O Oscar é uma premiação que acontece nos Estados Unidos desde 1929, e gira em torno de premiar grandes nomes da indústria cinematográfica com estatuetas de ouro. Na verdade, o prêmio se chama Academy Awards of Merit (ou Prêmio de Mérito da Academia), que mais tarde foi simplificado para Academy Awards.

Oscar, no caso, é o nome da estatueta. Diz a lenda que o nome surgiu graças à produtora e executiva Margaret Herrick, que falou que a estatueta do homem careca dourado, que segura uma espada, lembrava seu tio Oscar. O apelido do troféu pegou em Hollywood, se tornou oficial em 1939, e agora serve como nome da premiação em si.

O critério é que tenha sido exibido em algum cinema comercial de Los Angeles, nos Estados Unidos, por pelo menos uma semana, com um mínimo de três sessões por dia, entre 1º de janeiro de 31 de dezembro do ano anterior à premiação. É por isso, por exemplo, que a Netflix faz sessões nos cinemas de seus filmes. Quando a pandemia chegou em 2020 e as salas fecharam, a Academia flexibilizou levemente suas regras, passando a considerar filmes de streaming que tivessem exibição cinematográfica planejada para o futuro.

Filmes da categoria Melhor Filme Internacional são os únicos que não se encaixam na regra da exibição em Los Angeles. O processo dessa categoria é um pouco diferente: organizações específicas do audiovisual de cada país promovem um único título para tentar a vaga na lista de indicados. A categoria aceita apenas filmes feitos em maior parte fora dos Estados Unidos, com diálogo majoritariamente em outro idioma que não seja inglês, e que tenham sido exibidos nos cinemas de seus respectivos países até 30 de setembro do ano anterior à premiação.

No caso do Brasil, é o Ministério da Cultura que decide o representante brasileiro na premiação. De mais de 50 submissões, apenas quatro - O Pagador de Promessas (1963), O Quatrilho (1996), O Que É Isso, Companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999) - conseguiram vaga na categoria. Até hoje, nenhuma obra brasileira foi premiada com a estatueta de Melhor Filme Internacional.

Os indicados ao Oscar são escolhidos por membros de suas determinadas áreas. Isso significa que roteiristas que montam a lista de Melhor Roteiro/Melhor Roteiro Adaptado, diretores indicam os nomes para Melhor Direção, e assim por diante. Já a votação é “aberta” para todos os membros da Academia.

Não é qualquer um que pode se tornar parte da Academia, e há alguns diferentes processos de entrada. O primeiro é ser recomendado por dois membros. Já o segundo é um pouco mais simples: basta ser indicado em qualquer categoria. Nenhum dos dois garante entrada automática, apenas consideração em um processo seletivo que é avaliado por um comitê especial. Os escolhidos são convidados para integrar a Academia todo começo de ano.

Ao todo, o Oscar premia 24 categorias da produção cinematográfica. Dentre essas, cinco são consideradas as principais da noite: Melhor Ator/Atriz, Melhor Roteiro, Melhor Direção e Melhor Filme - sendo essa a mais prestigiada, que costuma encerrar a cerimônia. Em quase 100 anos, apenas três filmes conseguiram vencer em todas as cinco principais. Aconteceu Naquela Noite (1934), Um Estranho no Ninho (1975) e O Silêncio dos Inocentes (1991) voltaram para casa com todos os maiores troféus da premiação.

Os filmes que mais receberam indicações na história do Oscar são Ben-Hur (1959), que foi indicado em 12 das 15 categorias qualificáveis; Titanic (1997), em 14 das 17 categorias qualificáveis; e O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003), em 11 das das 17 categorias a que tinha direito. Todos os três venceram 11 estatuetas cada.

Por conta disso, O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei é até hoje o recordista da maior lavada da história do prêmio, tendo vencido em tudo que foi indicado. Suas 11 vitórias foram nas categorias de: Melhor Direção, Roteiro Adaptado, Direção de Arte, Maquiagem, Figurino, Edição, Trilha Sonora Original, Canção Original, Mixagem de Som, Efeitos Visuais e, claro, Melhor Filme.

