme uma grande amostra do que o diretor mexicano traria ao mundo nos exemplares posteriores de sua filmografia.
Blade II (2002)
E vamos voltar aos vampiros: Del Toro é tão versátil que já chegou a dar uma passadinha na Marvel Comics. Em 2002, ele dirigiu Blade II, a sequência do filme de origem do Caçador de Vampiros. No longa, o cineasta apresenta uma nova classe de vampiros, e cria uma guerra de facções entre as criaturas da noite.
Visto pela maioria dos fãs como o melhor filme da trilogia Blade, o longa extrai o melhor da atuação de Wesley Snipes, e foi o primeiro filme a mostrar como o diretor tem um senso muito bom para cenas de ação, entregando boas coreografias e um belo uso de efeitos visuais, para a época.
O longa também recebeu elogios pela forma como trata os vampiros dentro de uma esfera social e política, algo que é uma constante no trabalho do cineasta, especialmente em seus filmes de dark fantasy (fantasia sombria), como os que ainda citaremos nesta lista.
Hellboy II: O Exército Dourado (Hellboy II: The Golden Army, 2008)
Ainda no campo dos super-heróis, é hora de falar do diabo mais querido do mundo. Lançado em 2008, Hellboy: O Exército Dourado é uma sequência direta ao primeiro filme do anti-herói criado por Mike Mignola e publicado em HQs da Dark Horse Comics.
O filme dá continuidade às aventuras do Filho do Inferno, dessa vez expandindo seu universo com a introdução de um reino fantástico habitado por fadas, elfos e até mesmo um anjo da morte. É uma continuação fascinante, que explora todas as qualidades de Del Toro como um diretor único em sua visão e estilo.
Em O Exército Dourado, vemos uma trama envolta no mito de um exército de soldados metálicos, comandados por um elfo perigoso. A partir daí, uma profecia indica o fim da trégua entre os humanos e um mundo místico. É uma pena que a ideia de um terceiro longa tenha sido enterrada pelo hediondo reboot do ano passado.
Hellboy (2004)
Por mais que o segundo filme expanda o universo e os conceitos da HQ de Mike Mignola, foi o primeiro que realmente virou um grande sucesso na carreira de Guillermo del Toro. Em 2004, o diretor lançou Hellboy, um filme de médio orçamento que adaptou muito bem o personagem da Dark Horse Comics.
Ainda que conte com alguns efeitos visuais mais "datados" aos olhos dos espectadores mais recentes, o filme de 2004 trabalha muito bem com seus personagens e faz uma boa história de origem e redenção com seu protagonista, destacando o excelente trabalho de atuação de Ron Perlman.
Contudo, o que realmente impressiona aqui são as caracterizações marcantes que Del Toro imprime aos personagens - em especial o Abe Sapien, vivido por Doug Jones. De muitas formas, o filme sabe mesclar o gênero dos super-heróis a uma bela trama de amadurecimento.
Círculo de Fogo (Pacific Rim, 2013)
A ideia de robôs enfrentando monstros gigantes é excelente para quadrinhos ou animações, mas pode facilmente cair no território do ridículo quando passado para os cinemas. Em Círculo de Fogo, Del Toro prova seu domínio enquanto diretor, criando um filme de ação sensacional e que explora bem esses embates colossais.
Na trama, o mundo é afetado pela chegada dos Kaijus, monstros gigantescos saídos de uma fenda localizada no fundo do Oceano Pacífico. Para enfrentá-los, a humanidade cria os Jaegers, gigantes mechas de aço que são comandados sempre por dois ou mais pilotos humanos.
Além de trazer efeitos especiais gloriosos (e ótimas atuações por parte de Charlie Hunnam, Rinko Kikuchi e Idris Elba), o longa conta com excelentes cenas de ação e um enredo genuinamente tocante e emocionante. Só fique longe da sequência Círculo de Fogo: A Revolta, de 2018 (que não é dirigida por Del Toro).
A Forma da Água (The Shape of Water, 2017)
De muitas formas, A Forma da Água se tornou um baita exemplo da carreira do diretor, principalmente por ser o primeiro filme de Guillermo del Toro a lhe render, simultaneamente, os Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor. É um romance dramático com elementos de horror e fantasia.
Na história, uma jovem faxineira muda é contratada para trabalhar em um prédio governamental, onde são conduzidos experimentos secretos. Lá, ela acaba encontrando uma criatura aquática batizada como o Homem-Anfíbio, e o ajuda a escapar de seus captores, formando uma forte ligação romântica.
O longa marca a sexta parceria entre Del Toro e Doug Jones, e trata-se de um filme impressionante, tanto por seu visual e sua ambientação nos anos 60, como também por sua narrativa intensa e um excelente uso de efeitos visuais, tanto práticos quanto digitais. É mais uma fantasia de alto escalão do cineasta.
A Espinha do Diabo (El Espinazo del Diablo, 2001)
Um dos primeiros filmes de Del Toro, A Espinha do Diabo é uma produção que surpreende até hoje, com sua história carregada de simbolismos e alegorias, explorando uma história de fantasmas em um contexto muito mais sombrio, aterrorizante e violento: o mundo real.
A trama usa elementos da Guerra Civil Espanhola - um tema que retornou em outro filme do diretor, que falaremos a seguir -, e fala sobre a vida em um orfanato assombrado por um fantasma bem peculiar. O destaque aqui vai para as atuações de Fernando Tielve, Eduardo Noriega e Junio Valverde.
Apesar de ter sido o terceiro longa-metragem de Guillermo del Toro, foi seu primeiro roteiro original (escrito antes mesmo de Cronos) a ser produzido. É um filme denso, sobre como a guerra impacta diretamente a vida de crianças e adolescentes. O filme teve uma recepção esmagadoramente positiva desde seu lançamento.
O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006)
Fechando com chave de ouro, não podemos esquecer que o melhor trabalho da carreira de Guillermo del Toro é, sem sombra de dúvidas, O Labirinto do Fauno, um filme de fantasia sombria que incorpora elementos históricos ao explorar a ditadura militar de Francisco Franco na Espanha, na década de 1940.
O filme segue a história da jovem Ofelia, uma menina inocente e sonhadora que precisa se mudar com sua mãe para a base militar de seu padrasto, o General Vidal. Enquanto os horrores da vida real se escancaram para a garota, ela recebe a visita do Fauno, que a encarrega de missões especiais.
O Labirinto do Fauno surpreendeu o mundo não apenas por seu uso de efeitos práticos e maquiagem para a criação de criaturas míticas, como também por sua forte história política e a transição de elementos cruéis do mundo real para uma história de fantasia. O longa foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2007.