7 filmes icônicos que inspiraram Não! Não olhe! de Jordan Peele
7 filmes icônicos que inspiraram Não! Não olhe! de Jordan Peele
Dos clássicos de Steven Spielberg à O Mágico de Oz, confira as influências do novo filme de Jordan Peele!
Atenção: Alerta de Spoilers!
Depois de Corra! (2017) e Nós (2019), Jordan Peele se tornou um maiores nomes do horror moderno. Seus filmes costumam ser marcados por momentos macabros, boas doses de humor e muito simbolismo, pronto para serem destrinchados. Não é diferente com o mais recente Não! Não Olhe!, que também é repleto de referências à filmes clássicos, por se tratar de uma obra sobre cinema.
Quer entender de onde surgiu o novo filme de Jordan Peele? Então confira abaixo alguns filmes icônicos que inspiraram o diretor a fazer Não! Não Olhe!. A lista em si não revela momentos do longa, mas se você planeja assistir sem saber nada, algumas informações sensíveis podem ser reveladas, então fica o aviso de spoilers, ok?
Tubarão (1975)
Não! Não Olhe! é um filme inteiramente moldado pelo conceito de espetáculo, como bem indicado na passagem bíblica da abertura. Por conta disso, muitos do filme dessa lista foram espetáculos cinematográficos - popularmente conhecidos como blockbusters. O filme que literalmente criou o termo é a maior referência do longa.
Assim como em Tubarão, o clássico de Steven Spielberg, o longa é uma história sobre um animal aterrorizante agindo por instinto, e Peele também imita a decisão de não mostrar a criatura por grande parte da obra.
Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977)
Steven Spielberg é o mestre do blockbuster, e Jordan Peele faz uma homenagem ao seu cinema em Não! Não Olhe!. Além de usar a mesma estrutura de Tubarão, o diretor também faz diversas alusões à Contatos Imediatos de Terceiro Grau.
Nesse caso, a inspiração é mais óbvia, visto que o longa de 1977 é um épico sobre uma macabra invasão alienígena e pessoas comuns sendo atormentadas por discos voadores.
O Mágico de Oz (1939)
Pode não ser uma referência muito óbvia, mas essa vem direto de Jordan Peele em diversas entrevistas. Por mais que o cineasta não explique seus motivos, é possível deduzir que se dê pelo fato de que O Mágico de Oz é um dos primeiros espetáculos do cinema - ao mesmo tempo que é uma produção notoriamente marcada por caos nos bastidores.
É possível ver o paralelo temático com tudo que Não! Não Olhe! discute. Além disso, a personagem de Keke Palmer se chama Emerald, uma alusão direta à Emerald City - o nome original da elusiva Cidade de Esmeraldas da história original.
Se quiser uma referência um pouco mais óbvia, Jordan Peele faz alusão à cena em que Dorothy vê o furacão chegando em sua fazenda - só que aqui se trata da forma que o alienígena absorve suas vítimas.
Sinais (2004)
Além de Steven Spielberg, outra referência clara para Jordan Peele é o cinema de M. Night Shyamalan. É possível ver muitas características em comum entre os dois diretores, como a paixão por cinema de gênero e por criar obras genuinamente originais com pegada autoral.
Uma das principais influências para Não! Não Olhe! é o filme de alienígenas de Shyamalan: Sinais. O clássico de 2004 concilia uma invasão extraterrestre os dramas pessoais de um pastor em uma crise de fé. No caso do filme de Peele, seus personagens lidam com luto e relações conturbadas em meio à ameaça que vem dos céus.
A influência é ainda mais visível no fato de que ambos os filmes lidam com invasões alienígenas em fazendas isoladas do restante da civilização.
Um por Deus, Outro pelo Diabo (1972)
Uma das gratas surpresas de Não! Não Olhe! é como o filme se inspira no gênero de faroestes - e com razão, já que esse era o gênero das grandes produções Hollywoodianas antes do conceito de blockbuster moderno. Ao mesmo tempo, não era muito comum ver filmes do tipo estrelados por atores negros.
