Tido por muitos como o filme mais importante na consolidação do cinema de narrativa, Cidadão Kane é uma obra impressionante por seu alto nível e preciosismo, cortesia de um inspirado Orson Welles na direção. Ícone do drama, o filme explora os acontecimentos que antecederam a morte de um certo Charles Foster Kane, e o mistério acerca de suas últimas palavras.

Ainda que seja esse pináculo na história do cinema moderno, ninguém nunca se esforçou o bastante para fazer uma sequência ou um remake, em grande parte porque o produto original dispensa qualquer complemento. Porém, há mais de uma obra baseada na produção do filme, como Mank, filme de David Fincher que conta a história do roteirista do longa.

Steven Spielberg talvez seja o nome mais crucial para nossa formação de gosto por cinema. Suas obras encantaram multidões, e um belo exemplo é a adorável história de E.T.: O Extraterrestre, que fala sobre a improvável e arriscada amizade de um alienígena inocente com um grupo de crianças do Planeta Terra.

Ainda que seja responsável por inspirar uma legião de cineastas, com as suas influências sendo sentidas até hoje em obras como Stranger Things ou Super 8, o longa nunca teve uma sequência ou refilmagem. Parte disso vem do próprio Spielberg, que já disse que fazer uma continuação para E.T. não faria nada "além de roubar o original de sua pureza".

Em 1986, quando o cinema de fantasia estava explorando algumas das suas ideias mais malucas, um tal de John Carpenter entregou ao mundo uma divertida comédia de aventura, Os Aventureiros do Bairro Proibido, com Kurt Russell e Kim Cattrall no elenco. A trama segue um caminhoneiro que ajuda um amigo a resgatar sua noiva em Chinatown, São Francisco.

Ainda que o filme tenha sido um fracasso comercial em seu lançamento, Os Aventureiros do Bairro Proibido se tornou um clássico cult e é reverenciado por vários artistas até hoje. Um remake chegou a ser anunciado em 2015, e teria The Rock no papel principal, mas como nada saiu do papel até hoje, o original segue intocado.

Ainda nesse campo das aventuras divertidas dos anos 80, um clássico muito bem-quisto é A Princesa Prometida, de Rob Reiner. O enredo toma como base o livro homônimo de William Goldman e acompanha várias das aventuras de um espadachim que precisa resgatar sua amada princesa das garras de um príncipe odioso.

Ao longo dos anos, já houveram algumas tentativas de dar uma repaginada na história através de um remake, mas nada nunca foi para frente. Por um outro lado, o legado de A Princesa Prometida é tão grande que já fizeram peças musicais, jogos de videogame e até mesmo versões feitas por fã do original, mas nenhum estúdio teve coragem de mexer com a obra de Reiner.

No começo dos anos 90, um já estabelecido Tim Burton emprestava sua imaginação e conceitos visuais para o cineasta Henry Selick, que já tinha uma carreira na animação mas estava fazendo seu primeiro longa-metragem. Nascia assim O Estranho Mundo de Jack, tido pelos fãs como "o filme perfeito para assistir tanto no Halloween quanto no Natal".

A Disney distribuiu o filme e ficou encantada com sua recepção comercial e com a horda de fãs que foram criados pelas aventuras de Jack Esqueleto. O estúdio tentou pensar em ideias para produzir uma sequência, mas nada se concretizou até hoje - mas levando em conta o interesse da Disney em dar uma nova vida às suas propriedades intelectuais, é só uma questão de tempo.

John Carpenter volta para essa lista com um de seus filmes mais amados. À Beira da Loucura, de 1994, é amplamente baseado no horror cósmico de H.P. Lovecraft e serve como conclusão para uma "trilogia" composta por O Enigma de Outro Mundo, de 1982, e Príncipe das Sombras, de 1987 - mas a conexão é apenas temática, já que as histórias são independentes.

Ainda que outras obras de Carpenter já tenham ganho inúmeras sequências e remakes (basta pensar em Halloween ou no próprio O Enigma de Outro Mundo), À Beira da Loucura permanece como uma joia na coroa do diretor mas nunca recebeu o mesmo tratamento, e sua história se limitou apenas ao filme de 1994.

Muito antes de criar Os Incríveis ou contribuir na saga Missão: Impossível, Brad Bird estreava como diretor em 1999, com O Gigante de Ferro - a história de um garoto que conhece um robô alienígena gigante e, então, se torna amigo dele. Ambientado bem durante a Guerra Fria, o filme conta com um elenco de vozes estelar, encabeçado por Vin Diesel e Jennifer Aniston.

Por ter sido uma decepção financeira para a Warner Bros., a trama nunca foi revisitada em uma continuação. Apesar disso, vários filmes e séries animadas prestam homenagens a O Gigante de Ferro, o que inclui Jogador Nº 1, Mad, Space Jam: Um Novo Legado e muitos outros - o próprio Gigante é um personagem jogável no game de luta MultiVersus, por exemplo.

Dois irmãos, ambos agentes do FBI, são designados para o caso mais insano e arriscado de suas vidas. Eles precisam se disfarçar como duas patricinhas nos Hamptons, enquanto investigam um sequestrador em série. Não dá para negar, As Branquelas é uma das comédias que mais assistimos na vida, cortesia das inúmeras reprises na TV aberta.

Ainda assim, o projeto idealizado pelos Irmãos Wayans nunca recebeu um segundo filme - e um dos motivos por trás disso é que, apesar de ser amado e cultuado no Brasil até hoje, o filme não esbanjou do mesmo sucesso em seu país de origem. Porém, alguns envolvidos na produção e no elenco original já deram a entender que há negociações em andamento para uma continuação.

Escrito e dirigido por Michael Dougherty - e muito inspirado por um curta animado que ele mesmo fez em 1996 - Contos do Dia das Bruxas foi um clássico de locadora na época de seu lançamento, em 2007. O filme tem uma narrativa antológica e conta vários "causos" bizarros em um subúrbio norte-americano bem na noite do Halloween.

Dougherty sempre deixou claro o seu interesse em criar uma sequência para o original, tanto que existem negociações nos bastidores da Warner Bros. e da Legendary Pictures desde 2009. Infelizmente, nada se concretizou ainda, mas o diretor recentemente deu entrevistas dizendo que a possibilidade de um segundo filme está mais próxima do que nunca.

Os anos 2000 foram um período fervilhante para a Pixar, que desfrutava do poder criativo e dos recursos financeiros da Disney. Infelizmente, a década passada trouxe uma mudança nesse cenário, com o estúdio de animação se vendo cada vez mais refém de continuações e spin-offs desnecessários. No entanto, podemos agradecer por Wall-E ter escapado da maldição.

Dirigido por Andrew Stanton, o filme surpreende em sua abordagem mais ecológica e quase distópica, ao mesmo tempo em que nos oferece Wall-E e EVA, os dois adoráveis robôs com propósitos e histórias diferentes, mas que se apaixonam. Até hoje, não há sinais de que a Pixar planeje uma nova aventura nesse universo, mas nada parece ser impossível para a Disney.