O episódio começa já nos mostrando um pouco mais do passado de Eco (vivida por Alaqua Cox), que já havia aparecido rapidamente no primeiro episódio da série como a líder da Máfia dos Agasalhos. Furiosa e valente, ela tem uma história de origem um tanto quanto trágica, já que envolve a morte de seu pai.

O interessante, no entanto, é ver alguns dos elementos dos quadrinhos sendo incorporados à série - como o fato de que seu pai havia se misturado com pessoas ruins e criminosas, a surdez da heroína e uma capacidade de "copiar" o movimento de seus oponentes - nas HQs, seu maior poder é a memória eidética, que permite que ela copie movimentos e estilos de luta.

Além disso, o episódio é cheio de referências à iconografia clássica de Maya Lopez. Só para dar um exemplo, temos várias referências à marca da mão que ela costuma usar como "pintura de guerra" - e que se trata da marca que foi deixada por seu pai no leito de morte. Além disso, a tatuagem do pai (um círculo composto por vários triângulos) também aparece aqui e é incorporado na roupa de Maya. Ambos são símbolos clássicos da heroína nas HQs.

Aqui, temos outra referência bem interessante ao período em que Clint Barton atuou como Ronin no Universo Cinematográfico da Marvel. Certo dia, Eco volta para a base de operações da Máfia do Agasalho apenas para descobrir que vários de seus aliados - e seu pai - foram mortos pelo vigilante mascarado.

Nos quadrinhos, Eco é levada a crer (pelo Rei do Crime) que o responsável pela morte de seu pai foi o Demolidor - e ela começa como uma espécie de vilã, tentando se vingar pela perda de seu pai, mas depois se torna uma aliada de Matt Murdock e inclusive o ajuda a deter o Rei do Crime, que era o verdadeiro responsável pelo assassinato.

O mais curioso dessa cena é que, nos quadrinhos, a primeira personagem a usar o manto do Ronin é a própria Eco, e só depois Clint Barton adota o traje para se esconder durante a Guerra Civil dos super-humanos. Aqui, é bem interessante ver essa mudança de posição - e isso faz com que nós nos questionemos se, em algum momento, ela vai adotar o visual de Ronin...

Durante todo o episódio, fica muito claro que Eco não é a principal chefe da Máfia dos Agasalhos, por mais que ela lidere a equipe que prende o Gavião Arqueiro e a Gaviã Arqueira. Em vez disso, existe uma força bem maior por trás, que é descrita apenas como "o tio de Eco", que muitos temem - inclusive Kazi.

Em uma das cenas iniciais do episódio, podemos ver Maya Lopez, ainda criança, interagindo com esse "tio" durante uma aula de artes marciais. Não podemos ver exatamente o rosto do personagem, mas notamos que ele está com um terno todo preto. Isso levou a mais especulações de que o Rei do Crime estará na série.

Nos quadrinhos, Wilson Fisk é um criminoso de marca maior que começa a controlar o pai de Eco para que ele faça serviços indesejáveis para ele. Havia muitos rumores de que Vincent D'Onofrio reprisaria seu papel na série do Disney+, e esse pode ser um forte indício - ainda mais porque o terno preto é o visual mais reconhecido do personagem na primeira temporada de Demolidor, da Netflix.

O episódio nos mostra uma verdadeira quantidade absurda de flechas especiais do Gavião Arqueiro - muitas tiradas diretamente das HQs, como a flecha de ácido, a flecha de "cola" e até mesmo as flechas explosivas que já haviam aparecido em peso em outros filmes do Universo Cinematográfico da Marvel.

Mas a maior surpresa (literalmente) é guardada para o final, quando Kate Bishop dispara uma flecha comum em direção à Máfia dos Agasalhos e Clint Barton dispara uma flecha com Partículas Pym para deixar a flecha de Kate enorme. Isso faz com que eles consigam deter todos os inimigos de uma só vez.

Para quem não se lembra, as Partículas Pym são a principal tecnologia por trás do encolhimento do Homem-Formiga. Criadas por Hank Pym, elas são capazes de fazer qualquer pessoa encolher ou aumentar de tamanho - e é bem interessante ver um uso original dessa tecnologia nas mãos do Gavião Arqueiro, que já trabalhou ao lado de Scott Lang em Capitão América: Guerra Civil.

Enquanto conversam em um restaurante, Clint Barton e Kate Bishop trocam ideias sobre o que é ser um super-herói - e é aí que Kate acaba dizendo que o Gavião Arqueiro precisa se preocupar mais com sua autoimagem, para que possa se tornar um herói completo. No fim, ela acaba rabiscando sua ideia para um traje heroico do seu mentor.

O visual desenhado por Kate é muito similar ao traje original do Gavião Arqueiro nos quadrinhos da Marvel Comics - com direito a "asas" na cabeça e um "H" de Hawkeye bem no meio da testa. Essa é a primeira vez que o Universo Cinematográfico da Marvel reconhece o visual original do personagem.

No entanto, Clint dá uma série de motivos pelos quais ele não pode e não irá usar o traje clássico - entre eles, o fato de que precisa ser furtivo e ficaria bem ridículo em um traje todo roxo. Contudo, o motivo mais forte pelo qual Clint não se vê como um herói é o fato de não ser um exemplo - muito por conta de sua atividade como Ronin.

No fim do episódio, Kate Bishop e Clint Barton precisam se infiltrar na casa de Eleanor (a mãe de Kate) para conseguirem mais informações sobre a Máfia dos Agasalhos e sua conexão com Jack Duquesne. Entretanto, eles acabam sendo pegos em uma emboscada e o episódio termina com Jack, usando a espada do Ronin, atacando Clint.

Esse combate já era aguardado pelos fãs desde que o personagem surgiu na série. Nos quadrinhos, Jack (ou melhor Jacques) é o alter ego do Espadachim, um vigilante mascarado que treinou Clint para lutar bem, durante o tempo que o herói viveu no circo. Depois, Jacques se tornou um criminoso e enfrentou Barton várias vezes.

Curiosamente, nos quadrinhos, o personagem passa por uma grande redenção e acaba se tornando membro dos Vingadores - coisa que provavelmente não vai acontecer na série, já que o papel do personagem é cheio de mistérios e todos caminham em direção a um lado obscuro. Resta esperar pelo próximo episódio para ver o desenrolar desse conflito...