Não há dúvidas de que a abertura do filme é um de seus melhores momentos, especialmente por ser muito surpreendente. Uma equipe da Força-Tarefa X é apresentada e já colocada em ação na ilha de Corto Maltese. Só que essa equipe praticamente inteira é morta já nos primeiros minutos, deixando o público com uma grande cara de “ué?” olhando para a tela.

Só depois é revelado como tal equipe foi formada, qual é a missão deles, e também que Amanda Waller tinha uma segunda equipe entrando pela ilha ao Norte, sendo que a primeira serviu apenas como uma distração.

No flashback em que tudo é explicado, há uma cena rápida de Viola Davis que merece ser citada aqui. Mostrando que não tem escrúpulos, a personagem ameaça a filha de Sanguinário para que ele finalmente aceite fazer parte da equipe. E quando ele a ameaça por isso, Davis simplesmente grita “stand down” (“abaixem as armas”), garantido que está com a situação sob controle.

Embora tenha alguns momentos cômicos no filme, Amanda Waller volta a mostrar que é uma personagem assustadora, capaz de tudo para esconder os segredos do governo americano e, segundo ela, “proteger o país”.

O Esquadrão Suicida dedica uma sequência muito especial para a Arlequina de Margot Robbie. O novo governo de Corto Maltese tem um grande ódio aos EUA e, por isso, admira muito as ações anárquicas de Harley no país. Quando a personagem é sequestrada, ela descobre todo esse amor do povo e também a admiração do Presidente General Silvio Luna (Juan Diego Botto), que passa um dia romântico com Arlequina e chega a pedi-la em casamento.

Não dá para negar que é muito interessante ver a personagem com um interesse amoroso diferente do Coringa, mas as coisas não dão muito certo: ao perceber que Luna pode ter alguns traços totalitários, Arlequina resolve terminar o relacionamento definitivamente: simplesmente matando Luna, afinal, ela prometeu a si mesma que prestaria atenção a sinais estranhos em suas novas relações.

Para entrar na fortaleza de Jotunheim, a Força-Tarefa X (o que restou dela) precisa encontrar O Pensador (Peter Capaldi), idealizador do Projeto Starfish (que eles precisam apagar do sistema). Tal personagem pode ser facilmente encontrado em um bar de Corto Maltese, então os anti-heróis vão para o local esperá-lo e, é claro, aproveitam o momento para tomar uma ou outra dose.

O resultado é uma cena com a Caça-Ratos 2, Homem das Bolinhas e mais dançando e se divertindo. Além disso, o espectador mais atento com certeza reparou que a sequência tem uma música nacional: “Quem tem Joga”, de Drik Barbosa, com a participação de Gloria Groove e Karol Conká.

Bom, já falamos lá em cima que as coisas não deram muito certo para a Arlequina. Após matar o presidente Luna, ela é torturada para revelar se há outros americanos em Corto Maltese. Sabendo disso, Rick Flag (Joel Kinnaman) desvia de sua missão principal para salvar a jovem, só que o filme faz melhor e cria uma sequência em que Harley salva a si mesma.

Ao perceber a distração de um guarda, ela o imobiliza, rouba suas chaves e mata todos que entram em seu caminho. A cena é cômica porque termina com a Arlequina salvando a si mesma, mas emocionada pelo esforço de Flag em ir atrás dela. Ah, e é aqui que a Arlequina vê flores e passarinhos ao invés de sangue ao lutar com seus oponentes, em uma cena visualmente deslumbrante.

Quando finalmente entra na fortaleza de Jotunheim, a Força-Tarefa X descobre que o local é palco de diversos experimentos grotescos com homens, mulheres e até crianças. Tudo isso começou quando astronautas americanos encontraram um alienígena em forma de estrela-do-mar e o trouxeram para a Terra, embora fosse claro que a criatura era extremamente perigosa. Os EUA queriam fazer experimentos, mas fora do país, para não ter um envolvimento direto caso algo desse errado.

A revelação mostra que Amanda Waller sabia de tudo e que o objetivo dela não era derrotar a criatura ou salvar a cidade, apenas apagar a participação dos EUA em tudo aquilo. Claro que os membros do Esquadrão Suicida não ficaram nada felizes com isso e Flag imediatamente decidiu que o conteúdo deveria ser divulgado para o mundo.

Quando Starro (a estrela-do-mar gigante) se liberta e começa a atacar a cidade, Amanda Waller afirma que a missão da Força-Tarefa X está completa, já que o HD com as informações sobre o governo foi recuperado. Em algumas cenas rápidas, James Gunn enfatiza a destruição de uma cidade muito pobre, com homens, mulheres e crianças completamente indefesos diante da grande ameaça.

O que restou da equipe começa a ir embora, mas o Sanguinário muda de ideia e volta, seguido por Nanaue (Tubarão-Rei), Arlequina, Caça-Ratos 2 e Homem das Bolinhas. Claro que Waller não fica nada feliz e ameaça detonar as bombas que estão nas nucas dos cinco, mas eles continuam, Waller é impedida de matá-los e, por um momento, eles se tornam verdadeiros heróis.

Não é todo filme que apresenta seu vilão como uma estrela-do-mar gigante: a chegada de Starro à capital de Corto Maltese é avassaladora e a sequência merece destaque pelos bons efeitos visuais e pela bizarrice de ver uma criatura tão inusitada causando uma destruição tão grande.

Vale notar ainda que, ao ser derrotado, Starro diz através das extensões de seu corpo que não pediu por nada daquilo, e estava feliz no espaço contemplando as estrelas - o que só acentua como a humanidade toma decisões erradas.

O clímax de O Esquadrão Suicida tem uma pergunta importante: como derrotar uma estrela-do-mar gigante? A Força-Tarefa X é cercada, perde mais membros (adeus, Homem das Bolinhas) e se vê sem saída quando a Caça-Ratos 2 (Daniela Melchior) fala uma das melhores frases da produção: “esta cidade não é sua, esta cidade não é nossa. Esta cidade é deles”, convocando em seguida um ENORME exército de ratos, que derrota Starro.

O momento também merece destaque pela participação da Arlequina, que “mergulha” no olho do vilão; pelo Sanguinário, que fica em pânico com a presença de tantos ratos, e pelo flashback da Caça-Ratos 2 ao lado de seu pai (interpretado por Taika Waititi), que fala sobre a humildade dos ratos e como eles são desprezados - mas ainda assim têm um propósito.

O Esquadrão Suicida conta com duas cenas pós-créditos, que desfazem duas mortes do filme. A primeira é do inigualável Doninha que, infelizmente, não teve a chance de brilhar neste filme, mas a expectativa é que ele volte em breve.

E a segunda mostra que o Pacificador (John Cena) também sobreviveu aos ferimentos de sua luta com Rick Flag e fica implícito que o personagem vai “salvar o mundo” em alguma aventura futura.