Quando Senhor dos Anéis balançou o Oscar, foi ainda mais surpreendente pelo fato de que o era a conclusão de uma trilogia. Mas apenas uma franquia conseguiu ganhar o prêmio de Melhor Filme duas vezes: O Poderoso Chefão. A obra de Francis Ford Coppola se consagrou em 1973, e depois novamente com a sequência/prequel O Poderoso Chefão: Parte II, na cerimônia de 1975.

Além da dobradinha em Melhor Filme, Marlon Brando e Robert De Niro foram os primeiros atores a vencerem o prêmio de Melhor Ator pelo mesmo personagem, interpretando Don Vito Corleone em diferentes momentos da vida do mafioso. Um feito do tipo só viria a se repetir em 2020, quando Joaquin Phoenix venceu na categoria por interpretar o Coringa, assim como Heath Ledger em Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008).

Falando em atuação, Meryl Streep é a atriz mais indicada ao Oscar, com 21 indicações entre Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante, mas apenas três vitórias - uma de coadjuvante em Kramer vs. Kramer (1979), e duas de protagonista em A Escolha de Sofia (1983) e A Dama de Ferro (2012).

Até hoje, a maior vencedora da categoria de Melhor Atriz é Katharine Hepburn, com quatro estatuetas por Uma Manhã Gloriosa (1933), Adivinhe Quem Vem para Jantar (1967), O Leão no Inverno (1968) e Num Lago Dourado (1981).

Já no lado dos atores, Jack Nicholson é o ator com mais indicações, com 12 indicações nas categorias de Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante, e três vitórias - duas na categoria principal por Um Estranho no Ninho (1975) e Melhor É Impossível (1997); e uma de coadjuvante por Laços de Ternura (1983).

O maior vencedor, porém, é Daniel Day-Lewis, com três vitórias na categoria principal por Meu Pé Esquerdo (1989), Sangue Negro (2007) e Lincoln (2012). Vale lembrar também que Daniel Day-Lewis se aposentou em 2017, depois de estrelar Trama Fantasma, do diretor Paul Thomas Anderson.

O Oscar é sim a mais prestigiada premiação do cinema, mas nem sempre acerta. Um dos melhores exemplos disso é o fato de que Alfred Hitchcock, apesar de considerado um dos maiores diretores da história, nunca venceu um prêmio de Melhor Direção, apesar de ter sido indicado cinco vezes.

A premiação também não é exatamente a campeã quando se trata de diversidade. Em 94 edições, a categoria de Melhor Direção só teve sete mulheres entre suas indicadas: Lina Wertmüller (Pasqualino Sete Belezas), Jane Campion (O Piano, O Ataque dos Cães), Sofia Coppola (Encontros e Desencontros), Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror), Greta Gerwig (Lady Bird), Chloé Zhao (Nomadland) e Emerald Fennell (Bela Vingança).

Da lista, apenas duas diretoras - Kathryn Bigelow e Chloé Zhao - venceram na categoria em quase um século de premiação.

Nesse mesmo período, apenas seis diretores negros foram indicados em Melhor Direção: John SIngleton (Os Donos da Rua), Lee Daniels (Preciosa - Uma História de Esperança), Stece McQueen (12 Anos de Escravidão), Barry Jenkins (Moonlight), Jordan Peele (Corra!) e Spike Lee (Infiltrado na Klan). Nenhum deles venceu.

Quando se pensa em Melhor Animação, é comum lembrar das obras da Disney ou da Pixar, mas o primeiro vencedor da categoria foi ninguém menos que Shrek (2001). Na verdade, a categoria só surgiu para reconhecer o feito do filme da DreamWorks, a partir do Oscar de 2002, foi o primeiro vencedor da categoria Melhor Animação, que foi criada em 2002. Antes disso, o mais perto que uma animação havia chegado de ser reconhecida pelo prêmio foi quando Branca de Neve ganhou um Oscar honorário em 1938.

Mesmo assim, Walt Disney - o fundador da Walt Disney Company - é até hoje o homem mais premiado do Oscar, com 22 estatuetas por seus curtas e várias contribuições para o cinema. Ele também segura o recorde de mais vitórias consecutivas, tendo ganhado 10 prêmios no período de oito anos entre 1931 e 1939.

A cerimônia de premiação do Oscar 2022 acontece em 27 de março.

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