Um por Deus, Outro pelo Diabo é um faroestes que veio na onda do cinema negro da década de 70, popularmente conhecido como Blaxploitation. Esse filme dirigido e estrelado por Sidney Poitier acompanha duas figuras praticamente opostas tendo que se ajudar no impiedoso Velho Oeste, dinâmica que é repetida no novo longa através da relação entre OJ e sua irmã, Em.
Além de Jordan Peele citar o filme como influência em várias entrevistas, é possível ver um pôster de Um por Deus, Outro pelo Diabo pendurado em uma das paredes na casa dos Haywood.
Psicose (1960)
Jordan Peele é fanático por horror, e já foi frequentemente comparado com Alfred Hitchcock em seus filmes passados. Aqui, há dois acenos mais diretos para Psicose, o clássico absoluto de terror de 1960.
Em uma das melhores cenas do longa, em que a casa dos Haywood se vê no centro de uma tempestade de sangue (por assim dizer), as imagens externas do casarão na chuva trazem à mente o hotel de Norman Bates que abriga Marion Crane no clássico. Se essa inspiração parece forçada, basta ver quem Jordan Peele escalou para um papel secundário na produção.
Quando OJ visita um set de filmagem no início do filme, ele é instruído por um assistente de direção folgado. Esse personagem é vivido por ninguém menos que Osgood Perkins, diretor de filmes como Maria e João: Conto das Bruxas (2020) - e filho de Anthony Perkins, o ator de Norman Bates em Psicose.
A Chegada (2016)
Filmes de invasão alienígena já não são mais tão populares, mas Jordan Peele se inspirou em um dos maiores sucessos recentes do gênero - para desvirtuar um de seus momentos mais marcantes.
É possível ver paralelos entre Não! Não Olhe! e A Chegada pela forma humanitária que ambos tratam seus alienígenas incompreendidos. O diretor, porém, faz um aceno mais direto ao longa de Denis Villeneuve ao replicar o interior da nave extraterrestre - que, aqui, serve como o tubo digestivo da criatura.
Se em A Chegada a entrada na nave é um dos momentos mais marcantes, em Não! Não Olhe! é um dos mais grotescos e horripilantes.
Bônus: Akira e Neon Genesis Evangelion
Em referências mais superficiais, Jordan Peele brinca com dois clássicos dos animes. No caso de Akira, há um easter egg bastante óbvio quando Em dá a famosa deslizada de moto durante uma cena de fuga, já na reta final do longa. O momento pode ser entendido como uma brincadeira, já que Peele negou dirigir um remake live-action do clássico no passado.
Já a influência de Neon Genesis Evangelion é um grande spoiler. Eventualmente, fica claro que o disco voador não é exatamente uma nave, e sim um organismo por si só. Em alguns momentos, ele toma sua forma verdadeira, que se mostra claramente inspirada pelos Anjos grotescos da série clássica.
Bônus: As fotos de Eadweard Muybridge
Por não se tratar de um filme em si, vale colocar como uma menção honrosa, mas os experimentos de Eadweard Muybridge são fundamentais para a criação do cinema como um todo. O fotógrafo inglês estudou fortemente o conceito de movimento em imagens durante os anos de 1882 e 1893, período em que produziu uma série de fotos sequências que passavam a sensação de dinamismo quando exibidas em rápida sucessão.
Um desses experimentos, realizado em 1887, era de um jóquei negro saltando um obstáculo com seu cavalo. Na vida real, a identidade dessa figura segue desconhecida, mas Jordan Peele imagina toda uma história de vida em Não! Não Olhe! ao colocar seus protagonistas como descendentes diretos dessa pessoa, a quem o diretor batiza de Alistair E. Haywood.
A identidade pode ter sido criação do diretor, mas Jordan Peele não mentiu quando escreveu a cena em que Em afirma que o primeiro astro dos filmes, dublê e treinador de animais era um homem negro. Sem esse e muitos outros experimentos de Muybridge, não haveria cinema como hoje conhecemos.
Não! Não Olhe! chega aos cinemas em 25 de agosto.