Lançado recentemente na Max, o documentário seriado Quiet on Set: O Lado Sombrio da TV Infantil causou muita polêmica ao revelar casos de abuso, racismo e sexismo nos bastidores de programas famosos da Nickelodeon, como Drake & Josh e O Show da Amanda.

Ao longo dos episódios, o documentário produzido pela Investigação Discovery trata das acusações contra o produtor Dan Schneider, famoso na indústria por ter impulsionado a carreira de atores como Amanda Bynes, Drake Bell e Miranda Cosgrove. Com relatos de atores, jornalistas e profissionais envolvidos com a emissora, a produção revela uma série de abusos mentais e físicos contra a equipe, com revelações perturbadoras envolvendo os astros infantojuvenis do canal.

Brooke Shields alcançou uma fama avassaladora quando era apenas uma criança. Iniciando sua carreira artística como modelo ainda na infância, a atriz se tornou o centro dos holofotes durante os anos 70 quando apareceu no filme Pretty Baby: Menina Bonita (1978), um acontecimento que transformou sua vida de diversas maneiras.

Isso porque Shields enfrentou a sexualização dos olhares de Hollywood de um jeito extremamente agressivo e violento (a atriz até chegou a filmar cenas de nudez quando tinha apenas 11 anos de idade). Tudo piorou ainda mais quando ela atingiu a adolescência e apareceu em filmes como A Lagoa Azul (1980) e Amor Sem Fim (1981), que a levaram a ser vista como um mero objeto nas mãos da indústria.

Entre relatos da atriz acerca das problemáticas que enfrentou ao ser constantemente sexualizada por Hollywood e a relação conflituosa com sua mãe, que também era sua empresária, Shields revela os bastidores de uma indústria que olha para mulheres como um objeto a ser explorado na frente das câmeras e as consequências disso.

Allen Contra Farrow é mais um documentário “pesado” sobre o que acontece por trás das câmeras de Hollywood. Lançado em 2021, a produção aborda as acusações de abuso sexual contra Woody Allen, diretor conhecido por filmes como Meia-Noite em Paris (2011) e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977).

Ao longo dos episódios, o documentário trata do casamento problemático entre Allen e a atriz Mia Farrow, mais lembrada por seu trabalho em O Bebê de Rosemary (1968). O matrimônio acabou de maneira bastante problemática, já que Allen acabou se casando novamente com Soon-Yi, filha adotiva de Farrow.

Além disso, a produção também fala sobre alegações de abuso sexual contra o diretor, acusado por sua filha adotiva Dylan Farrow por tê-la molestado quando ela era criança.

O caso Harvey Weinstein abalou as estruturas de Hollywood em 2017 depois que o produtor foi acusado por crimes sexuais. Mais de 80 mulheres fizeram denúncias contra um dos nomes mais poderosos da indústria, iniciando o movimento #MeToo nas redes sociais – uma campanha contra o assédio e a agressão sexual contra mulheres no ambiente de trabalho.

É justamente sobre esse ocorrido que o documentário Untouchable se debruça ao propor uma análise do caso. Com entrevistas reveladoras de profissionais do ramo, a produção mostra como Weinstein usou sua posição de prestígio em Hollywood para abusar de mulheres e ameaçar a carreira daquelas que não aceitavam suas condições.

Outro documentário sobre o lado sombrio de Hollywood é Girl 27. A produção parte do abuso sexual sofrido pela dançarina e figurante Patricia Douglas, que foi violentada em 1937 durante uma convenção do estúdio Metro-Goldwyn-Mayer, o famoso MGM, pelo agente de vendas David Ross. O caso acabou parando nos jornais e, como resposta, a empresa fez tudo que estava ao seu alcance para difamar Douglas e acobertar o crime.

O documentário também fala sobre os casos da cantora Eloise Spann, que foi abusada sexualmente por um executivo que trabalhava na MGM e que teve sua história acobertada pelo estúdio, e o da atriz Loretta Young, cuja filha adotiva era, na verdade, sua filha biológica com o ator Clark Gable. A atriz escondeu a gravidez para não afetar sua carreira e a de Gable, com medo de que a Twentieth Century Pictures, estúdio por trás do filme que ela estrelava ao lado do astro, interferisse em sua gestação.

