O Exorcista: 8 fatos que você provavelmente não sabia sobre o clássico do terror
O Exorcista: 8 fatos que você provavelmente não sabia sobre o clássico do terror
Que excelente dia para um exorcismo!
Completando cinquenta anos desde seu lançamento em 2023, O Exorcista permanece marcado na memória de muitos como o filme de terror mais horripilante da história do cinema. Com direção de William Friedkin e roteiro de William Peter Blatty (que, por sua vez, também foi o escritor do livro no qual o filme se baseia), o longa deu lugar a uma controversa franquia, que retorna neste ano com o já polêmico O Exorcista: O Devoto.
Contando a história da jovem Regan MacNeil, uma garota adolescente e saudável que, pouco a pouco, demonstra estar possuída por uma entidade demoníaca, o filme ganhou uma reputação que perdura até a atualidade. Assim, enquanto aguardamos pela sequência de legado do clássico, trouxemos aqui 8 fatos dos bastidores que você talvez não sabia sobre O Exorcista!
Baseado em fatos
Muitos filmes gostam de usar o letreiro de "baseado em fatos reais" para conquistar um senso de pavor ainda mais genuíno do público. Felizmente, O Exorcista não se escora nisso para construir sua reputação, mas muita gente não sabe que o livro que deu origem ao longa foi, na verdade, baseado em um suposto caso real de possessão demoníaca.
Publicado em 1971, o romance O Exorcista foi inspirado no caso de um adolescente com o pseudônimo Roland Doe, que teria passado por uma longa sessão de exorcismo em sua casa no Missouri, em 1941. Um livro sobre o caso real foi publicado e traduzido no Brasil pela DarkSide Books, com título Exorcismo: O caso real que inspirou o clássico O Exorcista.
A idade de Max Von Sydow
Embora muitos se lembrem da maquiagem de Regan MacNeil possuída em O Exorcista, o filme também traz outro astro do elenco escondido sob uma grossa camada de próteses e maquiagens. Trata-se de Max Von Sydow, ator sueco que interpretou o Padre Merrin. No filme, Merrin é um padre experiente e idoso, que estava na casa dos 70 ou 80 anos.
No entanto, Sydow tinha cerca de metade dessa idade. Na época que o filme foi gravado, o ator tinha apenas 44 anos, e passava cerca de quatro horas na cadeira do maquiador Dick Smith, apenas para criar o visual envelhecido. Para quem acha o nome familiar, Sydow interpretou o Corvo de Três Olhos em Game of Thrones, quando já tinha quase 90 anos.
O icônico vômito verde
Uma sequência marcada a ferro e fogo na cabeça dos fãs acontece quando a jovem Regan MacNeil - totalmente entregue à força de Pazuzu - fica cara a cara pela primeira vez com o Padre Karras (interpretado por Jason Miller). Na sequência, Regan vomita diretamente na cara do padre, atirando uma gosma verde para todos os lados.
Durante anos, muitos acreditaram que o vômito fosse feito de sopa de ervilha simples, mas de acordo com William Friedkin, tratava-se de mingau com a coloração da sopa de ervilha. Um detalhe inusitado é que, durante a filmagem da cena, o tubo que atiraria o líquido falhou, e acabou atingindo o rosto de Jason Miller - originalmente, só devia atingir seu peito. Isso o deixou enojado.
Voz macabra
Um dos pontos mais interessantes a respeito de O Exorcista reside em toda a transformação física e mental de Regan MacNeil ao longo de sua possessão. Um dos elementos que caracteriza isso é a voz da personagem, que perde seu tom inocente e angelical e se torna grave, ríspida e profere todo tipo de palavrões e perversidades.
Embora muitos achassem que a voz fosse feita pela própria Linda Blair, na verdade trata-se de uma dublagem feita pela atriz Mercedes McCambridge, que tinha cerca de 57 anos durante as gravações. De acordo com William Friedkin, a atriz engolia ovos crus, fumava carteiras inteiras de cigarro e bebia muito álcool para ficar com a voz grave que ouvimos no filme.
Pazuzu
A principal entidade do filme é Pazuzu, um demônio assírio dos ventos e que comanda legiões de espíritos. No entanto, um detalhe curioso é que seu nome nunca é mencionado no filme original, embora uma estátua recriando sua imagem apareça no prólogo e durante os últimos ritos do exorcismo. Ele só passou a ser citado nominalmente em Exorcista II: O Herege.
Outro detalhe interessante é que, em certos pontos do filme, é possível ver um breve flash mostrando o rosto do demônio. O que muitos não sabem é que a cena em questão fez parte dos testes descartados de maquiagem para o filme, e envolvia a atriz que seria dublê de Linda Blair nas sequências de possessão, Eileen Dietz.
Uma inspiração para o pôster clássico
O pôster do filme também recria uma de suas cenas mais icônicas, onde nós vemos o Padre Merrin (Max Von Sydow) parado diante da casa de Regan MacNeil. A luz vinda da janela do quarto de Regan ilumina o padre, deixando no ar um gosto de mau presságio e tragédia. Porém, para criar tal imagem, o designer do filme se inspirou em uma pintura clássica.
Bill Gold, designer gráfico que criou o cartaz oficial, alega ter se baseado na série de quadros Império da Luz, do surrealista belga René Magritte. As pinturas mostram a passagem natural da luz por um ambiente simples, e Gold tentou recriar esse senso de iluminação como parte de uma atmosfera sobrenatural.
Cena deletada?
Ainda que não conte com tantos jumpscares quanto filmes de horror mais contemporâneos, O Exorcista é bem lembrado por quão gráficas são as suas imagens. Um dos momentos mais arrepiantes do longa se dá quando a jovem Regan MacNeil desce as escadas de sua casa como uma aranha, e cospe sangue ao chegar ao fim do lance de degraus.
A cena, no entanto, não esteve presente na exibição original nos cinemas. O diretor William Friedkin notou que os cabos segurando a contorcionista no papel de Regan ficaram visíveis na sequência, e optou por removê-la do corte final. No entanto, anos depois a cena foi restaurada, os cabos foram removidos digitalmente e uma versão estendida do filme exibiu a cena.
Recomendado pelo Vaticano
Ainda que a Igreja Católica demonstre certa hostilidade quanto aos filmes de terror, O Exorcista foi recebido com entusiasmo pelo Vaticano, que até recomendou o longa por sua retratação de "fé, religião" e "valores católicos". O longa, por sua vez, acabou se tornando a base para diversos outros filmes que tentaram trabalhar com o tema da possessão demoníaca.
William Friedkin acabou sendo saudado por lideranças religiosas por ter trabalhado o tema com tanta sensibilidade e respeito, tanto que anos depois, teria sido convidado pelo próprio Vaticano para filmar um exorcismo real. O resultado disso vemos em seu documentário O Diabo e o Padre Amorth, lançado em 2017 e massacrado pela crítica especializada.