No final da nossa lista, está Kingo - o personagem vivido por Kumail Nanjiani, que é o mais extrovertido e expansivo membro dos Eternos. Como personagem, ele não é ruim. Pelo contrário, sua jornada é bem curiosa e interessante, rendendo questionamentos sobre suas crenças e alianças, ao mesmo tempo em que ele renuncia a violência contra seus amigos.

Por outro lado, o herói fica um pouco "forçado" na equipe, já que claramente está lá apenas para ser o alívio cômico ao lado de seu melhor amigo e servo, Karun. Seus poderes são interessantes e ele claramente vai ser um ótimo aliado no futuro da equipe no Universo Cinematográfico da Marvel, mas ao menos no primeiro filme, Kingo não nos impressionou.

Líder da equipe e conexão direta com os Celestiais, a destemida Ajak é uma personagem bem complexa, que infelizmente não teve tempo de tela o bastante para ser explorada. Ela é a única que sabe, desde o início, tudo o que os antigos deuses cósmicos querem com a Terra, mas pouco a pouco percebe tudo que há de bom no planeta e a delicadeza da humanidade.

Infelizmente, Ajak aparece apenas em flashbacks e isso faz com que sua jornada e seu arco seja deixado de lado na trama, mas é muito interessante ver uma figura heroica com tantos dilemas morais e cujos poderes não são ofensivos. Ela é brilhantemente interpretada por Salma Hayek, que dá à heroína mais camadas de complexidade e um lado genuinamente tocante.

O brutamontes da equipe, Gilgamesh nos surpreendeu com a doçura de suas ações e seu coração gigante. O herói, que é conhecido nos quadrinhos justamente por ser o "Esquecido" pelo tempo e pelas lendas, é o maior caso de um personagem que gostaríamos de ter visto mais no filme, por ser uma montanha de poder e de ternura.

Interpretado por Ma Dong-Seok, o Eterno é o fiel companheiro de Thena - que passa por maus bocados por conta de uma doença psicológica que só os Eternos desenvolvem. Ele se sacrifica pelo bem dela e mostra até onde nós podemos lutar pelo amor, o que no fim casa com toda a mensagem do filme e ainda quebra um pouco a superficialidade dos filmes de super-heróis.

Outro personagem movido por amor - ainda que em uma perspectiva bem diferente - é Phastos, e o interessante aqui é observar como ele começa descrente da humanidade e de como suas criações são usadas para fins bem brutais, mas depois de um tempo reencontra o apelo na espécie ao formar a sua própria família.

Phastos é vivido por Brian Tyree Henry e sua jornada é muito curiosa, até porque ele encontra uma forma de continuar vivendo sendo pacifista, ainda que seja conhecido como um criador de armas e de artefatos de destruição. Seus dons podem ser importantes para o futuro do MCU, mas um destaque é a forma como ele está disposto a enfrentar até antigos aliados.

Uma das figuras mais bem-adaptadas em relação ao material original é a jovial e ácida Duende, interpretada por Lia McHugh, que é a grande mascote da equipe. Embora tenha milhares de anos de idade, ela precisa se comportar como uma criança para seguir os desígnios sagrados propostos pelos Celestiais.

Isso faz com que ela sempre se sinta menosprezada por seus companheiros e nunca possa viver a vida plenamente, sempre preza no corpo de uma criança com complexo de Peter Pan. Tudo isso chega a um ápice emocional no final do filme, quando ela toma uma decisão controversa que a permite viver uma vida "normal".

Embora todos os personagens tenham momentos para brilhar, é inegável que a grande protagonista de Eternos é Sersi, a adorável heroína vivida por Gemma Chan. Firme em sua postura, ela usa sua emoção como sua força principal, ao mesmo tempo em que possui um dos poderes mais legais vistos no MCU: a transmutação de matéria.

Sersi nos surpreende por conciliar seu dever como Eterna com a paixão que nutre pelos seres humanos. É uma heroína que se importa com a vida, com a natureza e com as pessoas que desfrutam desse mundo, o que faz com que ela precise passar por dilemas morais e até enfrentar aqueles que ama para salvar o planeta.

Quando Druig foi anunciado em Eternos, muitos acharam que ele poderia ter um papel tão unidimensional quanto nos quadrinhos, onde é só um louco com delírios de grandeza que quer dominar o mundo graças aos seus poderes. Felizmente, o personagem se prova muito mais que isso e caiu no gosto dos fãs por sua personalidade.

Divertido e sagaz, ele acaba se desencantando com a missão dos Eternos e deixa a equipe em um momento dramático, mas aprende a reencontrar o seu amor pela Terra enquanto tenta retardar o nascimento de outro Celestial. Para torná-lo ainda melhor, temos uma bela dinâmica entre o personagem de Barry Keoghan e Makkari, o que só o torna mais envolvente.

Embora sua participação seja mínima comparada aos seus demais aliados, a veloz Makkari é uma das melhores adições ao Universo Cinematográfico da Marvel, justamente por mostrar como dá para fazer velocistas que são ao mesmo tempo poderosos e divertidos, sem precisar matá-los com um único filme (alô Mercúrio! Como vai, querido?)

Interpretada por Lauren Ridloff, a personagem cultiva um interesse muito peculiar pela cultura humana, e isso faz com que ela se isole enquanto passa anos esperando um novo chamado dos Celestiais. Mas na hora que deve retornar para a ação, ela se prova uma verdadeira força da natureza, sendo uma das únicas capazes de dar trabalho para o todo-poderoso Ikaris.

O mais poderoso dentre seus aliados, Ikaris é um importante líder para a equipe, sempre atrás de Ajak e cumprindo todos os propósitos designados pelos Celestiais. Contudo, o que torna o personagem bem mais complexo do que apenas uma "cópia do Superman" é a forma que seus ideais ficam corrompidos pelo fanatismo de suas crenças.

Ikaris funciona quase como o vilão primordial do filme, ainda que tenha um carinho pelos membros da equipe - ele precisa detê-los apenas para que os Celestiais tenham a chance de cumprir sua missão. A atuação de Richard Madden cumpre muito bem esse papel, e há uma profundidade inesperada nas comparações entre Ikaris e a lenda de Ícaro.

Em primeiro lugar da lista, temos ela - a maravilhosa Thena, interpretada por Angelina Jolie. Extremamente poderosa, a guerreira é capaz de criar armas com seus dons e sabe lutar de diversas formas possíveis, seja na defesa ou no ataque. Porém, todo seu poder é comprometido por um problema: ela sofre de Mahd Wy'ry, uma doença que só afeta os Eternos.

A atuação de Angelina vende muito o lado badass e guerreiro de Thena, e também seu lado mais vulnerável e assustado. Unindo essas duas metades, ela se torna uma personagem completa com muita força e uma disposição incrível para defender seus aliados. O destaque também vai para as cenas em que ela interage com outros Eternos, como Gilgamesh, Sersi e Ikaris.