Condenado por abusar sexualmente de uma adolescente de 13 anos, o diretor Roman Polanski, conhecido por O Bebê de Rosemary (1968), também foi alvo de um documentário que revela um lado perturbador de Hollywood. A produção traz detalhes do caso, que aconteceu em 1977 quando o cineasta drogava e violentava a garota.

Além de explorar o passado de Polanski como um sobrevivente do Holocausto e toda a tragédia envolvendo os assassinatos da Família Manson – que incluem a morte de Sharon Tate, atriz que foi casada com Polanski – o documentário também mostra como o diretor, após ser condenado pelo crime sexual cometido, fugiu para a França para não ser preso. Ele não pode retornar aos EUA desde então.

Para quem acompanha o cinema de pertinho, a história envolvendo os conturbados bastidores de Apocalypse Now (1979) já é bastante conhecida. O filme é um clássico do cinema de guerra do diretor Francis Ford Coppola, mas as tribulações enfrentadas pela equipe durante as longuíssimas filmagens não foram nem um pouco agradáveis.

É exatamente isso que o documentário Francis Ford Coppola: O Apocalipse de Um Cineasta aborda. Com imagens de Eleanor Coppola, a produção detalha o processo de gravações de um filme grandioso e financiado pelo próprio diretor que, a todo momento, parecia à beira de um colapso.

Aconteceu de tudo um pouco durante as filmagens de Apocalypse Now: enchentes, confiscação de helicópteros alugados para uma sequência do filme, um infarto de Martin Sheen, Marlon Brando fazendo chantagem para ganhar mais dinheiro, tufões, doenças e muito mais. Tudo parecia colaborar para que Coppola apenas desistisse da produção, já que o controle e o planejamento do filme tinham abandonado o diretor há muito tempo.

Who Needs Sleep? é mais um documentário sobre situações problemáticas que acontecem nos bastidores de produções hollywoodianas. Comandado pelo ativista e diretor de fotografia Haskell Wexler, o documentário faz um apanhado de práticas e condições de trabalho perigosas em sets de filmagens nos EUA.

Motivada pela morte do operador de câmera Brent Hershman em 1997, morto em um acidente de carro depois de passar cerca de 19 horas trabalhando no filme Pleasantville: A Vida em Preto e Branco (1998) – uma comédia com Reese Witherspoon e Tobey Maguire –, a produção mostra como o ocorrido fez com que Hollywood mudasse práticas abusivas de trabalho em sets de gravações, uma realidade problemática que colocava equipes de filmagens em condições inumanas e exploratórias ao ponto delas se tornarem riscos para a vida dos funcionários.

We Need to Talk About Cosby é um documentário que trata das acusações contra o ex-ator e comediante Bill Cosby, considerado por muitos anos um grande queridinho da televisão americana devido ao sucesso da sitcom The Cosby Show durante os anos 80. Sua reputação mudou quando mais de 60 mulheres o acusaram por assédio sexual, agressão, abuso sexual de menores e o uso de seu poder na indústria para silenciá-las.

As acusações variaram entre as décadas de 1960 e 2010, mas foi só em 2014 que as alegações contra Cosby começaram a ser investigadas com maior intensidade. O documentário aborda tais questões ao trazer um panorama da carreira do comediante, explorando como Hollywood fechou os olhos para o que acontecia por trás das câmeras.

An Open Secret é outro documentário sobre os bastidores sombrios de Hollywood que trata de abuso infantil. A produção conta a história de cinco ex-astros mirins que sofreram diferentes tipos de abuso quando trabalhavam na indústria cinematográfica.

Além disso, uma das figuras centrais do documentário é o empresário Marc Collins-Rector, fundador da Digital Entertainment Network que foi condenado por agressão sexual. O executivo era conhecido na indústria por suas festas luxuosas que atraiam jovens em busca de fama, e eram justamente esses adolescentes e essas crianças que sonhavam com o estrelato que se tornavam suas vítimas.